Artigo

Os aprendizados da pandemia de Covid-19

Atualizada em 11/10/2022 às 12h17

Se tudo o que vivemos nos traz algum ensinamento, podemos falar sobre os aprendizados que a pandemia de Covid-19 nos trouxe. O que esse momento completamente inesperado - e ainda não superado - nos fez refletir.

A correria da vida moderna nos coloca em modo automático de tal forma que até os momentos para questionar a nossa própria automação nos faltam. E, de repente, como em um passe de mágica, é o que temos de sobra. Pelo menos uma parte de nós. Não podemos esquecer daqueles que trabalharam mais do que nunca desde o início da pandemia de Covid-19. Entre eles, estão todos os profissionais de saúde, dentre os quais me incluo.

Lembro bem que, como qualquer outra pessoa, eu tinha planos e metas para 2020. Da noite para o dia, meus planos deixaram de fazer sentido e eu só pensava em como poderia ajudar os pacientes. Fiz parte da linha de frente de combate à Covid-19 logo no início. Temi pela minha própria vida, tive que sair de casa para proteger a minha família e, todos os dias, eu voltava para um quarto de hotel vazio, sem o aconchego que eu estava acostumado e me perguntando se seria esse o dia em que eu seria infectado. Mesmo tendo poucos momentos para refletir, fazendo plantões exaustivos, ainda assim era dominado pelo pensamento “o que será de nós?”.

Desde março, vimos pessoas se movimentando para acolher aos mais atingidos pela crise econômico-sanitária. Gente que foi às ruas para distribuir comida, máscaras, álcool, que doou seu tempo e pouco dinheiro que tinha para dividir com quem tinha menos ainda.

O tempo foi passando, o nosso psicológico foi sendo afetado cada vez mais e o questionamento continuou em mim: o que a pandemia nos fará levar para a vida? Nunca poderemos generalizar. Afinal, sabemos que, assim como muitos afloraram o seu lado humano e generoso, outros escancararam todo o seu individualismo e egoísmo.

Mas a questão é: sairemos dessa dando mais valor as coisas simples? Iremos rever o nosso estilo de vida? Trabalharemos menos e viveremos mais? Iremos nos conscientizar de que é preciso viver em harmonia com a natureza? Sairemos do modo automático para ir para o modo, pelo menos, semiautomático? Nós, humanos, conseguiremos ser mais humanos e presentes?

Sempre serei um otimista e esperançoso e, justamente por isso, acredito que seremos melhores. A conscientização individual pode não ser de todos, mas até aqueles que vivem egoisticamente, perceberão, em algum momento, que não serão capazes de viver sozinhos, sem o convívio com a sociedade e com a natureza. Que possamos ser melhores do que nunca imaginamos que pudéssemos ser!


Joel Nunes Júnior

Médico, secretário de Saúde de São Luís

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