Cultura

Museu Cafua das Mercês volta a receber visitantes

Museu foi reaberto mas com restrições por conta da pandemia; visitações ocorrem mediante agendamento prévio e podem ser feitas às terça e quintas seguindo protocolos sanitários

Atualizada em 11/10/2022 às 12h18
cafua das Mercês virou museu nos anos 1970
cafua das Mercês virou museu nos anos 1970 (Cafua das mercês)

São Luís - Construído no século XVIII para receber os negros originários de vários portos africanos, a Cafua das Mercês, localizada na Rua Jacinto Maia, no Centro Histórico de São Luís, funcionou durante muitos anos como depósito de escravos que eram comercializados na capital e em outras cidades do Maranhão. Na década de 1970, o pequeno sobrado foi transformado em museu e após passar por uma reforma completa, está aberto à visitação. Por conta da pandemia, o local está aberto para o púbico apenas às terças e quintas-feiras, mediante agendamento prévio e de acordo com a procura.
O agendamento de visitas poderá ser feito via mensagem direta (direct) no Instagram do Museu Cafua (@cafua.ma) ou por meio do sistema Circuito de Visita Cultural da Secma, com link disponível no site da Secma (www.cultura.ma.gov.br). O museu disponibilizará ao público álcool em gel na entrada da casa e o uso de máscaras de proteção individual é obrigatório, bem como deverá ser respeitado o distanciamento social.
O Museu Cafua das Mercês é um prédio tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e é um dos poucos prédios das Américas onde funcionaram mercados de negros durante o período escravocrata, que permanecem com a estrutura intacta, como explicou a gestora do Museu Histórico e Artístico do Maranhão (MHAM), Amélia Cunha, também responsável pela administração de quatro anexos, entre eles o Museu Cafua.

Acervo
Além da exposição de acervo composto por objetos de cultos africanos e de religiões de matriz africana, como estatuetas, cabaças e tambores, o novo Museu Cafua das Mercês conta com mostra de peças do acervo de Jorge Itaci Oliveira, mais conhecido como pai Jorge Babalaô, um dos mais tradicionais babalorixás do Maranhão, que chegou a ser gestor do Museu antes de falecer em 2003.
“Conseguimos em regime de comodato, empréstimo de peças do antigo gestor da casa, que é um pai de santo muito famoso, o Jorge Babalaô. A família dele doou bastão, bengala, roupas de culto dele e colares de ponta”, detalha a diretora do espaço, Amélia Cunha.
O local também conta com peças do sincretismo religioso, como santos católicos, e uma mostra com a biografia de personalidades que lutam ou lutaram contra o racismo e em defesa da identidade negra no Maranhão.
Entre os homenageados estarão o próprio Jorge Babalaô, Victorina Tobias Santos, a Mãe Dudu, vòdúnsi que chefiou a Casa de Nagô (Casa de Tambor de Mina de São Luís) entre 1967 e 1988 e a jornalista e pesquisadora Maria Raimunda Araújo, mais conhecida como Mundinha Araújo, ativista do movimento negro e uma das fundadoras do Centro de Cultura Negra do Maranhão, em 1979.

Cafua
Em estilo colonial e de fachada uniforme, o prédio de dimensões pequenas dispõe de apenas uma porta principal, ladeada e encimada por seteiras centradas em nicho, constituindo as únicas aberturas de luz e ventilação do prédio, um dos principais indicadores da tirania da escravatura.
A edificação conta com um pátio interno e dois salões, onde estão abrigadas as peças do circuito de exposição permanente. O pátio interno é revestido de cantaria e cercado por um alto muro de pedras. Nesta área está instalada uma réplica do pelourinho de São Luís – no passado o original ficava localizado no Largo do Carmo.
Executada pela Secretaria de Estado da Cultura (Secma), a revitalização do prédio em estilo colonial incluiu reparos na parte estrutural da edificação, incluindo a reforma integral do telhado, paredes, implantação de novos sistemas hidráulico e elétrico e nova pintura.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.