Pandemia

"É preciso ter medo da Covid", alerta médica infectologista

Conforme a médica, é necessário que as pessoas mudem seu comportamento com relação à Covid-19 neste momento em que o vírus sofreu mutações e a transmissão está em alta

Atualizada em 11/10/2022 às 12h17
Testagem é importante para saber se a pessoa está com o vírus; há contaminados que são assintomáticos
Testagem é importante para saber se a pessoa está com o vírus; há contaminados que são assintomáticos (teste )

São Luís - Nunca o comportamento da população foi tão determinante para o controle da pandemia da Covid-19 na Ilha de São Luís como no atual momento. Após quase um ano desde o primeiro caso oficial confirmado no Maranhão, o estado enfrenta uma fase delicada no combate à pandemia, com mais de 5 mil mortos, UTIs lotadas e a circulação da variante P.1 mais contagiosa e com maior carga viral.

“É preciso ter medo da Covid. Observamos que as pessoas relaxaram os cuidados e isto não é bom. Os hospitais se prepararam para a alta nos casos, mas há um limite de leitos, insumos e profissionais, tanto na rede particular quanto na pública. Sem a cooperação da população, a tendência é piorar nas próximas semanas”, alerta a infectologista Giselle Boumann, da Rede D’Or São Luiz, com atuação na rede pública estadual, nos hospitais Carlos Macieira e Nina Rodrigues.

O que fazer
Com a experiência de um ano na linha de frente de combate à pandemia, Giselle Boumann observa que - além dos cuidados básicos de higiene, uso de máscara e distanciamento - para diminuir a circulação do vírus e a taxa de contaminação, as pessoas que moram com alguém que esteja com sintomas, ou forem acompanhantes de um doente, devem evitar sair de casa. “A Covid é uma doença domiciliar, atinge todo mundo que convive no mesmo ambiente. Se alguém em casa está contaminado, a probabilidade é muito alta dos demais também estarem, mesmo que assintomáticos”, explica.

Testes e exames
A infectologista explica que há três opções de testes da Covid-19. Um que pode ser feito tardiamente é o sorológico. Este não informa se a pessoa está com o vírus naquele momento, mas se já foi infectada. “É importante que a população saiba disso. Há pessoas que estão com sintomas, fazem este teste e dá negativo. Porém, elas estão contaminadas”, alerta.

Os outros dois são o padrão ouro RT-PCR (feitos entre 3 e 7 dias de sintomas), que detecta o vírus, e o teste de antígeno. A médica Giselle Boumann ressalta, porém, que o mais importante para o tratamento são o estado clínico e a situação epidemiológica do paciente.

Medicamentos
Giselle Boumann esclarece que até hoje não há nenhum medicamento específico de combate à Covid-19, como vermífugos, hidroxicloroquina ou antibióticos. “Hoje sabe-se que 85% das pessoas ficam boas sem qualquer intervenção médica, enquanto 15% precisam de algum suporte, mesmo que tomem em casa vermífugos, antibióticos e cloroquina. E entre estes 15%, o uso de corticóides melhora a inflamação de pacientes internados, porém nem todos podem tomar. Então, é necessário o acompanhamento médico para a prescrição dos remédios e intervenções”, destaca.

"Hoje sabemos que tomar medicamentos para evitar ou tratar a Covid dá a falsa impressão de segurança. Recebemos pacientes em estado grave que estavam tomando vermífugos e antibióticos em casa", completa.

Próximas semanas
A médica ressalta ser necessário que as pessoas mudem seu comportamento com relação à Covid neste momento em que o vírus sofreu mutações e a transmissão está em alta novamente na Ilha de São Luís.

"As próximas semanas serão difíceis, com muitas pessoas adoecendo ao mesmo tempo. Ao longo de um ano vimos muita coisa ruim no dia a dia, com a Covid destruindo famílias. Os jovens também estão adoecendo e alguns evoluindo mal, nos mostrando que este vírus é letal não somente nos grupos de risco. Temos muita esperança com a vacina, mas ainda vai demorar para uma vacinação em massa, então todos têm de fazer a sua parte agora", reforça a infectologista.

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