Estado Maior

A culpa é do povo

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Atualizada em 11/10/2022 às 12h17

Não convenceu ninguém a declaração do secretário de Estado da Saúde, Carlos Lula, de que a alta do número de casos da Covid-19 no Maranhão tem como causa maior as festas privadas de fim de ano - reuniões de família na esmagadora maioria dos casos -, e não as grandes aglomerações vistas durante o período eleitoral (com um intervalo, diga-se de passagem, de menos de 30 dias).

Disse o titular da SES:

- A gente está sofrendo um impacto, ainda, das festas de final de ano. A grande contaminação se deu nas festas de final de ano, infelizmente, porque é um movimento que une toda a sociedade. A gente falava de eleição, disso, ou daquilo, mas é um número muito pequeno das pessoas que se envolve com esse tipo de atividade. No caso do Natal e do Ano Novo é algo que une todas as famílias, ou praticamente 100% das famílias.

Ninguém em sã consciência - e que não seja intimamente ligado ao Palácio dos Leões - acredita nisso, é claro.

Quem teve acesso ao mínimo de informação durante o período eleitoral viu o que ocorreu nas ruas num período praticamente ininterrupto de 27 de setembro até o dia 15 de novembro - estendendo-se até 29 de novembro nos casos em que houve 2º turno, como São Luís.

Desde as convenções, realizadas como megaeventos pelos candidatos, passando pelas carreatas, caminhadas, comícios e os tais bandeiraços, o Maranhão foi tomado por ondas de apoiadores dos concorrentes a cargos eletivos.

Foram dois meses com essa rotina.

Portanto, esse discurso, usado para eximir a classe política dessa responsabilidade, jogando toda a culpa no cidadão que “se aglomerou” com sua família num espaço de uma semana, não encontra guarida nos fatos, na realidade.

Soa muito mais como um forma de eximir a si próprio (e ao governo) por nada ter sido feito para conter as aglomerações eleitorais.


E as eleições?

Durante coletiva, o secretário Carlos Lula disse que as festas de fim de ano foram responsáveis pelo aumento de 47% na ocupação de leitos de UTI na Ilha e em Imperatriz.

Sobre a contribuição das eleições nesta elevação, o gestor disse que “um número pequeno de pessoas se envolve nisso” e portanto não teria relação.

O gestor desconsiderou, portanto, as grandes aglomerações vistas em eventos na capital e no interior. Alguns destes eventos inclusive com a participação do próprio.


Pode endurecer

Ainda em coletiva, o secretário Carlos Lula não descartou medidas “mais duras” para conter a circulação do coronavírus.

Nas entrelinhas, o gestor está se referindo a um possível “novo fechamento” da economia.

Segundo Lula, tudo dependerá da queda do crescimento dos casos e mortes nos próximos dias. “Não é um lockdown o que estamos fazendo”, disse.


Ironia

O ex-prefeito de São Luís, Tadeu Palácio, depois de ter recebido a primeira dose da vacina contra o coronavírus, anunciou em seu perfil em rede social a retomada de sua rotina.

- Indo à praia. Agora vacinado, voltei à minha rotina. Com medo do Covid-19 fiquei recluso e só tomava banho de cuia. No meu chuveiro tava escrito; Corona - Made In China (sic) -, postou.

Brincadeira desse tipo sobre a procedência do vírus já provocou forte crise em Brasília.


Explica aí

Apesar de anunciar a retomada da rotina - ainda que não esteja 100% imunizado, uma vez que isso depende da segunda dose -, Tadeu Palácio recomendou cuidados à população.

Disse que é necessário continuar com o uso de máscaras, higienização das mãos, manter distanciamento e evitar aglomerações, dentre outras coisas.

Tadeu só não explicou como conseguiu ter acesso à vacina, uma vez que, apesar de médico oftalmologista, não atua na linha de frente de combate ao coronavírus.

Reclamou

Interlocutores próximos à direção da Secretaria Municipal de Saúde (Semus) afirmam que o atual titular da pasta, Joel Nunes Júnior, não estaria satisfeito com a forma que o Município vem “sendo tratado” pelo Estado na distribuição das vacinas.

O gestor reclama, por exemplo, da falta de respostas sobre o recebimento das doses AstraZeneca, recebidos no domingo, 24.

Até ontem, ele não sabia nem quantas doses estariam disponíveis para a capital.


De olho

14,7 mil doses da vacina de Oxford/AstraZeneca foram destinadas pelo Governo do Maranhão ao Município de São Luís; o imunizante deve ser distribuído nesta semana.


Denúncias

O Ministério Público do Maranhão (MPMA) diz estar acompanhando o processo de vacinação contra o novo coronavírus em todo o estado.

Denúncias sobre pessoas que não são dos grupos prioritários e estariam recebendo a imunização, que surgiram em diversos estados, também estão sendo apuradas pelo MPMA.

De acordo com a Ouvidoria da instituição, diversos pedidos de informação a respeito do plano de vacinação foram recebidos desde a semana passada.

E mais

Os municípios de Godofredo Viana e São Roberto são os que receberão menos doses da vacina da Oxford/AstraZeneca: 23 para cada.

A bancada do Maranhão em Brasília encaminhou ofícios ao presidente do Banco do Brasil, André Brandão, e ao ministro da Economia, Paulo Guedes, contra o fechamento das agências em cidades maranhenses.

O presidente da Famem, Erlanio Xavier, está solicitando aos prefeitos que reforcem os atendimentos nas Unidades de Saúde para fazer frente à alta de casos da Covid-19 no estado.

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