Pleito

Catalunha realiza eleições regionais marcadas pela pandemia

Até mesmo as pessoas infectadas ou em quarentena poderão votar presencialmente: há um horário exclusivo para elas, entre 19h e 20h

Atualizada em 11/10/2022 às 12h17
Manifestantes abrem uma bandeira que representa os separatistas da Catalunha
Manifestantes abrem uma bandeira que representa os separatistas da Catalunha (Catalunha)

BARCELONA - A Catalunha, região da Espanha onde houve uma tentativa de secessão em 2017, terá eleições regionais neste domingo,14, com regras específicas para esse pleito, que ocorre durante a pandemia de Covid-19.

As autoridades regionais tentaram adiar a votação para maio, mas a Justiça impediu a mudança de data.

Até mesmo as pessoas infectadas ou em quarentena poderão votar presencialmente: há um horário exclusivo para elas, entre 19h e 20h. Os locais de votação abrirão as portas às 9h.

"Todos devem poder votar, ninguém fica fora da votação", afirmou Ismael Peña López, diretor de processos eleitorais do governo regional catalão.

Os mesários estarão protegidos com trajes completos, luvas e protetores faciais. Na Catalunha, eles são sorteados entre a população. De 82 mil convocados, quase 31 mil pediram para não comparecer.

Entre eles está Rodrigo Sánchez, funcionário de um banco de 53 anos e com a esposa em tratamento de câncer - incluindo uma sessão de quimioterapia três dias antes da votação. "Os médicos nos alertaram que não era uma boa ideia uma pessoa que convive com uma pessoa doente ficar exposta por tantas horas". O seu pedido de dispensa foi rejeitado, mas ele cogita desobedecer a ordem, apesar do risco de sanções.

O número de pedidos de dispensa aceitos não foi divulgado, mas as autoridades insistem que a eleição não representa perigo.

O governo regional afirma que adotou todas as medidas de saúde, como testes de antígenos e máscaras FFP2 para os funcionários, locais espaçosos e ventilados ou a céu aberto.

O local de votação "é realmente mais seguro que pegar o metrô ou seguir para o trabalho", disse Peña López.

Mais de 5,5 milhões de eleitores da região, de 7,8 milhões de habitantes, estão habilitados para votar neste domingo,14.

Questões políticas

Os políticos a favor da independência governam a Catalunha desde 2015.

Essa eleição é a quinta desde 2010. Ela foi convocada após a inabilitação judicial, em setembro de 2020, do ex-presidente regional Quim Torra, condenado por desobedecer a Junta Eleitoral.

O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, que está no poder desde 2018, tenta apaziguar a região onde houve tentativa de secessão de outubro de 2017 liderada pelo ex-presidente regional Carles Puigdemont, que fugiu para a Bélgica.

Com o objetivo de afastar os separatistas do governo regional, Sánchez apostou na candidatura de seu ex-ministro da Saúde Salvador Illa.

As pesquisas apontam que ele disputa a vitória com os grandes partidos separatistas, mas muito longe da maioria necessária para governar a região que tem um idioma próprio e ampla autonomia.

Apesar de suas divisões, os independentistas podem conservar ou aumentar a maioria absoluta que atualmente ostentam no Parlamento regional, com 70 deputados de 135.

A dúvida é qual partido separatista ficará na frente: Juntos por Catalunha (JxC), de Puigdemont, que defende a continuidade do confronto com Madri, ou seus aliados de governo do Esquerda Republicana (ERC), que moderou o discurso e apoia Sánchez no Congresso nacional.

Nas eleições de 2017, o ERC era favorito, mas terminou atrás do JxC, algo que pode voltar a acontecer agora.

"Uma derrota do ERC reforçaria aqueles que são contra a cooperação com o governo central", destaca Antonio Barroso, da consultoria Teneo.

Em um cenário muito fragmentado, o próximo governo dependerá das negociações pós-eleitorais, nas quais os independentistas se comprometeram a não fechar acordos com Salvador Illa.

"A formação do governo será complicada e não é possível descartar outra eleição. Mas os separatistas partem com melhores perspectivas porque os não separatistas dificilmente formarão uma frente unida", resume Barroso.

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