Retirada

Barracos sob ponte são destruídos em ação tensa, com apoio da PM

Casebres foram destruídos por estarem ocupando área de preservação ambiental; houve tumulto e condução à delegacia

Atualizada em 11/10/2022 às 12h18

[e-s001]São Luís - Famílias que residiam em barracos debaixo da ponte José Sarney, no São Francisco, foram retiradas ontem, durante uma operação da Blitz Urbana, que contou com o apoio da Polícia Militar. A Prefeitura informou que se trata de uma área de mangue e de preservação ambiental.

Durante toda a manhã de terça-feira, 2, o movimento no local foi agitado. Muita fumaça, pneus queimados em represália ao despejo, via interditada, moradores carregando seus pertences, barracos sendo desocupados às pressas, casebres sendo destruídos, viaturas da polícia, e tensão. Em determinado momento policiais militares usaram spray de pimenta para conter os ânimos de alguns desabrigados mais exaltados e os conduziram para a delegacia do bairro.

O comandante do 8º Batalhão da Polícia Militar, major Clodoaldo Silva, disse que as equipes estavam no local para dar apoio à ação da Blitz Urbana. No primeiro momento, o trabalho estava sendo realizado de forma pacífica, mas ao longo da retirada, alguns ocupantes ficaram exaltados, houve tumulto e confronto e quatro deles foram levados para a delegacia. Não há registro de feridos.

A ação de retirada foi acompanhada pessoalmente pelo superintendente da Blitz Urbana, Arnaldo Bastos. Ele disse que essa ocupação irregular é recente e está em uma área de mangue e de preservação ambiental. “Nesse espaço não tem como serem erguidas moradias, pois é uma área de preservação ambiental. As palafitas estão sendo destruídas e retirados os moradores”, frisou Arnaldo Bastos. Há informes que os ocupantes da área eram remanescentes de outra invasão, localizada nas proximidades do Asilo de Mendicidade, que foi debelada recentemente.

Desabrigados
Thaíssa Barros, de 23 anos, é uma das desabrigadas. Ela disse que morava com seus dois filhos, menores, em um quarto, no São Francisco, mas foi morar debaixo da ponte por não ter mais condições de pagar o aluguel de R$ 280,00.

Ela ainda contou que está desempregada e recebe apenas um benefício do Governo Federal, que serve para comprar comida e remédios para os filhos. “Estou com os meus filhos na rua. Não tenho até o momento um local para morar e nem dinheiro. O pouco trocado que tinha, paguei uma pessoa para fazer o meu barraco”, desabafou.

Maria Oneide Lima, de 43 anos, contou que sempre morou em palafitas e chegou a se inscrever no Programa Minha Casa, Minha Vida, mas ainda não foi contemplada. “Espero ganhar um apartamento ou casa, mas até agora nada”, afirmou a desabrigada.

O barraco de Mateus Fonseca, de 25 anos, foi destruído, e ele conseguiu retirar apenas as suas roupas. Após o fato, ele pretende dividir um quarto com um amigo, para não morar na rua. “Não tenho trabalho e faço apenas bicos para conseguir um trocado. Agora, fiquei sem o meu teto e vou dividir um pedaço de espaço com um amigo. Esta é a minha situação”, declarou.

Sobre a presença de policiais militares no local, a Secretaria de Segurança Pública do Maranhão (SSP-MA), por meio da Polícia Militar do Maranhão (PMMA), informou que estava realizando uma operação de despejo no bairro da Ilhinha, em São Luís, para coibir a prática de crime ambiental.

Os ocupantes da área não aceitaram a saída do local, mesmo após tentativas de conciliação e mediação, para o recebimento do aluguel social. Quatro pessoas foram conduzidas para o 9° Distrito Policial, no São Francisco. A SSP informou, ainda, que há investigação de facção criminosa interessada em controlar a área para atividades criminosas.

SAIBA MAIS

Residencial

Ainda no começo do segundo semestre deste ano, mais de 256 famílias, que viviam em palafitas do São Francisco, foram contemplados com apartamentos do Residencial José Chagas, localizado no bairro Ilhinha.

Os moradores assinaram o contrato, e a entrega da chave do imóvel foi realizada na sede da Secretaria das Cidades e Desenvolvimento Urbano (Secid), contou com a presença do supervisor da Gerência de Habitação da Caixa Econômica Federal, Dori Edson Costa.

Ainda foi firmada uma parceria com a Equatorial para que os moradores fossem beneficiados com o programa de tarifa social. Também nesse local foi construída uma praça com quadras poliesportivas e brinquedos.

José Chagas

O Residencial José Chagas, localizado na avenida Ferreira Gullar, na Ilhinha, teve investimentos de cerca de R$ 20 milhões. São 8 blocos de 32 apartamentos, totalizando 256 unidades. O empreendimento vai abrigar famílias que moravam em palafitas na área que compreende o São Francisco, Ilhinha e Vila Jumento, em São Luís.

O conceito do projeto desse residencial foi construído com base nas normas de acessibilidade e pensado para que a disposição dos blocos possa possibilitar a integração entre os moradores, com acesso aos espaços de vivência, como praças e quadras. Além disso, as áreas do entorno dos conjuntos habitacionais possuem espaços destinadas para empreendimentos de áreas como saúde, educação e cultura.

Desocupação palafitas

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