Nova direção

Rodrigo Pacheco é eleito novo presidente do Senado

Senador do DEM obteve 57 votos contra 21 de sua adversária, Simone Tebet (MDB-MS); ele, que teve apoio do presidente Bolsonaro e também de partidos da oposição, conduzirá a escolha dos demais membros da Mesa Diretora

Atualizada em 11/10/2022 às 12h17
Rodrigo Pacheco foi eleito presidente do Senado com 57 votos contra 21 obtidos por Simone Tebet
Rodrigo Pacheco foi eleito presidente do Senado com 57 votos contra 21 obtidos por Simone Tebet (Rodrigo Pacheco)

Brasília

O senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) foi eleito em primeiro turno ontem, em votação secreta, presidente do Senado e do Congresso Nacional pelos próximos dois anos.

Pacheco recebeu 57 votos e superou os 21 de Simone Tebet (MDB-MS), única outra candidata a permanecer na disputa até o fim. A candidatura contou com o apoio do presidente Jair Bolsonaro e de 10 partidos, entre os quais estão siglas de oposição, como o PT, a Rede e o PDT.

A eleição do senador do DEM é também uma vitória de Davi Alcolumbre (DEM-AP), agora ex-presidente do Senado. Alcolumbre atuou como principal cabo eleitoral de Pacheco desde dezembro do ano passado, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) barrou a possibilidade de reeleição nas Casas do Congresso.

Ao lado do colega de partido, Alcolumbre conseguiu reunir apoio suficiente para eleger o sucessor em uma única votação, sem necessidade de segundo turno. A segunda rodada de votação só aconteceria se nenhum dos candidatos conseguisse mais de 41 votos.

O ex-presidente do Senado negociou, inclusive, com o MDB, a maior bancada da Casa, hoje com 15 senadores, que abandonou a candidatura de Simone Tebet de olho em vagas na Mesa Diretora e no comando de comissões.

Desistência

Major Olimpio (PSL-SP), Jorge Kajuru (Cidadania-GO) e Lasier Martins (Pode-RS) também começaram a segunda-feira como candidatos ao posto, mas anunciaram a retirada da candidatura ao discursar em plenário, à tarde. Os três manifestaram apoio e voto para Simone Tebet.

O plenário do Senado é composto por 81 parlamentares, mas apenas 78 votaram. O senador Chico Rodrigues (DEM-RR) está licenciado do mandato e os senadores Jacques Wagner (PT-BA) e Jarbas Vasconcellos (MDB-PE) disseram se ausentar por motivos médicos.

Dos que compareceram, 13 votaram em urnas levadas à Chapelaria (uma das entradas do Congresso) e ao Salão Azul para evitar a aglomeração em meio à pandemia de Covid-19. Os outros 65 votaram em plenário.

Eleito presidente, Pacheco assumirá a tarefa de conduzir a eleição da nova Mesa Diretora do Senado. A votação definirá os ocupantes das cadeiras de primeiro e segundo vice-presidentes; e os quatro secretários e seus suplentes.

Além de participar das reuniões e decisões administrativas do Senado, os integrantes da Mesa Diretora têm uma série de atribuições e direito a indicar cargos para auxiliar nos seus trabalhos.

Análise

Rodrigo Pacheco chega ao cargo defendendo a agenda de reformas do governo, mas com a pandemia de Covid-19 travando a pauta. De acordo com parlamentares ouvidos pela reportagem, dificilmente algum projeto fora do tema da crise avançará enquanto o novo coronavírus avançar no país.

Como presidente do Senado, o senador do DEM será responsável por convocar a votação do Orçamento de 2021, que ainda está parada no Congresso. A proposta é decisiva para o governo do presidente Bolsonaro, pois define o tamanho da verba de cada ministério, e também para os congressistas, pois estabelece o destino das emendas parlamentares. O Centrão da Câmara pressiona pela instalação da Comissão Mista de Orçamento (CMO) para discutir o projeto.

Uma vitória de Pacheco, de acordo com técnicos e integrantes do Congresso, traz tranquilidade para o presidente Bolsonaro na análise do Orçamento. Um grupo adversário controlando essa pauta poderia pressionar o Executivo com projetos que aumentem gastos. O parlamentar demonstrou que não pretende entrar em colisão com o Executivo na administração das contas públicas e no destino do teto de gastos. A regra, porém, não pode ficar "intocada" na pressão social, afirmou ele antes da eleição.

Tripé

Na campanha para a presidência do Senado, Pacheco elegeu o tripé "saúde pública, crescimento econômico e desenvolvimento social" como projeto de gestão, ao qual chamou de "trinômio". A discussão sobre o plano de vacinação contra Covid-19 no País vai ser o primeiro item na agenda da Casa, de acordo o parlamentar, eleito para presidir o Congresso Nacional até o início de 2023.

Além do governo, Pacheco recebeu o apoio de partidos de oposição no Senado: PT, PDT e Rede. Essas legendas pressionam pela retomada do auxílio emergencial, pago durante a pandemia de Covid-19. Sem apresentar uma solução para uma nova rodada do benefício dentro do teto de gastos, o senador deixou a "batata quente" com o Executivo e colocou a definição sob a atribuição do presidente da República.

Para abrir espaço no teto de gastos, o governo defende a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) Emergencial A medida, porém, deve ser desidratada pelo Senado. De acordo com parlamentares, não há ambiente para corte de salário e jornada dos funcionários públicos - um dos itens previstos - ainda mais em meio à crise de Covid-19. O movimento pode reduzir o impacto fiscal da PEC.

O alinhamento de Pacheco com o Planalto, porém, não dará um ambiente de apoio incondicional ao governo. A agenda de privatizações é uma das incertezas. Em entrevista ao Broadcast Político durante a campanha, Rodrigo Pacheco fez questão de deixar a capitalização da Eletrobras fora das prioridades para o ano.

"A pandemia é o mote principal de enfrentamento. O foco agora haverá de ser a preservação da saúde pública, um programa social e o crescimento econômico a partir das reformas que sejam necessárias no sistema tributário, a administrativa, as privatizações, não essa da Eletrobras, mas de um modo geral diminuir o tamanho do Estado empresário", afirmou Pacheco, em entrevista à reportagem.

No campo político, Pacheco assume a presidência do Senado alinhado ao Planalto e com a expectativa de blindar o governo na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Fake News e no Conselho de Ética, onde o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) é alvo de uma representação. O senador do DEM sinalizou que só vai reativar esses colegiados após o retorno presencial dos trabalhos no Senado, ainda travado pela pandemia.

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No campo político, Pacheco assume a presidência do Senado alinhado ao Planalto e com a expectativa de blindar o governo na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Fake News e no Conselho de Ética, onde o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) é alvo de uma representação. O senador do DEM sinalizou que só vai reativar esses colegiados após o retorno presencial dos trabalhos no Senado, ainda travado pela pandemia.

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