Imunização

CoronaVac é mais eficaz com intervalo maior entre doses

Segundo o laboratório Sinovac, o estudo feito no Brasil mostrou que a vacina foi até 20% mais eficaz quando os voluntários recebiam a segunda dose com um intervalo de três semanas ao invés de duas

Atualizada em 11/10/2022 às 12h17
Enfermeira do Hospital das Clínicas (HC) exibe ampola da Coronavac, vacina produzida pelo Instituto Butantan
Enfermeira do Hospital das Clínicas (HC) exibe ampola da Coronavac, vacina produzida pelo Instituto Butantan (CoronaVac é mais eficaz com intervalo maior entre doses)

SÃO PAULO - O laboratório chinês Sinovac disse, ontem,18, que o estudo clínico da CoronaVac realizado no Brasil mostrou que o imunizante foi até 20% mais eficaz em um pequeno subgrupo de pacientes que receberam a segunda dose com um intervalo maior da primeira.

A taxa de proteção para 1.394 voluntários que receberam doses da CoronaVac ou um placebo com intervalo de três semanas entre elas foi de quase 70%, disse um porta-voz da Sinovac.

Pesquisadores do Instituto Butantan, que liderou os testes com a CoronaVac no Brasil, disseram na semana passada que a eficácia geral da vacina foi de 50,4% com base nos resultados dos testes em um grupo de 9 mil voluntários que receberam as doses com intervalo de 14 dias entre elas. O instituto também disse que a vacina foi 78% eficaz na prevenção de casos leves de Covid-19 e 100% em evitar quadros moderados e graves.

O porta-voz da Sinovac disse que um pequeno grupo de voluntários receberam a segunda dose após um intervalo maior em relação à primeira devido a uma série de razões, sem entrar em detalhes. O intervalo entre as doses das vacinas contra Covid-19 virou tema de debate entre cientistas, reguladores e governos.

Reguladores do Reino Unido disseram que a vacina da AstraZeneca com a Universidade de Oxford é mais eficaz quando aplicada com um intervalo maior entre as doses do que inicialmente planejado.

No domingo, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o uso emergencial no Brasil da CoronaVac e da vacina Oxford/AstraZeneca e o imunizante do laboratório chinês começou a ser aplicado no país.

Intervalo maior

O Reino Unido também decidiu permitir um intervalo maior entre as doses da vacina da Pfizer com a BioNTech, apesar de as empresas afirmarem que só têm dados de eficácia para um intervalo mais curto.

O porta-voz da Sinovac alertou que a robustez dos dados do sub-grupo é menor do que o dado da eficácia geral.

Embora os pesquisadores da Sinovac tenham dito que testes em estágio inicial mostraram que um intervalo de quatro semanas entre as doses induziu uma resposta imune mais forte do que com intervalos de duas semanas, é a primeira vez que a empresa divulga dados de eficácia do estudo em Fase 3 com padrões de doses diferentes do protocolo inicial.

A Sinovac ainda não divulgou o resultado global dos testes em Fase 3, mas sua vacina já foi aprovada para uso emergencial em países como Turquia e Indonésia, além do Brasil.

Um novo pedido

O diretor do Butantan, Dimas Covas, disse que enviou na manhã de ontem,18, um novo pedido de uso emergencial da CoronaVac à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), desta vez solicitando autorização para uso de todas as doses envasadas pelo instituto.

A autorização dada no domingo,17, é para as 6 milhões de doses que já chegaram prontas da China e começaram a ser distribuídas pelo Ministério da Saúde na manhã desta segunda. Já a nova solicitação, se for aprovada, terá validade para todo material envasado pelo instituto. Atualmente, o Butantan tem 4,8 milhões de doses prontas aguardando liberação.

