''São Paulo disse sim ao equilíbrio e à moderação'', diz Covas após vitória

- Atualizada em 11/10/2022 às 12h18
​''O trabalho começa amanhã'', afirma Bruno Covas em discurso após ser reeleito prefeito de São Paulo
​''O trabalho começa amanhã'', afirma Bruno Covas em discurso após ser reeleito prefeito de São Paulo (Covas)

SÃO PAULO - No discurso após a vitória, Bruno Covas (PSDB), reeleito prefeito de São Paulo com 59,3% dos votos válidos, disse que a cidade votou pelo "equilíbrio", "moderação" e a "ciência". O tucano também afirmou que agora é "possível fazer política sem ódio".

“São Paulo disse sim ao equilíbrio e à moderação. (...) As urnas falaram e a democracia está viva. São Paulo mostra que faltam poucos dias para o obscurantismo e negacionismo. São Paulo disse sim à ciência e disse sim à moderação”, afirmou.

Neto do ex-governador Mário Covas, Bruno afirmou ser fruto da democracia, respeitar as instituições e fez um agradecimento especial ao vice Ricardo Nunes (MDB).

"Eu queria aqui fazer uma homenagem e um agradecimento especial ao meu vice Ricardo Nunes, que sofreu muito durante essa campanha. Mas esteja certo, Ricardo, que, a partir de 1º de janeiro, nós vamos governar e nós vamos mostrar pra São Paulo quem nós somos e qual é a nossa visão de mundo. Eu tenho certeza que todo sacrifício vai valer a pena, pelo trabalho que nós vamos desenvolver juntos na prefeitura. Muito obrigado, Ricardo", afirmou.

As principais críticas enfrentadas por Covas durante sua campanha foram em relação à escolha de Nunes para vice, cuja mulher registrou boletim de ocorrência em 2011 por violência doméstica. Nunes também é investigado por suposto envolvimento com esquema em creches. Covas afirmou que “coloca a mão no fogo” por Nunes, que “não responde a nenhum processo judicial, não há nenhuma denúncia no Judiciário.”

Ainda no discurso, 0 prefeito reeleito da capital afirmou que a partir desta segunda-feira (30) tem o "desafio de transformar a esperança em realidade" e acabar com divisões políticas nas cidade.

“Agora, é agradecer a confiança, todos aqueles que confiaram na nossa proposta. Agora é o desafio de transformar a esperança em realidade. São Paulo não quer divisões, não quer o confronto. Meu avô dizia que é possível conciliar política e ética, política e honra. Agora, acrescento, é possível fazer política sem ódio, fazer política falando a verdade”, declarou.

O discurso da vitória ocorreu na sede do diretório municipal do PSDB, nos Jardins, e houve aglomeração. Os jornalistas pediram para o partido manter apenas a imprensa no espaço, o que foi primeiramente atendido. Depois, Covas disse, em discurso, que, infelizmente "muitos jornalistas compareceram".

Covas derrotou o candidato Guilherme Boulos (PSOL), que teve 40,62% dos votos válidos, segundo a apuração do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de São Paulo (veja o resultado final da apuração aqui). O prefeito reeleito toma posse em 1º de janeiro de 2021.

Antes de Covas, o governador de São Paulo, João Doria, discursou e disse que o "PSDB foi de fato o grande vencedor nas eleições de São Paulo".

"O PSDB sabe conjugar união, não separa, não duvide. Agrega e soma. Nosso compromisso é a prioridade para a saúde. As eleições terminaram. Não há foco na eleição, mas em vacinação. Quero também o que foi registrado aqui, a necessidade de com a vacina imunizarmos os brasileiros", disse Doria.

Covas também foi acusado por seu adversário de “esconder” o padrinho político Doria, por causa da avaliação negativa do governador na cidade. Covas não realizou agendas conjuntas e nem apresentou Doria em suas propagandas de TV. Sobre as críticas, afirmou que “estranho seria o governador parar todos seus afazeres para fazer campanha para Prefeitura.”

Na comemoração da vitória, o presidente estadual do PSDB, Marco Vinholi, afirmou que a reeleição de Bruno Covas foi uma "vitória histórica pro PSDB, que hoje atinge 184 prefeituras".

"O PSDB governa o partido com o maior eleitorado do país. Foi uma vitória histórica que elege o maior número de mulheres no estado. Uma vitória da coerência do trabalho versus extremos, vitória também da união", declarou.

Vitória

O tucano foi reeleito com amplo leque de alianças políticas, formando coligação que engloba onze partidos (PSDB, MDB, PP, Podemos, PSC, PL, Cidadania, DEM, PTC, PV e PROS). O acordo garantiu o maior tempo de propaganda de TV no primeiro turno, mas não elegeu vereadores suficientes para formar maioria na Câmara Municipal (foram 25 das 55 cadeiras).

De acordo com dados parciais do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Covas foi reeleito com a campanha mais cara da capital: R$ 19,4 milhões até agora, quase seis vezes mais do que seu adversário no segundo turno, Boulos, que gastou R$ 3,4 milhões. Os candidatos podem prestar contas até dia 15 de dezembro.

A disputa do segundo turno foi acirrada. Embora o atual prefeito tenha liderado as pesquisas de intenção de voto desde o início, a diferença para o candidato do PSOL caiu na reta final. O crescimento de Boulos, no entanto, não foi suficiente para reverter o resultado nas urnas.

A pandemia do coronavírus influenciou a campanha, já que devido ao adiamento do calendário eleitoral os candidatos tiveram um período mais curto entre o primeiro e o segundo turno, de apenas quatorze dias. Ambos fizeram atividades online, entrevistas, encontros e atividades de rua – onde foram observadas aglomerações.

Houve apenas dois debates televisivos no segundo turno, sendo um deles em rede aberta. O debate na TV Globo, que estava marcado para acontecer na sexta-feira (27), foi cancelado após Guilherme Boulos testar positivo para a Covid-19.

Perfil

Bruno Covas Lopes tem 40 anos e nasceu em Santos. Ele é neto do ex-governador de São Paulo Mário Covas, que morreu em 6 de março de 2001, vítima de um câncer.

Advogado, Covas formou-se em Direito pela Universidade de São Paulo (USP) e também em Economia na Pontifícia Universidade Católica (PUC).

Na política, foi deputado estadual e atuou como secretário estadual de Meio Ambiente durante a gestão de Geraldo Alckmin (PSDB) no governo do estado, entre 2011 e 2014. Foi eleito deputado federal em 2014, deixando o cargo em 2017, quando aceitou concorrer com Doria na chapa do PSDB à Prefeitura de São Paulo.

Ele assumiu a prefeitura em 2018, quando Doria saiu para disputar o governo de São Paulo. O prefeito enfrenta desde 2019 um tratamento contra um câncer na cárdia, que é a região entre o esôfago e o estômago, com metástase no fígado e linfonodos.

Ele foi internado pela primeira vez no dia 23 de outubro de 2019, quando quadro de erisipela (infecção na perna), que evoluiu para trombose venosa profunda (coágulos). Os coágulos subiram para o pulmão, causando o que é chamado de embolia. Durante os exames para localizar os coágulos, médicos detectaram o câncer. O prefeito passou por sessões de quimioterapia e imunoterapia.

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