Nova Cepa

Epidemiologistas alertam população e pedem cuidados extras no MA

Em nota, pesquisadores responsáveis pelos inquéritos sorológicos destacaram a possibilidade da nova variante do coronavírus já circular no estado; resultados dos testes da nova cepa devem sair na próxima semana

Bárbara Lauria / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h17
Com a reaceleração  dos casos de Covid-19, os cuidados para não se contaminar devem ser redobrados
Com a reaceleração dos casos de Covid-19, os cuidados para não se contaminar devem ser redobrados (protocolos sanitários)

São Luís – Os 24 pesquisadores responsáveis pelos inquéritos sorológicos de prevalência da infecção pelo vírus SARS-CoV-2, composta de infectologistas, epidemiologistas e outros profissionais, emitiram uma nota alertando a população a respeito da reaceleração dos casos de Covid-19 no estado, na última terça-feira, 2. Em documento, além de destacar o alto número de novas contaminações, também é enfatizado a possibilidade de a nova variante do vírus já circular no estado.

“A atual situação é preocupante, pois foram detectadas mutações no coronavírus, gerando novas variantes, tais como a P.1., detectada inicialmente em Manaus. Evidências sugerem que essa variante consegue escapar da imunidade gerada pela primeira infecção. Apesar de mais de 40% da população maranhense já ter sido infectada pelo novo coronavírus e desenvolvido anticorpos contra ele, reinfecções estão sendo diagnosticadas”, foi ressaltado em nota

A nota também chamou atenção da taxa de ocupação dos leitos da região metropolitana de São Luís que passaram de 80%. De acordo com a última nota da Secretária de Estado da Saúde (SES), a ocupação dos leitos de UTI está em 85,59%, enquanto as de enfermaria estão em 51,35%.

“Nos dirigimos à população para alertar sobre a gravidade da situação. Vacinar em torno de 70% da população é fundamental para diminuir casos graves, hospitalizações e óbitos, mas ainda não há vacinas suficientes para se atingir essa meta. Mais do que nunca é necessário observar o distanciamento físico de 1,5 metro, usar máscaras, manter as mãos limpas e evitar aglomerações e ambientes fechados para diminuir a circulação do vírus”, concluíram.

Somente em dois dias (1º e 2 de fevereiro), de acordo com a SES, 710 novos casos já foram confirmados no Maranhão. Na última terça-feira (02), o estado também entrou para o alerta vermelho em relação ao crescimento de número de óbitos, segundo o consórcio de imprensa. Contudo, em suas redes sociais, o governador do Maranhão, Flávio Dino, afirmou que o estado possui a menor taxa de mortalidade do país. Somente nos dias 1º e 2 de fevereiro foram confirmadas mais 22 mortes causadas pelo vírus.

Nova cepa
Outra preocupação dos pesquisadores é a possibilidade da nova variante do vírus, que foi originada em Manaus, já estar sendo transmitida no Maranhão. De acordo com a nota, amostras foram coletadas e enviadas ao Instituto Evandro Chagas, em Belém, para analisar se a nova cepa já está mesmo presente no local.

“O Maranhão aguarda o resultado do sequenciamento de amostras de dezembro de 2020 e janeiro de 2021 enviadas pelo Lacenma ao Instituto Evandro Chagas para verificar se essa nova variante já está circulando no Estado. Não sabemos ainda se essa variante será capaz de reduzir a eficácia das vacinas atualmente em uso no Brasil (Oxford e Coronavac), pois ainda não há pesquisas a esse respeito. Entretanto, uma outra variante com a mesma mutação, identificada na África do Sul, reduziu a capacidade de proteção de duas outras vacinas”, foi destacado em nota. De acordo com o epidemiologista, Antônio Augusto, os resultados da análise devem ficar prontos na próxima semana.

A variante P.1 evoluiu a partir da linhagem B.1.1.28, que circulava como dominante no estado do Amazonas. A mutação foi identificada pela primeira vez por pesquisadores japoneses, que analisaram amostras coletadas de quatro viajantes que estiveram no Norte do Brasil. Autoridades japonesas comunicaram a descoberta ao Brasil, e, em 12 de janeiro, a Fiocruz Amazônia confirmou que a linhagem evoluiu no estado do Amazonas.

A nova variante P.1 do coronavírus SARS-CoV-2 foi encontrada por pesquisadores em 91% das amostras que tiveram seu código genético sequenciado em janeiro no estado do Amazonas.

De acordo com Antônio Augusto, um dos principais riscos é a reinfecção daqueles que já tiveram Covid-19. “A nova variante chamada P.1. detectada em Manaus parece ser capaz de escapar da imunidade por uma infecção prévia. Ou seja, quem já teve Covid-19 pode ter novamente, o que aumenta a transmissão e a circulação do vírus. Como tivemos aceleração da transmissão aqui, pode ser que essa variante já tenha chegado no Maranhão. O material foi coletado para verificar isso. E há também uma possibilidade dessa variante diminuir o efeito protetor das vacinas”, explicou.

Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) informou que, até o momento, não há casos confirmados de novas variantes em circulação no estado do Maranhão. A SES ressaltou que realizou o envio de 20 amostras para investigação e análise no Instituto Evandro Chagas, laboratório referência, seguindo os critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde. Isto é, pacientes que viajaram para áreas de fronteiras evoluíram a óbito ou apresentam quadro sintomático da Covid-19, bem como os suspeitos de reinfecção com dois testes positivos de RT-PCR em intervalo igual ou superior a 90 dias. O laboratório tem até 60 dias para informar os resultados.

NÚMEROS

710 novos casos foram confirmados somente em dois dias (1º e 2 de fevereiro)
22 óbitos por covid foram confirmados, também, entre segunda (1º) e terça-feira (2)
85,59% dos leitos de UTI da Grande Ilha estão ocupados
51,31% dos leitos de enfermaria da Grande Ilha estão ocupados

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