Relação diplomática

"Amigo'' de Trump, presidente da Turquia felicita Biden pela vitória

Erdogan era, ao lado de Bolsonaro, Putin e Xi Jinping, um dos poucos líderes mundiais que ainda não havia parabenizado Biden pela resultado na eleição americana

Atualizada em 11/10/2022 às 12h18
O governo do presidente turco Erdogan reconhece vitória de Joe Biden
O governo do presidente turco Erdogan reconhece vitória de Joe Biden (Turquia)

ANCARA - O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, felicitou ontem, 10, Joe Biden, que foi projetado como vencedor da eleição presidencial dos Estados Unidos, e disse esperar que os laços entre Ancara e Washington se reforcem.

"As provas que estamos enfrentando em escala mundial e regional tornam necessários o desenvolvimento e o reforço das nossas relações", declarou Erdogan em uma mensagem publicada pela presidência turca.

Com a vitória de Biden, o presidente turco provavelmente não será mais capaz de influenciar as decisões da Casa Branca com um telefonema, como fazia com "seu amigo" Donald Trump, que não conseguiu se reeleger.

Analistas consideram, no entanto, que o futuro presidente americano não vai marginalizar a Turquia, que desempenha um papel importante na região, mas as relações com o aliado estratégico da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) serão baseadas em novas regras, mais rigorosas.

Trump é conhecido por seu fascínio por líderes que governam com mão dura, como Erdogan, a quem apresentou como "amigo", mas isso não impediu que os dois países passassem por crises nos últimos anos.

Crises na relação

A deterioração nas relações começou após um golpe fracassado na Turquia em 2016. O país pede aos EUA que extraditem Fethullah Gülen, que reside na Pensilvânia e é acusado de ser o mentor da tentativa de golpe.

Os dois países também divergem sobre uma milícia curda apontada como "terrorista" por Ancara, mas apoiada por Washington na luta contra o grupo Estado Islâmico na Síria.

Em meio a discordâncias sobre operações na Síria, Trump chegou a ameaçar "destruir totalmente" a economia da Turquia se Erdogan "passasse dos limites". O vínculo pessoal entre Trump e Erdogan, entretanto, ajudou a limitar os danos na relação.

Rússia, China e Brasil

Erdogan era um dos poucos líderes mundiais, ao lado de Jair Bolsonaro (Brasil), Vladimir Putin (Rússia) e Xi Jinping (China) que ainda não parabenizaram Biden pela vitória.

O Kremlin afirmou na segunda-feira,9, que Putin vai esperar o anúncio do resultado oficial da eleição presidencial nos EUA para felicitar o vencedor porque a vitória de Biden é questionada por Trump.

"Consideramos que é correto esperar os resultados oficiais das eleições. Quero recordar que o presidente Putin disse em várias ocasiões que respeitará a escolha do povo americano", afirmou o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Wang Wenbin, afirmou também ontem que "percebemos que o senhor Biden declarou vitória eleitoral".

"Entendemos que o resultado das eleições presidenciais americanas será determinado de acordo com as leis e procedimentos dos EUA", se limitou a dizer o porta-voz. Em 2016, Xi Jinping parabenizou Trump no dia seguinte à eleição.

Outras concessões

Outro aliado de Trump que já parabenizou Biden pela vitória foi o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. "Parabéns Joe Biden e Kamala Harris. [...] Estou ansioso para trabalhar com vocês dois para fortalecer ainda mais a aliança especial entre os EUA e Israel".

Netanyahu afirmou ter "uma relação pessoal calorosa por quase 40 anos" com o presidente eleito dos EUA — "eu o conheço como um grande amigo de Israel" —, mas também agradeceu Trump "pela amizade".

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