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"Todas as mulheres..." e a magia dos amores não-eternos

Adaptada do premiado filme dos anos 1960, série mostra que a obra de Domingos Oliveira é atemporal

Bruna Castelo Branco / Editora do Alternativo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h17
Série está disponível no GlobPlay
Série está disponível no GlobPlay (Todas as mulheres do mundo )

Quando vi a propaganda que anunciava a série “Todas as mulheres do mundo”, da obra de Domingos Oliveira eu também hesitei. Inspirada em um filme premiado dos anos 1960, cujo protagonista era um mulherengo nato, desinibido em um comportamento machista que hoje, apesar de ainda frequente, já é mais questionado quando analisamos em uma produção audiovisual. Pensei em como seria essa adaptação sem transformar a personagem do Paulo em um “esquerdomacho”, uma expressão popularizada na internet para definir homens que dizem compreender o feminismo, expressando-se em um discurso com um emaranhado confuso de conceitos (bem, mas isso é assunto para outro texto).

Mesmo com a hesitação inicial, fiquei curiosa com um elenco tão primoroso. Adoro o Emilio Dantas, o Matheus Nachtergaele, Martha Nowill, Sophie Charlotte, Fernanda Torres, aliando a isso uma trilha maravilhosa composta por vozes femininas. Enfim, cliquei no Globoplay e fui assistir. Primeira cena temos uma festa de natal, com um texto afiado com doses de humor, uma fotografia excelente e, claro, o Paulo, minha principal desconfiança, mas aí ele é o Emilio Dantas, né? Apesar de algumas frases lembrarem os homens desconstruídos que todo mundo conhece, a personagem é encantadora, meio atrapalhado, meio bobo, Dantas imprimiu um humor cotidiano que cativa quem assiste.

Mas eu tenho uma notícia: o Paulo é um detalhe, lamento informar que o texto da série não é sobre o “homem feministo” (Ainda bem!).

Aliás, nem a série, nem o filme é sobre ele e essa pista é dada no título. “Todas as mulheres do mundo” é uma série sobre mulheres, com diferentes facetas, complexas, com estilos diferentes, vivas, vibrantes e Paulo acaba assistindo como elas entram e saem da sua vida, sem pedir licença. Da musa Maria Alice (Sophie Charlotte) passando por Adriana (Samya Pascotto), Estela (Fernanda Torres), Elisa (Marina Provenzzano), Laura (Martha Nowill), Pâmela (Sara Antunes), são mulheres com anseios diferentes na vida e na forma como se relacionam afetivamente com alguém.

Não demorou nem metade do primeiro episódio para eu me arrumar no sofá e deixar todos entrarem na minha vida. Fiquei completamente envolvida com a série, com aquelas mulheres, com os amigos do Paulo, especialmente o Cabral (Matheus Nachtergaele) e o cachorro Oliveira. Queria ficar ali ouvindo o Cabral reclamar da vida, enquanto eu reclamo também...

E aquela trilha? Uma trilha que tem Marisa Monte, Elza Soares, Alcione, Céu, Cássia Eller, Rita Lee, escolhidas de acordo com o episódio que retrata uma das mulheres merece toda a atenção.

Em 12 episódios, Paulo observa, se encanta, se apaixona diversas vezes, mas no fim, assim com a gente, ele só assiste a pulsação e potência dessas mulheres. Ávidas por paixões, pela liberdade de viver com intensidade. Que honra a do Paulo ter a permissão de fazer parte disso!

A série e o filme estão disponíveis no Globoplay e a série exibida às terças-feiras na TV Globo, após o BBB21.

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