Efeitos da pandemia na educação

EaD não reduziu participação de alunos em aulas públicas em SL

Dados da Secretaria Municipal de Educação (Semed) mostram que 2020, ano de pandemia, se encerrou com uma frequência superior a 90% de presença dos alunos em atividades escolares

Thiago Bastos / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h17

[e-s001]São Luís - Em tempo de pandemia, a sociedade precisou se adaptar aos novos costumes e necessidades que surgiram, tendo em vista a prevenção contra o coronavírus. Empresas tiveram de fechar as porta, por meses, e instituições passaram a adotar o sistema à distância de interação e produção em ambientes de trabalho.

No caso das escolas, o cenário não foi diferente. Atividades cotidianas e que significavam concentração de alunos e educadores em ambientes fechados foram reordenados e a tecnologia e o uso dela viraram fatores diferenciais.

Se em teoria os estudantes do segmento privado dispõem de maiores condições financeiras para adquirir equipamentos necessários para o chamado “ensino online”, como computadores e tablets, além da possibilidade de acesso facilitado à internet fixa e móvel, no caso dos alunos da rede pública, cuja renda média ainda é inferior a grande parte do público das instituições particulares, o acesso aos recursos tecnológicos é limitado.

Apesar do empecilho financeiro e social, medidas da administração pública minimizaram estas limitações. Dados da Secretaria Municipal de Educação (Semed) mostram que, mesmo com a adoção do ensino à distância, a participação dos alunos nas aulas foi considerada satisfatória. O ano de 2020 termina com um índice de frequência ou participação escolar de 92%.

Por enquanto, a capital maranhense ainda não registra uma data fixa para o retorno das aulas presenciais. De acordo com a gestão pública, é fundamental que haja a chamada vacinação em massa para a volta gradual da agenda nas escolas.

Na quarta-feira, 30 de dezembro de 2020, a Semed fez a entrega de 80 mil chips de dados com acesso à internet, para professores e estudantes, além de 20 kits de robótica para estudantes da Educação Especial e de 5.384 computadores (chromebooks, tablets e notebooks) para os educadores. Além dos equipamentos, a Semed disponibilizará nos próximos meses, por meio da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), 12 cursos de capacitação em tecnologias da Informação e Comunicação, também para todos os professores.

[e-s001]O calendário de aulas da rede pública ludovicense foi retomado em agosto de 2020 e o ano letivo atual deverá ser concluído somente no dia 30 de abril de 2021 para os estudantes do Ensino Fundamental. A exceção é o 9º ano do mesmo ensino cujas aulas deverão ser finalizadas em fevereiro de 2021.

Para a professora Maria de Jesus Gaspar Leite, responsável pela Secretaria Adjunta de Ensino (SAE) da Semed, foi possível minimizar os efeitos da distância entre educadores e alunos. “Foi um ano difícil para todos nós, especialmente para as famílias que perderam seus entes queridos. Mas, se eu puder falar de algo positivo na Educação, destaco a aproximação da família com a escola. Nunca tivemos a família tão próxima, dialogando com os professores e gestores escolares. Os pais estão apoiando e trabalhando junto com a escola, para garantir o desenvolvimento integral das nossas crianças”, disse.

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Segundo ela, parte do conteúdo ministrado é impresso e entregue às famílias dos estudantes, semanalmente ou a cada 15 dias, de acordo com as orientações de cada escola. Em alguns casos, de impossibilidade por parte da família, as atividades são entregues na residência do estudante.

“Isso é feito em casos muito específicos, tendo em vista a necessidade e realidade de cada comunidade. Temos orientações e diretrizes gerais que são encaminhadas às escolas, para dar unidade à educação municipal, mas também respeitamos muito a autonomia pedagógica da escola”, garantiu a professora.

E na rede estadual?
Enquanto a rede pública da capital continua com quadro indefinido, o cenário é um pouco mais esperançoso na administração estadual. Em nota encaminhada a O Estado, a Secretaria de Estado da Educação (Seduc) informou que “as aulas nas escolas da rede estadual retornarão de forma remota ou híbrida” a partir de janeiro de 2021.

