Dossiê

Associação aponta que 3 transexuais foram mortas no Maranhão em 2020

Sem dados oficiais, registros foram reunidos a partir de reportagens e relatos de organizações LGBTQIA+; no Brasil, o número foi de 175 pessoas trans assassinadas ano passado

Com informações do G1

- Atualizada em 11/10/2022 às 12h17
A maranhense, Natasha Nascimento, foi espancada por cinco pessoas em São Luís Gonzaga
A maranhense, Natasha Nascimento, foi espancada por cinco pessoas em São Luís Gonzaga (Natasha Nascimento)

São Luís – Em 2020, três transexuais maranhenses foram assassinadas no Brasil. O dado faz parte do dossiê anual divulgado pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais do Brasil (Antra), o estudo foi divulgado nesta sexta-feira, 29 de janeiro, dia da visibilidade trans. O Maranhão ocupa a 18° posição no ranking nacional de assassinatos.

Em todo o Brasil, foram 175 registros de pessoas transexuais assassinadas em 2020, dessa forma, o Brasil, pelo quinto ano consecutivo, continua com o 1° lugar no ranking de países que mais matam pessoas transexuais/ travestis.

Mais de 80% dos registros apresentaram requintes de crueldade, ou seja, a maioria das mortes ocorreu após uma sucessão de atos violentos, em sua absoluta maioria, com tiros e facadas como a causa principal dos homicídios.

Perfis

No ano passado, não foram registrados dados de assassinatos de homens trans no Brasil. Das vítimas que tinham entre 15 e 29 anos (56%), outras 28,4% tinham entre 30 e 39 anos; 7,3%, entre 40 e 49 anos, e 8,3%, entre 50 e 59 anos. Não foram encontrados casos de pessoas com mais de 60 anos. Não foi possível saber a idade de 66 vítimas.

Em 47% dos crimes, golpes e/ou tiros atingiram principalmente partes específicas do corpo como rosto/cabeça, seios e genital, já em 24%, os meios foram espancamento, apedrejamento, asfixia e/ou estrangulamento. Em 8% foram usados outros meios, como pauladas, degolamento e fogo.

Em quase metade dos crimes não havia informações sobre o suspeito. Dos 38 suspeitos foram identificados, a idade variava entre 16 e 60 anos; 46,5% eram homens, 4,5% mulheres (cis e trans).

Caso Natasha

Natasha Nascimento foi espancada por cinco pessoas enquanto passava pela BR-316, na altura de São Luís Gonzaga. Ela teve seis costelas quebradas, o maxilar deslocado e várias fraturas pelo corpo. A Polícia Civil investiga o caso.

Dois homens e três mulheres foram apontados como principais suspeitos de envolvimento com a agressão. A mãe de Natasha, Delsina Nascimento, relatou que a filha sempre enfrentou desafios por conta da orientação sexual e que temia pela segurança da família.

A Polícia Civil do Maranhão cumpriu seis mandados de busca e três mandados de prisão temporária dos suspeitos de participação na morte de Natasha Nascimento.

O dia da Visibilidade Trans

O Dia Nacional da Visibilidade Trans surgiu em 2004, após um ato político no movimento pela luta contra o ódio e preconceito de gênero. Um grupo formado por travestis, mulheres e homens transexuais foi ao Congresso Nacional exigir respeito e igualdade de oportunidades.

“Precisamos lembrar a vida física e social das nossas pessoas trans. Somos visíveis 365 dias do ano e quero que enxerguem esses corpos como participantes do processo social, no qual, pessoas trans não tenham que viver com medo”, afirma Nathália Vasconcelos, Representante da Rede Trans, em Brasília-DF.

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