Desde a vinda do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), ao Maranhão, na semana passada, que números e mais números acabaram retirando de cena o que mais interessa para a sociedade: ações de combate à pandemia causada pela Covid-19.
Entraram em pauta valores exorbitantes transferidos do Governo Federal para o Maranhão em 2020. Nada se falou sobre o que se tem de recursos para manter o combate ao coronavírus em 2021, exatamente num momento em que os casos de contaminação pelo vírus somente crescem no estado.
O senador Roberto Rocha (PSDB), homem de frente de Bolsonaro no Senado e aqui no Maranhão, postou em suas redes sociais números que passam de R$ 1,5 bilhão direcionado para a saúde no ano passado.
O tucano tenta passar a ideia de que toda esta quantia veio para o governo estadual. Não é bem assim. A maior parte do recurso citado pelo senador (mais de R$1,1 bilhão) foi direcionada para as prefeituras dos municípios. Para o governo de Flávio Dino (PCdoB) vieram pouco mais de R$ 348 milhões.
Sobre o que ainda virá para o estado, nenhuma palavra. Os números, na verdade, servem unicamente neste momento para
desviar a atenção do assunto principal que é as ações de combate à Covid-19.
E o discurso de Bolsonaro e de Roberto Rocha somente ganha força porque por aqui o governo Dino nunca foi claro sobre o que
estava chegando do Governo Federal para o Maranhão. A omissão de antes tem reflexos ruim para formar uma narrativa
torta agora.
Reação
Tanto o presidente Bolsonaro quanto o senador Roberto Rocha questionam nas redes sociais para onde foram os recursos enviados
em 2020.
Em live na quinta-feira, 11, Bolsonaro citou nominalmente o secretário de Saúde do Maranhão, Carlos Lula, e ameaçou colocar a Polícia Federal para buscar o destino dos recursos.
Lula reagiu em artigo no fim de semana e também com um vídeo explicando os valores recebidos pelo governo maranhense.
Pouco falou
Sobre as acusações de Bolsonaro e Roberto Rocha, pouco o governador Flávio Dino falou a respeito.
Em entrevistas no fim de semana, o comunista fez críticas de sempre contra o presidente da República.
Falou também sobre as eleições de 2022 e considerou antecipados demais os anúncios de nomes que participarão da disputa do próximo ano.
Ofensiva
O prefeito de São Luís, Eduardo Braide (Podemos), reagiu à ofensiva de vereadores que fizeram vistoria surpresa no Socorrão II e no Hospital da Criança.
A vistoria foi feita pelo bloco Unidos por São Luís, que tinha reunidos 11 parlamentares e depois ficaram com 10, após a saída de Antônio Garcez.
Braide reuniu-se primeiro com 15 vereadores e depois com outros seis do bloco Todos por São Luís. Deste bloco, saiu o agora vice-líder da Prefeitura na Câmara, vereador Batista Matos (Patriota).
Maior oposição
Agora com 21 vereadores a seu favor - há quem diga no bloco Todos por São Luís que a postura é de independência -, Eduardo Braide consegue maioria na Câmara Municipal.
O bloco de oposição vem sendo organizado pelo vereador Astro de Ogum (PCdoB), que tem canal direto com o secretário de Cidades do governo estadual, Márcio Jerry (PCdoB).
Mas, mesmo tendo maioria, Braide é o prefeito com maior oposição já vista na Câmara de São Luís, pelo menos por enquanto.
Quem deve resolver
Será o secretário de Articulação Política de Flávio Dino, Rubens Júnior, que deverá encontrar saída para os acordos feitos com o PT para as eleições de 2020.
Por enquanto, o espaço que deveria ser dado aos petistas no governo Dino não foi cumprido pelo chefe do Executivo.
Rubens Júnior tenta convencer o PT a aceitar cargo de segundo escalão na gestão comunista, mas não conseguiu.
DE OLHO
R$ 348 milhões FOI O VALOR que o Governo Federal repassou, em 2020, para o governo do Maranhão na área da
Saúde.
Cobrança
Deixar com o secretário de Articulação Política a responsabilidade do cumprimento do acordo com o PT fere o que as direções nacionais petista e do PCdoB fecharam em 2020.
Pelo acordo, que passou por costuras das duas legendas em várias cidades do país, em São Luís o apoio do PT a Rubens Júnior estava condicionado à liberação de espaço na gestão estadual.
O próprio Flávio Dino participou das conversas. A direção nacional
do PT tem cobrado do comunista.
E MAIS
• Além de uma denúncia que resultou no afastamento do presidente da Câmara Municipal de Açailândia, o Ceará, o MP ingressou com uma Ação Civil Pública por improbidade administrativa relativa à posse da Mesa Diretora do Legislativo municipal.
• A ação tem como alvos os vereadores Josibeliano Farias, Bernadete Socorro de Oliveira Araújo, Maycon Marcelo de Oliveira, Davi Alexandre Sampaio Camargo e Adriano Andrade Silva.
•Também é alvo a procuradora da Câmara Municipal, Nadia Lice Carvalho Martins Silva Renovato.
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