Identidade

Quebrando preconceitos para assumir a identidade de gênero

Uma é professora de Inglês e a outra, jogadora de vôlei; ambas nasceram homens, mas decidiram assumir a sua verdadeira identidade

Evandro Júnior / Da equipe de O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h17
Yanna Rhamissy e Larissa Dominici
Yanna Rhamissy e Larissa Dominici (Yanna Rhamissy e Larissa Dominici )

São Luís - Muitas empresas têm se preocupado em preencher vagas com os mais diferentes perfis. No entanto, quando se trata dos trans, nem todas estão na prática empregando. Segundo a professora trans Yanna Rhamissy, que ministra aulas em um curso de idiomas em São Luís, há muito discurso, mas pouca coisa acontece na prática. “Principalmente quando se trata de educação. Ou seja, quando uma pessoa trans decide transmitir conhecimento, é tudo bem mais complicado, devido ao preconceito da sociedade”, afirma Yanna Rhamissy.

Yanna Rhamissy conta que muitos gestores de escolas chegaram a afirmar que ela poderia influenciar os estudantes a serem gays. “A gente não escolhe ser trans. Nós nascemos assim. Foi uma época bem difícil, pois queria exercer a minha profissão como professora, mas só consegui subempregos”, relembra Rhamissy.

O curso, Minds Idiomas, contratou Yanna e apoiou sua decisão de ser quem ela queria ser. Maquiagens foram liberadas e o crachá da empresa foi trocado para Yanna e não Paulo, como constava no RG. Conforme a presidente do Conselho Regional de Psicologia do Maranhão, Nelma Pereira da Silva, uma pessoa transexual é aquela que nasce biologicamente pertencente a um determinado sexo, mas se percebe e tem vivência psíquica de outro.

“Ou seja, o nosso corpo não é um limite para a nossa personalidade e o nosso órgão sexual faz parte de uma estrutura física e não mental. E apenas isso. Não altera a capacidade de realizar as atividades do dia a dia, de ser produtivo, e de ser quem a pessoa desejar”, diz Nelma Pereira.

Esporte

O Maranhão tem, também, transexuais em outros campos, como na área esportiva. É o caso de Larissa Dominici, da Seleção de Voleibol Maranhense. “Fui registrada como André. Não obstante, nunca me identifiquei com o gênero masculino”, afirma.

São Luís promove, há alguns anos, a Semana da Visibilidade Trans. Para além da esfera da Educação, conforme Larissa Dominici, às vésperas do Dia Nacional da Visibilidade Trans, uma igreja cristã de São Paulo ordenou a primeira reverenda trans da América Latina. Trata-se da pastora Alexya Salvador. “Ela integra a Igreja da Comunidade Metropolitana, uma congregação evangélica que é aberta a pessoas LGBT”, conta.

O Brasil é o país que mais mata transexuais no mundo. Foram 868 travestis e transexuais assassinados nos últimos oito anos, segundo a ONG Transgender Europe. O segundo colocado é o México, com 259 mortes, 1/3 das mortes do Brasil.

“A violência vem acompanhada da desinformação, da falta de empatia. Como uma rede de educação, temos o dever de passar aos alunos, funcionários e parceiros informações da diversidade e mais do que isso, conviver bem com as diferenças com respeito sempre”, finaliza Augusto Jimenez, psicólogo educacional da rede de educação Minds.

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