São Luís – Com um histórico de constante aumento nos últimos meses, o preço da carne bovina continua acima do esperado, causando transtornos para o planejamento financeiro da população brasileira. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apenas em outubro de 2020 o preço subiu 5%.

Leila Costa trabalha em um açougue de São Luís e conta que os preços aumentaram muito desde o mês de dezembro, começando pelas peças mais baratas. “Aqui, a peça mais barata, que custava 8 reais, está saindo por 18. Já o filé, que é a mais cara que vendemos, está custando 44,39 reais. O preço está muito alto, mas as pessoas continuam comprando, elas não tem muito o que fazer. Em alguns lugares mais nobres, o filé está saindo por 70 reais até”, contou.

Contudo, essa realidade não é a mesma para todos os açougueiros. Com variações de mais de 10 reais no preço das peças, municípios maranhenses optaram por evitar comprar a carne, na tentativa de forçar a redução do preço. “Não compre carne, quem manda no preço é o consumidor” se tornou o slogan daqueles que adotaram o movimento de boicote aos altos preços em feiras, supermercados e açougues.

Movimento
“Atenção. Está surgindo um movimento em grupos de WhatsApp, nas cidades de Penalva, Vitória do Mearim, Arari e Viana, para baixar o preço da carne bovina. Em Matinha a população passou mais de quatro dias sem comprar carne de gado e o resultado foi que o preço baixou de 24 para 18 reais. Em Penalva desde o dia 12, a população deixou de comprar carne. A cidade tem que aderir a esse movimento nem que seja por um mês. Contamos com você, pai e mãe de família. A partir de segunda-feira, 11, não compre carne de gado. Coloque nos outros grupos e não vamos comprar carne até baixar o preço. Penalva aderiu a ideia”, diz nota convocando população para aderir ao movimento.

O movimento, que acontece desde a última segunda-feira, 11, já abrange municípios como São João Batista, Penalva, Matinha, Viana, Vitória do Mearim, Arari e São Mateus, e está sendo divulgado por meio das redes sociais. “Ficamos sabendo, sim, do boicote da venda de carnes, mas isso não chega a me preocupar, pois, apesar das reclamações do preço da carne, as pessoas continuam comprando aqui em São Luís”, comentou a vendedora sobre o movimento.

Dona da lanchonete Val Lanches, Valéria é uma das clientes que não pode parar de comprar as peças, mesmo com a mudança drástica no preço. Ela conta que sua maior dificuldade tem sido não alterar os preços do cardápio de sua lanchonete. “Essa mudança no preço tem afetado minha vida financeira, pois eu não posso mexer no meu cardápio, tenho que continuar com os mesmos preços”, desabafou.

No entanto, mesmo que em alguns municípios a compra da carne de boi continue, independente da alta do preço, em outros, o boicote teve resultados e diminuiu o valor das peças em açougues. Esse foi o caso de Matinha, a 238 Km de São Luís, onde, após quatro dias de boicote o preço das peças com osso reduziram de R$ 24 para R$18.

Já em Pinheiro, a 113 Km de São Luís, a câmara de vereadores criou uma audiência pública para discutir o preço das carnes no município, considerados abusivos. “A nossa intenção é conscientizar os proprietários dos animais e dos mercadinhos à baixarem o preço da carne”, diz nota a anunciando audiência.

SAIBA MAIS

Por que o preço da carne aumentou?

De acordo com reportagem do Jornal Nacional, economistas da Fundação Getúlio Vargas explicam que a principal razão para o aumento nos preços da carne é o aumento da exportação para o exterior, fazendo com haja menos produtos a serem oferecidos no mercado nacional. De acordo com os economistas, de janeiro a setembro de 2020 o Brasil exportou cerca de 10% a mais em volumes de carnes do que no mesmo período em 2019. O Estado entrou em contato com o Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Maranhão para obter informações sobre o aumento no preço da carne bovina, porém não obteve respostas até o fechamento desta edição. A Secretária Nacional do Consumidor continua de olho nos preços abusivos das carnes bovinas no país. Caso seja identificada alguma prática abusiva, as multas podem chegar a R$ 10 milhões.

Preços

R$ 24,00 peças com osso
R$ 44,39 filé

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