Editorial

Avanço alarmante

Atualizada em 11/10/2022 às 12h17

É provável que com o aumento de casos da Covid-19 no Maranhão, a exemplo do que já ocorre em outros estados, o governo do Estado anuncie nesta semana medidas restritivas como forma de conter o avanço da doença. A pandemia do coronavírus tem mostrado avanço alarmante no número de mortes e internações, e há fortes indicações de estar novamente fora de controle no país. No Maranhão, já são mais de 5 mil óbitos. O que está acontecendo, sobretudo, é devido ao relaxamento das pessoas com prevenção e distanciamento social.

A situação chegou a tal ponto de gravidade que autoridades médicas já sugerem um lockdown total. Na semana passada, o médico e cientista Miguel Nicolelis sugeriu a criação de um comitê de governadores sem a participação do Ministério da Saúde, além da criação de um lockdown nacional por 21 dias. Essa proposta, segundo ele, é de um mundo ideal. Alguns países fizeram o lockdown e reduziram a transmissão, mas depois tiveram que voltar a algum nível de atividade e a transmissão do vírus voltou a ocorrer.

O alto número de novos casos confirmados diariamente e a situação crítica na oferta de UTIs têm levado governadores e prefeitos a adotar medidas mais duras, como ocorreu no início da pandemia, em março do ano passado. Com mais de 255 mil mortes registradas e chegando a 11 milhões de pessoas contaminadas no Brasil, segundo o balanço divulgado no domingo, 28, pelo consórcio dos veículos de imprensa, toques de recolher e suspensão de atividades não essenciais têm sido adotados em todo o país.

Ontem, 1º de março, o presidente do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, Sidney Klajner, disse: “Eu tenho muito medo do que vai acontecer nas próximas duas semanas”. A afirmação, em tom de extrema preocupação, definiu a situação como uma “catástrofe”. “A gente está vendo a lotação das UTIs no país todo, o que é uma catástrofe. Nós estamos falando da situação de hoje relacionada à contaminação de duas semanas atrás. Eu tenho muito medo do que vai acontecer nas próximas duas semanas”.

Na prática, se o ritmo de contágio se mantiver, pode faltar leito para atender pacientes com uma simples apendicite, alerta Klajner. “O que a gente espera é um aumento a tal ponto que, de novo, o sistema de saúde tenha que fechar as portas para as doenças que não são Covid. O receio é o sistema de saúde colapsar e você ter apendicite em casa, ou um infarto, e não ter acesso à saúde”.

E em meio a pandemia, continua o choque entre governadores e o presidente Jair Bolsonaro, que nas redes sociais divulgou valores de repasses feitos pelo governo federal aos estados. Ao contrário do que publicou, 17 governadores reagiram e acusaram em nota o presidente de distorcer informações para atacar governos locais. Os governadores destacaram ainda que o Planalto deveria focar em políticas nacionais para conter aglomerações em momento crítico da pandemia de Covid-19 no país ao invés de adotar estratégia de confronto.

O presidente divulgou, domingo, 28, o valor dos repasses feitos pelo governo federal para cada estado. Os valores, entretanto, são em sua maioria repasses obrigatórios segundo a Constituição e não uma decisão política do Palácio do Planalto. Por sua vez, os governadores reagiram afirmando que “em meio a uma pandemia de proporção talvez inédita na história, agravada por uma contundente crise econômica e social, o Governo Federal parece priorizar a criação de confrontos, a construção de imagens maniqueístas e o enfraquecimento da cooperação federativa essencial aos interesses da população".

Não custa lembrar que a maior parte dos repasses é prevista pela Constituição e de caráter obrigatório. Os governadores lembraram, por exemplo, que boa parte dos impostos federais, como o Imposto de Renda, tem como destino obrigatório os estados e municípios, da mesma forma que impostos estaduais, como o ICMS e o IPVA, devem ir para os cofres dos municípios de um estado.

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