Católicos

Campanha da Fraternidade 2021 critica ''negação da ciência'' no país

Ação católica aborda ainda a ''''cultura de violência'''' contra mulheres, negros, indígenas e LGBTIQ+; lançamento oficial ocorre acontece nesta quarta-feira, 17

Atualizada em 11/10/2022 às 12h17
Cartaz da Campanha da Fraternidade, com o tema "Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor"
Cartaz da Campanha da Fraternidade, com o tema "Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor" (Campanha da Fraternidade 2021)

Brasília - A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lança oficialmente nesta quarta-feira, 17, a Campanha da Fraternidade de 2021, com o tema "Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor". No texto-base que detalha a iniciativa, a CNBB faz críticas relacionadas aos seguintes temas: "Negação da ciência" durante a pandemia de Covid-19; Atuação do governo federal no combate ao coronavírus; Igrejas que não respeitaram o distanciamento social; A "cultura de violência" contra mulheres, negros, indígenas e pessoas LGBTIQ+.

A campanha da fraternidade é tradicionalmente realizada pela Igreja Católica em parceria com instituições cristãs desde a década de 1960. O texto-base é escrito por membros do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic) e passa pelo aval da direção-geral da CNBB.
“A CFE 2021 quer convidar os cristãos e pessoas de boa vontade a pensarem, avaliarem e identificarem caminhos para a superação das polarizações e das violências que marcam o mundo atual”, afirmou a CNBB em nota.

A confederação representa os bispos do país, e funciona como uma espécie de entidade de classe. A adesão à campanha não é obrigatória e depende de cada diocese.

O lançamento do tema ocorre sempre na quarta-feira de cinzas, quando tem início a Quaresma, período de 40 dias que antecede a Páscoa. O assunto é difundido nas celebrações e programações da comunidade religiosa.

Sobre pessoas LGBTQI+

O texto da Campanha da Fraternidade de 2021 cita dados do Atlas da Violência 2020. Segundo a publicação, em 2018 "420 pessoas LGBTQI+ foram assassinadas, destas 164 eram pessoas trans".

“Estes homicídios são efeitos do discurso de ódio, do fundamentalismo religioso, de vozes contra o reconhecimento dos direitos das populações LGBTQI+ e de outros grupos perseguidos e vulneráveis", diz texto da Campanha da Fraternidade.

O documento contextualiza parte da história da relação entre a religião e a sociedade, fazendo um paralelo com o cenário atual. O texto cita que, no Império Romano, "como estratégia militar e de conquista para manter a falsa paz, utilizavam, por vezes, a religião como instrumento de manutenção da hierarquia social". Em seguida, cita que "esse sistema de segregação e descarte de pessoas consideradas empecilhos e inúteis permanece ainda hoje".

O material aponta ainda que a juventude negra, mulheres, povos tradicionais, imigrantes, grupos LGBTQI+, "por causa de preconceito e intolerância, são classificados como não cidadãos e, portanto, inimigos do sistema"."Jesus questionou essas estruturas de poder e desigualdade. As pessoas não poderiam ser descartadas e sofrer as consequências para a manutenção de um poder segregador", diz o documento.

Cobrança
A Campanha da Fraternidade ainda recomenda que a população cobre das autoridades respostas sobre casos de violência contra vulneráveis que têm responsáveis impunes. Entre eles, cita o desaparecimento de Davi Fiuza, de 16 anos, após uma abordagem policial, em Salvador (BA), em 2014.

A vereadora Marielle Franco executada em 2018 no Rio de Janeiro, e o líder indígena Paulo Paulino, assassinado no Maranhão, também são lembrados. "Provavelmente em sua região existem casos similares. Procure identificá-los", orienta o texto.

Igrejas e pandemia

O texto-base cita que "o governo brasileiro não adota políticas efetivas no combate à Covid-19”, e que a pandemia "dilacerou famílias e deixou espaços vazios na cultura nacional". Diz ainda que "algumas igrejas reivindicaram o direito de permanecerem abertas, realizando suas celebrações, apesar das aglomerações causarem contaminações e mortes".

"Surgiu a discussão sobre o que seria essencial no papel desempenhado pelas igrejas: o templo aberto e as celebrações numerosas ou o serviço ao próximo e à próxima?", questiona o documento.

Saiba Mais

Em São Luís

A Arquidiocese de São Luís realiza hoje, às 15h, em suas páginas no Instagram (@arquidiocesedesaoluis) e Facebook (@arquislma) a Coletiva de Imprensa de apresentação da Campanha da Fraternidade 2021. Participam da coletiva o arcebispo de São Luís, Dom José Belisário da Silva e o coordenador da equipe diocesana de campanhas, Delso de Jesus A campanha será lançada Fraternidade Ecumênica no próximo sábado,20, às 17h, no Santuário Nossa Senhora de Nazaré, no Cohatrac.

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