WASHINGTON — O presidente americano, Joe Biden, quer estender por mais cinco anos o Novo Start, o tratado assinado com a Rússia que estabelece um controle sobre os dois maiores arsenais nucleares do planeta. Ao mesmo tempo, sinaliza que tentará punir Moscou por algumas de suas ações recentes, como a interferência nas eleições de 2016 e o envenenamento de opositores, notadamente Alexei Navalny.
Na terça-feira, durante sabatina de confirmação no Senado, o indicado para o Departamento de Estado, Anthony Blinken, confirmou a intenção de Biden de prolongar o acordo, o último ainda em vigor para controlar os arsenais de Rússia e EUA, mas sem declarar por quanto tempo. Nesta quinta, o jornal Washington Post revelou que, a congressistas, Blinken confirmou que vai buscar a extensão por cinco anos, um prazo já sugerido por Moscou.
A decisão ocorre dias antes de o tratado expirar, no dia 5 de fevereiro, o que eliminará o último dos limites ao desenvolvimento de arsenais nucleares. Assinado em abril de 2010, o tratado limita em 1.550 o número de ogivas operacionais em cada um dos dois países, além de estabelecer números máximos para a quantidade de mísseis e bombardeiros com capacidade nuclear.
Desmantelar acordos
Contudo, durante o governo de Donald Trump, o caminho foi no sentido de desmantelar os acordos de defesa — a medida mais notável nessa área foi o fim do Tratado de Forças Nucleares Intermediárias, que cobria mísseis com alcance entre 500km e 5.000km. Sobre o Start, o agora ex-presidente exigia que um novo texto fosse firmado com a participação da China, que rejeitou os termos, e os esforços para conseguir uma extensão temporária fracassaram.
“O Novo Start é do interesse de segurança nacional dos EUA, e faz ainda mais sentido quando a relação com a Rússia é uma de adversários”, declarou ao Post uma das pessoas que tiveram acesso às declarações de Blinken. “Enquanto trabalhamos com a Rússia, também teremos que fazer com que a Rússia preste contas sobre suas ações inconsequentes e agressivas que vimos nos últimos meses e anos.”
Punições
Desde a campanha, Joe Biden considera a Rússia uma das grandes questões de segurança nacional para os EUA, revertendo um certo apaziguamento velado mantido por Trump nos últimos quatro anos. Na sabatina de terça-feira, Blinken mencionou a Rússia como um “Estado autoritário”, e aos congressistas afirmou que vai enquadrar Moscou por ações recentes.
As fontes ouvidas pelo Washington Post citaram, além da interferência nas eleições americanas de 2016, as denúncias de que o Kremlin estaria pagando uma recompensa aos talibãs por cada militar dos EUA morto no país, ou a repressão aos opositores de Vladimir Putin. Essas punições poderiam incluir novas sanções contra Moscou, como as impostas recentemente sobre o projeto do gasoduto Nord Stream 2, que levará gás natural da Rússia à Alemanha.
A pressão por uma posição mais dura contra Moscou divide as vozes dentro do governo Biden sobre a extensão do Novo Start. Victoria Nuland, a número três na diplomacia americana, é favorável a um prazo adicional de apenas um ano, como forma de manter alguma margem de negociação com os russos. Nuland foi a responsável por estabelecer as políticas da Casa Branca para a Rússia no governo Obama, e foi uma das primeiras a alertar sobre possíveis ações do Kremlin para “desacreditar o processo eleitoral” no país em 2016.
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