Corrida espacial

Previsão para lançamento do satélite do Maranhão na órbita é em 2022

Estimativa se baseia na série de possibilidades abertas de parcerias técnico-científicas entre a UFMA, o Governo Federal e centros de pesquisa internacionais; tendência é que o dispositivo seja lançado de Alcântara

Thiago Bastos / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h17
Programa específico que mostrará, em tempo real, imagens do satélite maranhense em órbita
Programa específico que mostrará, em tempo real, imagens do satélite maranhense em órbita

São Luís - A equipe de pesquisadores (entre professores e acadêmicos) da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) que faz parte da montagem e futura manutenção do satélite maranhense CubeSat Aldebaran I, idealizado pela equipe técnica da instituição de ensino superior prevê o lançamento do artefato no espaço até março do próximo ano.

A estimativa se baseia na série de possibilidades abertas de parcerias técnico-científicas entre a UFMA, o Governo Federal e centros de pesquisa internacionais. No entanto, a tendência é que o dispositivo seja lançado do Centro Espacial de Alcântara (CEA), cuja estrutura local é referência global.

Por enquanto, não há oficialização da parceria entre universidade e Centro Espacial, cujo foco de atuação mudou, após a assinatura do acordo de Salvaguardas Tecnológicas entre o governo brasileiro e o norte-americano, que prevê – dentre outras medidas – a proteção das patentes dos equipamentos usados para experimentos na estrutura.

De acordo com o doutor em Engenharia Aeronáutica e Mecânica, Carlos Brito, estão em andamento as tratativas com a Agência Espacial Brasileira (AEB). “Temos expectativa de conseguir um lançamento em Alcântara. Caberá o andamento das tratativas da AEB com as empresas especializadas, para que isso se realize, o que, até o momento, tem sido bem animador”, afirmou o doutor Carlos Brito.

Experimentos rentáveis
Além de ser útil para o desenvolvimento de novas tecnologias e inserção de conteúdo na logística aeroespacial, a montagem do CubeSat maranhense é considerada rentável e barata. Uma das possíveis utilizações do dispositivo, assim que estiver na órbita do planeta, será auxiliar na localização de embarcações na orla do estado, em especial da comunidade da Raposa, município que faz parte da Região Metropolitana de São Luís e que O Estado já mostrou a importância da atividade econômica da região.

Apesar do conhecimento das cartas de navegação, ainda existem registros de pescadores que se perderam no reingresso ao continente. Com a aprovação do satélite, na prática, os custos da estrutura de localização destes meios de transporte seriam reduzidos.

Em determinados países, por exemplo, um dispositivo de transmissão conectado com o satélite e uma embarcação pode ter custo superior a 250 dólares. Com o projeto maranhense, está em montagem em paralelo uma estação de rastreamento que poderá conectar-se com embarcações com valor estimado em pouco mais de 30 dólares.

“Estimamos uma considerável queda neste valor, ou seja, na manutenção e montagem dos equipamentos de monitoramento e localização geográfica caso os experimentos e a situação prática sejam exitosos”, disse Luís Cláudio de Oliveira Silva, do curso de Engenharia Aeroespacial da UFMA.

Monitoramento
Além do lançamento efetivo do satélite maranhense, a Universidade Federal do Maranhão (UFMA) está em montagem de uma estação para monitoramento e rastreamento do equipamento. O objetivo é receber, com eficácia e em tempo real as informações acerca dele.

Para isso, é preciso ter ciência das posições do satélite 24 horas por dia. Isso é possível para qualquer usuário, graças a um aplicativo, conectado ao banco de dados da UFMA que, de forma ativa, envia itens como localização, velocidade e outras informações.

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A identificação da posição aproximada do satélite também é feita com técnicas de identificação de sinais de transmissão de ondas de rádio amador. Alunos do curso de Engenharia Aeroespacial participam da elaboração desta estrutura.

