Nova gestão em SL

Eduardo Braide sobre Covid-19: "Teremos nosso plano municipal de vacinação"

Antes da posse, prefeito eleito de São Luís fala sobre desafios da sua administração e aponta Saúde e Educação como principais prioridades

Gilberto Léda / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h17
Eduardo Braide falou a O Estado
Eduardo Braide falou a O Estado (Eduardo Braide)

O prefeito eleito de São Luís, Eduardo Braide (Podemos) toma posse hoje para comandar a capital do Maranhão pelos próximos quatro anos. A cerimônia de posse dele e dos vereadores ocorrerá a partir das 14h, na Assembleia Legislativa.

Nesta entrevista a O Estado, ele falou sobre os desafios que tem pela frente, elencou Saúde e Educação como prioridades, mas garantiu que, no caso da primeira, não dará atenção apenas ao combate à pandemia.

“Não podemos pensar apenas na pandemia do novo coronavírus, eu tenho dito isso a minha equipe. Porque existem casos que não estão relacionados à pandemia”, disse.

Apesar disso, Braide destacou que apresentará logo no início da gestão um plano de vacinação da população contra a Covid-19.

Ele falou, também, sobre a possibilidade de garantir recursos para maiores investimentos na cidade e sobre a relação que espera manter com a Câmara Municipal.

A gestão que se encerra ficou marcada por muitas obras de urbanização. Há, no entanto, gargalos nas áreas de Saúde e Educação, ambas fortemente impactadas pela pandemia do novo coronavírus. Haverá um olhar especial para essas duas áreas?
Saúde e educação são prioridades. E, no caso da saúde, não podemos pensar apenas na pandemia do novo coronavírus, eu tenho dito isso a minha equipe. Porque existem casos que não estão relacionados à pandemia. Às vezes os olhares estão muito voltados para a questão do novo coronavírus e esquecem aquela pessoa que teve um derrame, um infarto, que precisa de um atendimento mais emergencial, mas, principalmente a atenção básica, que é aquela que cuida para que a pessoa que tem pressão alta não tenha nenhum tipo de complicação, para que pessoa que tem diabetes tenha suas taxas controladas, aquela atenção que evita que a pessoa chegue a precisar de um atendimento pela medicina.

E como garantir isso?
É muito importante que a gente já faça nos primeiros dias de gestão um fornecimento regular de medicamentos nos hospitais, nas unidades de saúde, que a gente tenha médicos, enfermeiros, profissionais da saúde realmente capacitados e qualificados para atender de forma humanizada a população.

É fato que Saúde não se resume ao combate à pandemia da Covid-19. Mas esse, contudo, é um problema que se apresenta urgente. Atualmente, discute-se em todo o país a vacinação da população. A Prefeitura de São Luís tem condições de conduzir ações para garantir a imunização dos ludovicenses a partir de 2021?
Bem, o meu primeiro ato como prefeito eleito foi criar um grupo de especialistas na área de imunização, com a participação de médicos infectologistas, de enfermeiros que trabalham especificamente na área de imunização, profissionais da área de Farmácia, para que a gente possa fazer e apresentar um plano municipal de vacinação. Para quê? Para que a gente tenha toda a parte de logística da vacinação, para que ela possa alcançar o maior número de pessoas, da forma mais rápida possível. Então, nós vamos implantar postos de vacinação nos terminais de integração, nas escolas, nas blitze das vacinas, que nós vamos fazer espalhadas por toda a cidade, para que, tão logo a vacina seja liberada, a gente já possa começar a atender e, quem sabe, alcançar o resultado de vacinar de forma mais rápida que outras cidades.

Qual sua principal preocupação em relação a isso?
É fazer com que esse trabalho seja bem feito. A gente sabe que grande parte das vacinas só imuniza após a segunda dose. Então, há a preocupação de alguns infectologistas de que a segunda dose a ser aplicada nas pessoas seja da mesma vacina aplicada na primeira dose. Há também a preocupação de que o espaço entre a primeira dose e a segunda dose não seja tão longo, seja o prazo necessário de que a vacina possa ter a sua eficácia de forma melhorada. Então, é toda essa preocupação que esse grupo de especialistas vai apresentar e nós vamos finalizar com a apresentação do plano municipal de vacinação.

E qual o principal desafio na Educação?
Esse é outro desafio muito grande. Este ano [2020] praticamente foi um ano perdido, com a questão da pandemia. Então no ano que vem [2021] nós vamos ter um ano dobrado. Então, estamos apresentando um plano para que a gente possa ter a oportunidade de recuperar aquilo que não foi ensinado em 2020, mas também de já oferecer um ensino com mais qualidade já a partir de 2021.