"Ainda na manhã de hoje [segunda] entramos com o pedido de uso emergencial, agora para todas as doses que serão produzidas no Butantan. A primeira partida de 4,8 milhões já [estará] em disponibilidade à medida que for feita essa liberação. Uma vez aprovada, aí a produção do Butantan já será feita de acordo com essa autorização", afirmou Dimas Covas.

Em nota, a Anvisa confirmou que recebeu o segundo pedido de uso emergencial enviado pelo Butantan e afirmou que a solicitação "está em análise para checagem dos documentos".

Ainda segundo Dimas Covas, a autorização, uma vez concedida, não é limitada ao estoque atual.

"Não haverá necessidade de todo lote ser requisitado. Poderemos chegar aí à produção adicional de 35 milhões, já descontando essas 4 milhões. E, eventualmente, no acréscimo que inclusive já foi mencionado ao Ministério de 56 milhões de doses adicionais. Esperamos que essa autorização aconteça o mais rapidamente possível", disse Dimas Covas durante coletiva de imprensa ontem.

O diretor-presidente também destacou que o envio separadamente das solicitações foi feito conforme orientação da Agência.

"Entramos hoje a pedido da própria Anvisa. A Anvisa nos solicitou que terminássemos o primeiro processo e, na sequência, aplicássemos o segundo, exatamente por que a documentação é muito similar."

Matéria-prima

Durante a coletiva, Dimas Covas destacou que a capacidade de produção do Butantan é de envasar 1 milhão de doses por dia. O processo consiste na etapa final de produção da vacina.

"Temos um carregamento de matéria-prima pronta lá na China para ser despachado. Estamos aguardando apenas a autorização do governo chinês para poder trazer e, assim, iniciar a segunda etapa de produção", afirmou. "Dependemos da matéria-prima para poder continuar esse processo".

A informação já havia sido divulgada na tarde de domingo,17, em coletiva de imprensa após a autorização da Anvisa. No evento, o governo de São Paulo deu início a campanha de vacinação do estado, imunizando profissionais de saúde.

Na ocasião, Dimas Covas falou sobre a decisão de iniciar a vacinação poucos minutos após a aprovação da Anvisa, citando o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.

"Olha, eu respeito muito o general Pazuello, mas como todo general, como todo soldado, ele foi preparado a vida inteiro para matar, para lutar, para derrotar o inimigo com uso de força bruta. Ao contrário de quem trabalha na saúde: nós somos preparados a vida inteira para salvar vidas, muitas vezes para atuar em próprio campo de batalha para recuperar os estragos feitos pelas armas que são usadas pelos militares", comentou Dimas.

Na manhã desta segunda (18), em cerimônia no centro de distribuição do Ministério da Saúde em Guarulhos, na Grande São Paulo, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse que a vacinação em todo o país começa a partir das 17h.

Autorização

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou no domingo,17, por unanimidade, o uso emergencial das vacinas Coronavac e da Universidade de Oxford contra a Covid-19. A reunião que discutiu o tema durou cerca de 5 horas.

Os diretores acompanharam o voto de Meiruze Freitas, relatora dos pedidos. No caso da Coronavac, a diretora condicionou a aprovação à assinatura de termo de compromisso e publicação em "Diário Oficial".

Segundo a Anvisa, somente o termo de compromisso assinado pelo Instituto Butantan precisa ser publicado no "Diário Oficial da União", o que pode acontecer ainda neste domingo (17) em edição extra. De acordo com a agência, o termo já está pronto e será enviado ao instituto para ser assinado e publicado assim que assinado.

Ao proclamar o resultado, o diretor-presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, afirmou:

"A imunidade com a vacinação leva algum tempo para se estabelecer. Portanto, mesmo vacinado, use máscara, mantenha o distanciamento social e higienize suas mãos. Essas vacinas estão certificadas pela Anvisa, foram analisadas por nós brasileiros por um tempo, o melhor e menor tempo possível. Confie na Anvisa, confie nas vacinas que a Anvisa certificar e quando ela estiver ao seu alcance vá e se vacine."

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