Pandemia

Portugal suspende voos entre o país e o Brasil a partir de sexta-feira

Suspensão é válida entre 29 de janeiro e 14 de fevereiro. De acordo com o Ministério do Interior, piora da pandemia em Portugal e no mundo foi o motivo da proibição; estão permitidos apenas voos de repatriação e humanitários

Atualizada em 11/10/2022 às 12h17
Os voos entre o Brasil e Portugal estão suspensos a partir deste sexta-feira, 29
Os voos entre o Brasil e Portugal estão suspensos a partir deste sexta-feira, 29 (Voos Brasil/Portugal)

LISBOA - Portugal suspendeu, ontem,27, os voos entre o país e o Brasil a partir do dia 29 de janeiro e até o dia 14 de fevereiro. O Ministério do Interior português disse que a piora da pandemia no mundo e a detecção de novas variantes justificaram a decisão.

Estão permitidos apenas voos de repatriação e humanitários e, mesmo nesses casos, os viajantes precisarão exibir um resultado negativo de teste de Covid-19 que tenha sido feito 72 horas antes do embarque. Além disso, eles precisarão fazer quarentena de 14 dias ao chegar a Portugal.

O Ministério do Interior afirma que nos voos de caráter humanitário está liberado o embarque de cidadãos da União Europeia e do Espaço Schengen (grupo de 26 países europeus, sendo que alguns deles não são da União Europeia), desde que sigam os mesmos protocolos para poder ingressar no país.

As regras estabelecidas para o Brasil são iguais às que já vigaram para os voos entre Portugal e o Reino Unido.

Pandemia em Portugal

Desde o começo da pandemia, Portugal, com 10 milhões de habitantes, teve 669 mil casos positivos. Desses, quase 173 mil estão ativos. Nos hospitais, há mais de 6,6 mil pessoas internadas --783 estão em unidades de terapia intensiva.

O Parlamento deverá votar uma prorrogação de 15 dias do estado de emergência. Todas as medidas de confinamento devem ser sejam prolongadas.

Restrições de outros países

No dia 14 de janeiro, o Reino Unido barrou viajantes oriundos do Brasil, Portugal e de outros 14 países por conta de uma nova variante do coronavírus.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, já havia dito que o país buscava formas de se proteger de 'variante brasileira' do coronavírus.

Johnson se referiu a uma variante encontrada no estado do Amazonas e que foi registrada em viajantes que passaram pela região e retornaram ao Japão.

Os Estados Unidos mantiveram a proibição da entrada de viajantes vindos do Brasil, depois que o ex-presidente Donald Trump, no dia 18 de janeiro anunciou que iria suspender as restrições, com início em 26 de janeiro. No mesmo dia, a equipe de Joe Biden avisou que o novo presidente iria reverter a decisão --o que, de fato, aconteceu.

À beira do colapso

A médica gaúcha Nair Amaral, 52 anos, especialista em cirurgia geral, trabalha há quase três anos em Lisboa em hospitais do sistema público de saúde. Ela atua na linha de frente de atendimento a pacientes afetados pela Covid-19, em uma unidade de urgência respiratória. Portugal é o país que mais tem registrado novos casos da infecção viral por cada milhão habitantes e aquele que, em escala mundial, apresenta a maior taxa de contágios, segundo dados da Universidade de Oxford.

Os hospitais portugueses estão à beira do colapso. Por falta de leitos, o Ministério da Saúde já estuda a transferência de pacientes para o exterior. Na avaliação da especialista brasileira, a variante britânica do vírus, mais contagiosa, provocou esse "boom" das infecções em Portugal.

A médica brasileira Nair Amaral relata que já não conta mais o tempo de trabalho, em média 60 horas por semana. E quando volta para casa, não consegue dormir, pensando em seus pacientes. Em Lisboa e outras localidades do país, as ambulâncias formam longas filas nas entradas dos pronto-socorros até conseguir desembarcar os pacientes.

"Desde o início do mês, houve um aumento no número de doentes buscando os serviços de urgência, aumento no número de doentes graves, aumento de internados em enfermarias e em cuidados intensivos", relata. "Muito mais jovens positivos, mas não mais jovens saudáveis graves", detalha.

Segundo a médica, o que está ocorrendo neste inverno no hemisfério norte já era previsível e foi a "tempestade perfeita". "No inverno, os ambientes são menos arejados, as pessoas estão confinadas em casa, com portas e janelas fechadas; o ar dos lugares fica mais saturado e o vírus está com maior capacidade de contágio por causa da variante", afirma. "Este é meu terceiro inverno em Portugal e os outros também foram caóticos", recorda.

"Nós trabalhávamos no limite do limite, com várias urgências lotadas e situações críticas. Todo inverno temos doentes respiratórios em grande quantidade, muitas mortes por pneumonias e insuficiência respiratória grave, em geral idosos. Este grupo já era esperado para lotar as urgências. Somou-se a esse já conhecido grupo os doentes graves com covid-19", explica Nair Amaral.

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