Artigo

O ano da esperança

Atualizada em 11/10/2022 às 12h17

A expressão “esperança por dias melhores” sempre foi e será repetida ao longo do tempo. Uns a pronunciam pela fome, outros por ganho salarial, outros em busca de justiça, outros por acessos a educação, alguns pela doença e agora pela sobrevivência. Vivemos a expectativa pelo amanhã como nunca. A expectativa de um novo ano nunca teve tanto valor como agora.

A sobrevivência humana passa por nossas escolhas imediatas, mediadas e programadas a cada quatro anos com as eleições dos representantes públicos, com amostra social disponível. E qual nossa amostra? A escolha por exclusão, "menos pior", traz o suprassumo de um suco de limão mal feito. Azedo, amargo e inoportuno. O que acontece no Brasil é desanimador pra todos nós. Sem liderança, não há combate ao inimigo comum. Muita aparência e pouca ação efetiva. Palavras e expressões fora de contexto, incoerentes ao momento das perdas, lamentável. Não se trata apenas das expressões, mas o movimento deve ser concernente à necessidade de sua execução.

A asfixia do sistema de saúde já vem se estabelecendo há muito tempo em nosso país, e em outros também. O ápice da hipóxia na saúde teve como protagonista o Covid-19. A falta de oxigênio que vitimou pacientes em Manaus - AM, demonstra o egoísmo, a ganância, corrupção e o descontrole na aplicação dos recursos públicos, marcantes em nossa história.

A corrupção causa violência, fome e morte documentada pela falta de oxigênio nos aparelhos de ventilação mecânica em UTI. Cilindros de gás desviados, escondidos e comercializados com nome dos pacientes. Lamentável, mas previsível ao país que sediou copa, olimpíadas que permite farras e desvios de dinheiro público, enquanto a população morre sem acesso ou sem qualidade na assistência de saúde há muito tempo.

Politizamos e negligenciamos o vírus, no começo da pandemia, qualificando a infecção como "só uma gripezinha", enquanto não atingiam a própria família.

Uma enxurrada de notícias contraditórias, dispensáveis e com tratamentos, não comprovados, estimulando a especulação dos preços de medicamentos ou com a retórica de "Somente os vulneráveis morrerão", argumento fútil e covarde.

O papel de quem comanda ou gerencia é proteger a todos, principalmente os mais combalidos. Por enquanto, sou adulto jovem; um dia serei um idoso e quero viver em um lugar preparado para o envelhecimento, assim espero. Mas estamos em um contínuo de pouca reflexão. As ações e argumentos de quem comanda e/ou até mesmo de alguns profissionais de saúde, desincentivam as medidas preventivas, desvalorizam a pesquisa, minimizam a importância da vacina, que pode amenizar a repercussão da doença ou evitar mortes, associadas ao vírus, apelidado de chinês.

O vírus rompeu barreiras, ele é onipresente, porém vulnerável às medidas de educação, sanitárias e comportamentais.

A vacina já é uma realidade. Independente do ganho político por quem iniciou a vacinação em nosso território, a população é a maior beneficiada por sua distribuição em massa. A preocupação passa a ser a produção, a logística na distribuição, a credibilidade do uso da vacina pela população e a execução do planejamento dentro do calendário vacinal. Investir na ciência é fomentar a preservação da vida. Que sejamos honestos para assumirmos nosso papel como protetores e provedores de bem estar para nós mesmos e para nossos convivas.

O conhecimento liberta e é uma arma poderosa contra a ignorância. A vacina é direito de todos, e a sua aplicação, por enquanto, é dever do governo. O ganho das ações sanitárias, educativas e preventivas é para todos.

José Armando de Oliveira Filho

Médico e maratonista

@josearmandovascular

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