E como minimizar as perdas dos alunos?
Primeiro eu quero lembrar que minha vice é uma professora, professora Esmênia, que tem contribuído muito nessa transição, para que a gente possa apresentar um plano na área de educação no sentido de recuperar aquilo que não foi dado em 2020, mas também com um olhar voltado para o ano letivo 2021. Então, a gente tem que ter essa preocupação, primeiro, de escolher uma plataforma que nos permita fazer com que essas aulas cheguem lá na ponta, nas nossas crianças, nos nossos adolescentes. Não adianta só entregar o livro, o material didático, se você não tiver o professor para poder ofertar toda sua experiência e o conhecimento. E é isso o que estamos fazendo: aprendendo com a experiência do que deu certo durante essa pandemia em outros municípios, para que a gente traga para a realidade do nosso município. Além disso, iremos aproveitar esse momento em que as aulas estarão remotas para recuperar e reformar as escolas que hoje não têm condições voltar às aulas.

Além dos impactos da pandemia na Saúde e na Educação, a crise sanitária também afetou fortemente a economia do país. Há algum plano da Prefeitura para auxiliar a camada mais vulnerável da população, sobretudo num cenário em que o governo federal já anunciou o fim do pagamento do auxílio emergencial?
Bom, o que eu posso adiantar é que nos primeiros dias nós vamos anunciar ações da Prefeitura de São Luís para ajudar as pessoas a enfrentar a crise. Vamos baixar as primeiras medidas, encaminhar à Câmara os primeiros projetos de lei no sentido de ajudar a população a enfrentar esse momento, porque nós ainda vivemos uma pandemia, e sabemos até que os casos [de novas infecções pelo novo coronavírus] têm aumentado. Então, a gente vai viver uma realidade diferente porque o auxílio emergencial, que ajudou muitas pessoas, deixou de ser pago agora, recentemente. Então, a Prefeitura vai agir, também, no sentido de, por meio da Cultura, por meio até da atração do Turismo, respeitando as regras sanitárias, gerar emprego e renda aqui na nossa cidade.

Desde a sua eleição, você tem anunciado aos poucos os nomes que comporão o seu secretariado. É uma equipe eminentemente técnica, percebe-se. Esse será o norte da gestão?
De fato. São nomes técnicos que a gente tem apresentado à população de São Luís, todos com afinidades nas suas áreas. Então, eu tenho certeza de que esse time que nós estamos montando vai fazer um grande trabalho.

Mas uma eleição se ganha também com políticos. Não haverá políticos no primeiro escalão?
Eu posso anunciar aqui um nome político. Todos me perguntam como vai ser o nosso relacionamento com a Câmara Municipal, como vai ser o nosso relacionamento com a classe política. E aquele que estará à frente da Secretaria de Articulação Política da Prefeitura de São Luís será o Márcio Andrade. Já foi assessor, é presidente estadual do meu partido, o Podemos, conhece bem e tem um bom relacionamento com toda a classe política. Eu tenho certeza que vai nos ajudar muito a ter a governabilidade necessária que a gente precisa ter para tocar São Luís.

E espaços ao DEM e ao PDT? O apoio do deputado Neto Evangelista, que era o candidato do DEM, pareceu fundamental para sua vitória no 2º turno.
O Neto Evangelista é deputado estadual, tem o desejo de continuar na Assembleia e fazer um grande trabalho. Eu quero aqui agradecer, mais uma vez, o apoio que tive dele, foi muito importante no 2º turno e eu tenho certeza de que a gente vai poder fazer parcerias, eu na Prefeitura, ele na Assembleia Legislativa, para o bem do povo de São Luís.

Gestão se faz com orçamento, com recursos financeiros. Aprovaram nesta semana um orçamento de R$ 3,5 bilhões para 2021, quase metade disso para a Saúde e Educação. A questão é, nesse orçamento há espaço para investimentos em São Luís?
São Luís, ao longo do tempo, conseguiu encontrar novas fontes de financiamentos para investimentos. A gente sabe que foram contraídos empréstimos do Banco do Brasil e da Caixa, e mais um do Banco Mundial, o BID. E a gente tem, também uma fonte permanente de investimentos, que são os royalties da mineração. A previsão é que, em 2021, São Luís possa receber R$ 50 milhões e certamente esses valores serão investidos nas áreas prioritárias. E, no mais, o que nós precisamos fazer é equilibrar as contas da Prefeitura, para que elas possam nos dar a possibilidade de, daquilo que a gente pagar de despesas, de pessoal, sobrar para que a gente possa investir nas áreas que a gente sabe que precisam de mais atenção na nossa cidade.

E sobre a eleição na Câmara? Existe um amplo acordo pela recondução do vereador Osmar Filho (PDT) ao comando da Casa. Esse acordo conta com o apoio do novo prefeito de São Luís?
Logo após a eleição eu reuni o grupo de vereadores que me acompanhou, foram dez vereadores. E, nessa reunião, os vereadores externaram a vontade de caminhar junto com o presidente Osmar Filho. Eu sempre disse que a posição da Câmara era independente, embora a gente tenha que manter a harmonia. Portanto, eu tenho certeza que o presidente Osmar, na continuidade do seu trabalho, tem tudo para fazer um bom trabalho. Ele já deu provas de que está disposto a manter essa harmonia com a Prefeitura de São Luís. E eu tenho certeza de que será uma ótima relação em favor do povo de São Luís. l

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