Pandemia

Um ano após primeiros relatos da Covid-19, chefe da OMS pede distribuição justa de vacina

Primeiros casos foram relatados pela China na véspera de Ano Novo, doze meses atrás. ''Desde aquele momento, a pandemia de Covid-19 custou tantas vidas e causou grande destruição a famílias, sociedades e economias em todo o mundo'', disse Tedros Adhanom

Atualizada em 11/10/2022 às 12h17
Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial de Saúde
Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial de Saúde)

BRUXELAS - O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, relembrou que os primeiros relatos de Covid-19 feitos pela China completou um ano. Em 31 de dezembro de 2019, a OMS recebeu pela primeira vez um comunicado das autoridades sanitárias chinesas sobre casos de uma pneumonia muito semelhante à Sars, outra doença causada por coronavírus que provocou um surto no país em 2002.

"Doze meses atrás, uma nova ameaça global surgiu. Desde aquele momento, a pandemia de Covid-19 custou tantas vidas e causou grande destruição a famílias, sociedades e economias em todo o mundo", disse Tedros Adhanom.

O chefe da OMS celebrou o rápido desenvolvimento de vacinas eficazes contra a nova doença, e pediu que os governos trabalhem pela distribuição equânime do imunizante. Ele apelou por US$ 4 bilhões para comprar doses para distribuição a países de renda média e mais baixa através do esquema de vacinas Covax.

"Vacinas oferecem uma grande esperança de se mudar o rumo de uma pandemia. Mas para proteger o mundo, precisamos fazer com que todas as pessoas em risco em todas as partes — não só em países que podem arcar com as vacinas — sejam imunizadas", disse.

Ele também exortou países a combaterem teorias conspiratórias e ataques à ciência, dizendo que "a escolha é fácil" e que o mundo pode "percorrer os últimos quilômetros desta crise junto, ajudando um ao outro pelo caminho, desde o compartilhamento justo de vacinas até a conselhos precisos, compaixão e cuidado" a todos que os necessitam.

Alerta para a humanidade

Em sua última entrevista coletiva do ano de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) destacou os avanços obtidos no combate ao coronavírus. Mas também emitiu um alerta para a humanidade: esta pandemia, apesar da devastação que causou neste ano, pode não ser a pior que vamos enfrentar, por isso devemos estar preparados.

O médico Mark Ryan, chefe do programa de emergências da OMS, reconheceu que a pandemia de Covid-19 "é muito grave, se espalhou com extrema rapidez e afetou todos os cantos do planeta". Mas advertiu que "esta não é necessariamente a maior" que podemos enfrentar.

"Este vírus é altamente transmissível, mata pessoas e priva muita gente de seus entes queridos, mas sua prevalência é comparativamente baixa em comparação com outras doenças emergentes", indicou na terça-feira.

"Este é um alerta. Estamos aprendendo agora como fazer as coisas melhor: ciência, logística, treinamento e governança, como nos comunicar melhor. Mas o planeta é frágil. Vivemos em uma sociedade global cada vez mais complexa. Essas ameaças continuarão."

"Se há algo que devemos tirar desta pandemia, com toda a tragédia e as perdas, é que devemos agir juntos. Precisamos nos preparar para algo que pode ser ainda mais grave no futuro. Devemos honrar aqueles que perdemos melhorando o que fazemos todos os dias", acrescentou.

'A erradicação é uma barreira muito alta'

Faz um ano desde que a China reportou os primeiros casos de um novo tipo de pneumonia à OMS, que semanas depois seria chamada de Covid-19.

Desde então, até quarta-feira,30, foram registrados 82.036.653 casos da doença em todos os continentes do planeta, e 1.791.662 pessoas morreram em todo o mundo.

Em dezembro, o Reino Unido se tornou o primeiro país a começar uma campanha de imunização em massa contra o vírusa Sars-CoV-2, aplicando a vacina desenvolvida pela Pfizer/BioNTech.

Os Estados Unidos e a União Europeia também deram início à vacinação, além de países como México, Chile e Costa Rica, na América Latina. Mas a imunização não marca o fim da pandemia.

O especialista observou que "resta ver quão bem serão aplicadas, o quão perto estaremos de um nível de cobertura que pode nos permitir a chance de atingir a eliminação, como vimos com a poliomielite e o sarampo".

Ele esclareceu, no entanto, que "a existência de uma vacina, mesmo com alta eficácia, não é garantia de eliminação ou erradicação de uma doença infecciosa" — e que esta "é uma barreira muito alta para ser superada".

Primeiramente, acrescentou, "devemos nos concentrar em salvar vidas, controlar bem essa epidemia para que as vidas possam voltar ao normal e, então, lidaremos com o objetivo de potencialmente sermos capazes de erradicar ou eliminar o vírus".

Sobre o patógeno, Ryan prevê que "o cenário provável é que se torne outro vírus endêmico que continuará a ser uma ameaça, mas uma ameaça de nível muito baixo no contexto de um programa de vacinação global eficaz".

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