No entanto, a pasta ressalta que a decisão está atrelada às condições sanitárias do estado. Segundo o Governo do Maranhão, para “as turmas de 2ª e 3ª séries do Ensino Médio nas escolas em tempo integral” a previsão é de reinício no dia 8 de fevereiro de 2021. No entanto, ainda de maneira remota ou híbrida.

Ainda sobre o Ensino Médio, a Seduc esclarece que “para a 1ª série do Ensino Médio”, o início das aulas ocorrerá de maneira regionalizada, de acordo com o término do ano letivo 2020 de cada município.

“Já temos data de retorno e nosso calendário está fixado. Antes da vacina, será remoto ou híbrido. Estamos em diálogo com a categoria, com os gestores escolares, com o sindicato para verificar a possibilidade de um retorno híbrido. Mais perto do dia 8 de fevereiro nós vamos fazer a comunicação oficial de como será esse retorno”, disse a O Estado o titular da Seduc, Felipe Camarão.

[e-s001]Vacinação prioritária
Ainda de acordo com a Seduc, os alunos matriculados na rede pública terão prioridade no acesso futuro de doses de vacina contra a Covid-19. Também serão aplicadas as doses, segundo a pasta, em 100% do corpo docente do estado. “Nós conseguimos colocar os professores da Rede Estadual no grupo prioritário de vacinação. Iremos também testar no mês de janeiro os professores da rede estadual e, nos estudantes da rede, nós vamos fazer o inquérito sorológico. Vamos fazer uma testagem por amostragem”, ressaltou Felipe Camarão.

Atualmente, a rede pública estadual registra 325 mil alunos inscritos na rede de ensino. Alguns deles literalmente superam problemas para manter a rotina de estudos.

O estudante Thiago Lima Rodrigues, que integra o Ensino Médio na rede pública estadual, afirmou que, diante do suporte dado pela administração estadual e, principalmente, devido à força de vontade, é possível superar a falta de um professor de forma presencial em sala de aula. “Claro que dificulta, mas venho tentando superar isso, acompanhando as aulas”, afirmou.

SAIBA MAIS

AVALIAÇÃO

Recentemente, o Ranking de Competitividade – gerador de índices que norteiam as gestões públicas estaduais – apontou que o Maranhão ocupa apenas a 21ª posição no ranking dos percentuais de boa avaliação no segmento educacional. A média nacional é de 43,1, considerando índices de avaliação entre os estudantes, o Maranhão obteve índice médio de apenas 18,7.

Estados como São Paulo, Santa Catarina e Minas Gerais lideram as estatísticas no setor. Considerando apenas o índice voltado à educação básica, o Maranhão está apenas na 23ª posição.

PREJUÍZOS NA FORMAÇÃO ESCOLAR

Educadores ainda avaliam em campos de pesquisa e grupos de discussão os impactos gerados a partir do distanciamento necessário físico criado durante a pandemia entre aluno e professor (a). Um dos critérios de avaliação a serem usados para futuras conclusões será o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a ser aplicado a partir de janeiro de 2021.

Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), a versão impressa das provas deverá ser aplicada nos dias 17 e 24 de janeiro de 2021. De acordo com o instituto, o exame digital será em 31 de janeiro e 7 de fevereiro de 2021.

Desde o dia 17 de dezembro de 2020, as 11,4 milhões de provas já começaram a ser enviadas para os estados brasileiros e o Distrito Federal. O exame será realizado em 205 mil salas em 14 mil pontos de aplicação em todo o país.

NÚMEROS

8 de fevereiro é a previsão para as turmas de 2ª e 3ª séries do Ensino Médio nas escolas em tempo integral da rede pública estadual reiniciarem (de maneira remota ou híbrida)

22 de fevereiro é a previsão para a retomada das turmas de 2ª e 3ª séries do Ensino Médio nas escolas públicas estaduais, em tempo parcial

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