Um deles é Antônio Cláudio, aluno do 5º período da instituição. Para isso, é necessário fazer cálculos manuais para prever mecanismos do satélite a partir das condições atmosféricas. “É preciso calcular os efeitos atmosféricos e, ao mesmo tempo, garantir que o satélite seja perceptível na superfície e, desta forma, a pesquisa tenha condições de catalisar e transformar os dados recebidos”, afirmou.

Dispositivo que funciona como rádio e auxilia na captação de sinais de satélite
Dispositivo que funciona como rádio e auxilia na captação de sinais de satélite

Constelação e alinhamento com Agência nacional
A ideia da Agência Espacial Brasileira (AEB) é incluir o projeto maranhense em sintonia técnica com os demais dispositivos e com o campo de dados catalogados desde 2014, quando o projeto pioneiro nacional de nanossatélite foi executado com sucesso, a partir dos experimentos de Santa Maria (RS). Em termos formais, o Maranhão faria parte da chamada “Constelação”, ou seja, denominação dos diferentes nanossatélites “Cube” nacionais e internacionais existentes na atmosfera.

No ano passado, pesquisadores da AEB em alinhamento com a Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e membros da bancada maranhense em Brasília discutiram perspectivas sobre o assunto. Mesmo com a diminuição na oferta de recursos, tendo em vista que valores estão sendo alocados pela União a setores diretamente ligados à pandemia do coronavírus, estima-se uma elevação no valor acordado para investimento na pesquisa e construção do satélite maranhense.

Atualmente, o grupo de trabalho conta com R$ 500 mil, previstos de forma preliminar no orçamento, a partir de envio de recursos do Governo Federal. “Recebemos meio milhão de reais por meio do Termo de Execução descentralizado assinado entre a direção da AEB [Agência Espacial Brasileira] e o reitor da UFMA, Natalino Salgado, que prontamente têm nos apoiado desde o começo da submissão deste projeto”, afirmou Carlos Brito, professor responsável pelo grupo que desenvolve o satélite maranhense.

O valor, a princípio, seria designado para a aquisição das peças (em sua grande maioria importadas) para a montagem do dispositivo, além dos custos para a implantação da estação de monitoramento. Experimentos vem sendo feitos para garantir, com eficácia, a implantação deste setor.

O Estado acompanhou um deles, realizado pelos responsáveis na montagem do satélite na quinta-feira (28) e foi feito em um ambiente interno no Centro Pedagógico Paulo Freire, campus Bacanga da UFMA. Outros testes semelhantes serão executados nas próximas semanas. A equipe de trabalho também cuida para a implantação do local exato na UFMA para a montagem do centro de monitoramento.

Vida útil
A estimativa dos pesquisadores locais é de um tempo de funcionamento máximo de dois anos do nanossatélite brasileiro. No entanto, apesar de ser pouco tempo – considerando o tempo gasto de pesquisa, montagem e outras etapas – estima-se que o ganho tecnológico e, principalmente, de pioneirismo compensam quaisquer perdas.

Em alguns países, as informações adquiridas pelos equipamentos auxiliam na construção de plataformas meteorológicas, para evolução das estimativas de futuros fenômenos que possam afetar o planeta.

SAIBA MAIS

Possíveis funções do nanossatélite maranhense

  • Promoção da chamada agricultura de precisão (fixação de plantações por exemplo obedecendo a condições naturais propícias)
  • Monitoramento de desastres naturais e embarcações
  • Planejamento urbano
  • Sensoriamento remoto
  • Vigilância de fronteiras
Fonte: Curso de Engenharia Aeroespacial da UFMA

Informações técnicas

  • Velocidade média: 27 mil km/h
  • Altitude entre 450 e 650 km (dependendo do lançador)
  • Medidas: 10 cm de altura por 10 cm de largura
  • Peso aproximado: 1,3 kg
Fonte: Curso de Engenharia Aeroespacial da UFMA

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