Contágio

Taxa de transmissão da Covid-19 no Brasil volta a ficar acima de 1

Índice que mede o ritmo de contágio (Rt) passou de 0,68, em 10 de novembro, para 1,10 no balanço divulgado na terça-feira,17; o Brasil tem mais 166 mil mortes por coronavírus confirmadas até às 13h de terça-feira,17

Atualizada em 11/10/2022 às 12h18
Enfermeira trata paciente infectado com novo coronavírus, em hospital em São Paulo
Enfermeira trata paciente infectado com novo coronavírus, em hospital em São Paulo (Divulgação)

BRASÍLIA - A taxa de transmissão (Rt) do novo coronavírus voltou a subir no Brasil, aponta monitoramento do Imperial College de Londres, no Reino Unido. A atualização da estimativa foi divulgada na terça-feira.17, e considera dados coletados até a segunda-feira.16.

O relatório mostra que o índice está em 1,10. Isso significa que cada grupo de cem pessoas contaminadas transmitem o vírus para outras 110 pessoas. Os dados levam em conta a média das estimativas de mortes na comparação das duas semanas. Pelas estatísticas, essa taxa pode ser maior (até Rt = 1,24) ou menor (até Rt = 1,05).

Simbolizado por Rt, o "ritmo de contágio" é um número que traduz o potencial de propagação de um vírus: quando ele é superior a 1, cada infectado transmite a doença para mais de uma pessoa e a doença avança.

Além da estimativa do Imperial College de Londres, pesquisadores brasileiros também monitoram o Rt. Em outro acompanhamento, pesquisadores da Universidade de São Paulo e da Universidade Estadual Paulista perceberam que no começo de novembro aconteceu uma mudança na tendência da transmissão. A curva de contágio voltou a subir, um reflexo do aumento nas internações, em meados de outubro.

No estado de São Paulo, a taxa de transmissão está acima de 1 (1,05), o que indica tendência de aceleração nas infecções. As projeções mostram que ela deve chegar, na próximo segunda-feria, a 1,11. Na capital, o índice está ainda mais alto. A tendência é que passe dos atuais 1,36 para 1,41.

Números no Brasil

O Brasil tem 166.101 mortes por coronavírus confirmadas até as 13h de terça-feira,17, segundo levantamento do consórcio de veículos de imprensa a partir de dados das secretarias estaduais de Saúde. O número é o segundo maior do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.

A média móvel de novas infecções nos últimos 7 dias teve uma variação de +59% em relação aos casos registrados em duas semanas. Esse percentual é o maior desde 3 de junho.

Professor da Faculdade de Saúde Pública da USP, o epidemiologista Eliseu Waldman pondera que ainda é cedo para constatar se o novo pico de Covid-19 está caracterizado.

"Provavelmente, esse aumento se deu por uma abertura muito rápida, sem que a população obedeça os protocolos estabelecidos, como uso de máscara ou lavar as mãos. Hoje, você vê shoppings e restaurantes, que são ambientes fechados, cheios", afirma. "Precisamos acompanhar com cuidado e esperar uns 14 dias para ver qual curva se mantém e se ela sugere um aumento exponencial."

Segunda onda

Na hipótese de segunda onda de Covid-19, pesquisadores avaliam que há circunstâncias mais e menos favoráveis no país em relação ao início da pandemia em fevereiro. Por um lado, existe maior disponibilidade de equipamentos nas unidades de saúde, a exemplo de respiradores que foram adquiridos por municípios e Estados, e do conhecimento médico sobre a doença. Por outro, hospitais teriam de lidar com demandas simultâneas de procedimentos que foram suspensos por causa do coronavírus e dificilmente poderiam ser adiados de novo.

"Os serviços, hospitais e equipes de UTI estão melhor preparados e não teríamos muito problema, por exemplo, com EPIs (equipamentos de proteção individual)", afirma Waldman. "Mas tenho dúvidas se teríamos a mesma capacidade de aumentar o número de leitos para covid neste momento. Na pandemia, procedimentos médicos e cirúrgicos ficaram represados e estão sendo realizados agora. Há uma série de quadros graves, como pacientes de neoplasia ou diabetes descompensada, que não podem ser postergados indefinidamente."

Mortalidade

O médico sanitarista Walter Cintra Ferreira, que é professor de gestão em saúde da FGV-SP, também analisa que há maior conhecimento técnico sobre tratamento do coronavírus. "As equipes de saúde estão atendendo melhor, tanto que a mortalidade está caindo", diz. "Agora, se houver uma segunda onda é um fato muito crítico, porque a gente nem sequer conseguiu sair da primeira."

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