Opinião

80 anos de Mauro Fecury

Benedito Buzar

Atualizada em 11/10/2022 às 12h17
(Mauro Fecury)

Na metade dos anos 1950, quando o Maranhão era governado por Eugênio Barros e a prefeitura de São Luís sob o comando do prefeito nomeado, Eduardo Viana Pereira, uma família acreana trocou a cidade de Rio Branco pela capital maranhense.

Trata-se do casal Antônio Fecury e Araripina Alencar, ele, descendente de libaneses, ela, nascida no Ceará, que se faziam acompanhar dos filhos Dirce, Miguel e Mauro, ainda menores de idade.

Em São Luís, Antônio Fecury, com a larga experiência de comerciante, instalou vários negócios, destacando-se a compra de uma farmácia, localizada no Largo do Carmo, que mudou o nome de Fiquene para Fecury, tornando-se uma das preferidas da cidade.

Paralelamente às atividades empresariais, Antônio e Araripina voltaram também as vistas para a educação dos filhos, matriculados nos melhores estabelecimentos educacionais da capital maranhense.

O engenheiro Mauro

Mauro, o mais novo, nascido a 13 de janeiro de 1941, estava prestes a concluir o curso secundário, quando os pais o mandaram para o Rio de Janeiro, estudar engenharia civil, curso concluído em 1964, na Universidade Federal.

Formado, retorna à capital maranhense, para trabalhar profissionalmente e casar com a namorada Ana Lúcia Chaves, com a qual teve quatro filhos: Clóves, Luciana, Ana Elizabeth e Marcos, que já deram um elenco de bons netos aos avós.

Mauro e a vida pública

Ambicioso e astuto, depois de algumas iniciativas profissionais em São Luís, Mauro muda-se com a família para Brasília, onde as oportunidades para crescer como engenheiro eram bem mais amplas e promissoras, pois a capital da República pontificava como um canteiro de obras.

A princípio, dedica-se à iniciativa privada e ao setor da construção civil. Nos anos 1970, faz amizade com o senador José Sarney, que o aconselha, pelo seu espírito empreendedor, a trabalhar na vida pública, onde vários profissionais maranhenses prestavam serviços ao Governo de Brasília, pilotado por Elmo Serejo, que convida Mauro, face às referências de Sarney, para presidir a Novacap, sobressaindo-se pela competência e honestidade.

O ingresso na política

Com a exemplar atuação na Novacap, Mauro mostra interesse em retornar ao Maranhão, e, novamente, por interferência de Sarney, é indicado para o cargo de prefeito de São Luís, nos governos Luíz Rocha e João Castelo. A despeito das dificuldades financeiras, impõe-se como eficiente administrador, fato que o faz ingressar com entusiasmo na militância política, no exercício da qual se elege deputado estadual, deputado federal, deputado constituinte, suplente de senador e senador.

Assessor de Sarney

Pela atuação exemplar nos postos políticos, Mauro recebe convite do então presidente José Sarney para assessorá-lo no Palácio do Planalto.

Dessa convivência diária e fraternal, Sarney percebe que o assessor desejava voltar a São Luís e trocar o setor público pela iniciativa privada.

Sempre pensando no Maranhão, que contava com duas universidades públicas, Sarney achava que o Estado carecia de uma instituição privada de ensino superior, para suprir as necessidades nas áreas técnicas e prioritárias ao desenvolvimento.

Com esse sentimento, viu em Mauro o homem talhado para tocar o projeto de instalar em São Luís uma estrutura universitária particular.

Nascimento e crescimento do Ceuma

A impetuosidade e o vigor dos cinquenta anos, fizeram o engenheiro abraçar a ideia de Sarney e de imediatamente mover ações em Brasília no sentido de criar uma instituição voltada para cursos que a Ufma e a Uema não ofereciam à juventude maranhense.

Dessa forma, nasce o Ceuma - Centro Unificado do Maranhão, no dia 9 de abril de 1990, que funcionava provisoriamente no Colégio Meng. Dois anos depois, face ao arrojo do fundador, o Ceuma passa a funcionar em sede própria e modernas instalações no Renascença, impondo-se como instituição reconhecida nacionalmente e compromissada com a qualidade do ensino, a ponto do Ministério da Educação aprovar o projeto de transformá-lo em Centro Universitário do Maranhão e posteriormente conquistar o status de Universidade Ceuma.

O UniCeuma cresceu de modo tão vertiginoso no Maranhão, que, como consequência, ampliou-se e migrou para Brasília, Belém do Pará e Teresina, cidades nas quais mantém instituições universitárias conceituadas e prestigiadas.

Amigo dos amigos

Mauro Fecury, além das marcantes qualidades profissionais, é dotado de outras virtudes, destacando-se no cenário familiar como exemplar marido, virtuoso pai e abnegado avô.

No mundo das amizades, é uma figura humana que se caracteriza pela lealdade e fraternidade com os que privam da sua incomparável companhia.

Eu, por exemplo, conheço Mauro desde os tempos de mocidade, quando estudávamos em colégios desta cidade. Ainda que não fosse seu colega de turma, privilégio que teve o meu irmão Raimundo, no Ateneu Teixeira Mendes, o admirava por ser um esportista de primeira linha, principalmente como atleta de basquetebol.

Como fizemos o curso superior em cidades diferentes, ele, no Rio de Janeiro, eu, em São Luís, nos reencontramos ao ser indicado para administrar a capital maranhense, nos idos de 1980, convidando-me para chefiar o gabinete da prefeitura e depois comandar a secretaria de Educação, Cultura e Ação Comunitária, no exercício dos quais comprovei a sua notável capacidade de trabalho e de incontestável líder.

Impossível esquecer daqueles tempos de prefeitura, quando nos finais de semana, ele convocava o secretariado e convidava os vereadores para visitas aos bairros, ver as necessidades e ouvir as reivindicações dos moradores. Essas visitas, pelas repercussões, ficaram conhecidas por mauratonas.

Mauro, como amigo, é aquela pessoa do bem e difícil de ser encontrado no mundo de hoje. Está sempre pronto a ouvir e ajudar aos que dele precisam, desde que sejam confiáveis e dignos de sua franca amizade.

Dono de incomparável personalidade, não foge da luta pelas boas causas, que persegue até conquistar a vitória.

Festa dos amigos

Seu apego aos amigos de ontem e de hoje é de tal modo incontestável e verdadeiro, que há mais de vinte anos criou um evento, realizado no segundo sábado de dezembro, nas dependências do Ceuma, que serve de palco para confraternizações festivas, ao longo das quais os convidados participam de práticas esportivas e assistem shows com artistas locais e nacionais, que começam pela manhã e acabam nas primeiras horas da noite. Tudo por conta do anfitrião.

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