Editorial

A falsa sensação

Atualizada em 11/10/2022 às 12h18

Passada a disputa eleitoral que elegeu prefeitos de várias capitais no país, a exemplo de São Luís que teve como vitorioso Eduardo Braide (Podemos), as atenções estão voltadas para as festas de fim de ano, mesmo com a pandemia da Covid-19 ainda ceifando vidas neste momento de relaxamento das medidas sanitárias. Distanciamento social já não existe e o uso de máscara vem sendo aos poucos descartado.

E casos novos são casos que fizeram teste. Então, se o número de testes vem diminuindo, na verdade muito possivelmente essa subida é mais pronunciada do que os números mostram. Mesmo as mortes são subnotificadas, isso no mundo todo.

O indicativo de que o Brasil está retomando o aumento de casos de contaminação e de morte coincide com o relaxamento de medidas de isolamento social, dando a falsa sensação de que o pior já passou. Um estudo aponta ainda uma queda no número de testes realizados, mascarando o número real de infetados e dificultando a tomada de decisões no combate à pandemia.

Recentemente, um grupo de pesquisadores brasileiros alertou para o que eles identificaram como o começo da segunda onda da pandemia no país. O estudo traz a assinatura de seis especialistas, de cinco universidades e institutos de pesquisas do país.

Com base nos números de casos e de mortes do Ministério da Saúde, eles concluíram que o pico da doença, no Brasil, se deu nos meses de julho a setembro. Depois disso, houve uma queda que durou até o início de novembro. O estudo afirma que “a situação no Brasil se deteriorou fortemente nas últimas duas semanas, e o início de uma segunda onda de crescimento de casos já é evidente em quase todos os estados, de forma particularmente preocupante nas regiões mais populosas do país”.

Além dos números de casos e mortes, os pesquisadores levaram em conta outros indicadores, como a taxa de transmissão da Covid, chamada Taxa R. O ideal é que ela fique abaixo de 1, mas em praticamente todos os estados a taxa está acima de 1,1.

Com base em todos esses números, o estudo faz algumas recomendações, entre elas, que os gestores públicos tomem decisões com base na ciência, que o governo federal estabeleça a coordenação central no planejamento com estados e municípios. Se acontecer aqui o que está acontecendo em diversos países em que a segunda onda é pior que a primeira, a saturação do sistema hospitalar pode ser muito séria. Pode faltar UTI em quantidade significativa, e a chance de uma pessoa morrer se precisar de UTI e não tiver UTI para internação é muito maior.

O Ministério da Saúde já avisou: uma vacina contra a Covid-19 não deve contemplar toda a população brasileira em 2021. A coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI) da pasta, Francieli Fontana, explicou que, como alguns grupos não estão participando dos testes das vacinas, não seria possível imunizar toda a população brasileira.

Por sua vez, o secretário-executivo Elcio Franco observa as limitações mundiais de produção. Ele diz que é uma meta bastante ambiciosa porque não se imagina que haverá vacina para todos os cidadãos do planeta. Quatro laboratórios estão fazendo testes no Brasil: Sinovac, Oxford e AstraZeneca, Janssen e BioNTech/Pfizer. As duas primeiras já têm algum acordo para fornecimento de doses da vacina contra o vírus.

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