Pandemia

Estudo da Fiocruz alerta para risco de segunda onda de Covid-19 em São Luís

Infectologista Fabrício Silva Pessoa, do Hospital Universitário Presidente Dutra, diz que mesmo boa parte da população que já contraiu a doença e adquiriu anticorpos está suscetível a uma recaída

Atualizada em 11/10/2022 às 12h18
Aglomerações como as que ocorrem na Rua Grande aumento o risco de uma segunda onda de Covid-19 na capital
Aglomerações como as que ocorrem na Rua Grande aumento o risco de uma segunda onda de Covid-19 na capital (segunda onda)

SÃO LUÍS- Uma segunda onda de Covid-19 em São Luís não está descartada, pois a capital maranhense está entre as que apresentam sinais moderados de crescimento para a tendência de longo prazo, acompanhado de sinal de estabilização na tendência de curto prazo. A constatação é da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), instituição de pesquisa e desenvolvimento em ciências biológicas com sede no Rio de Janeiro.

A análise é referente à Semana Epidemiológica 43 (de 18 a 24 de outubro) e tem como base os dados inseridos no Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe até o dia 27 deste mês. Entre os resultados positivos para os vírus respiratórios, cerca de 97,7% são em consequência do novo coronavírus. Assim como Belém, Florianópolis, Fortaleza, João Pessoa, Macapá e Salvador, São Luís já completa pelo menos um mês com manutenção do sinal de crescimento na tendência de longo prazo em todas as semanas.

Em 12 das 27 unidades federativas, a Fiocruz observou tendência de longo prazo com sinal de queda ou estabilização em todas as respectivas macrorregiões de saúde. Nos demais 15 estados, ou seja, Amapá, Pará e Tocantins (Norte), Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, e Sergipe (Nordeste), Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo (Sudeste), Rio Grande do Sul e Santa Catarina (Sul), e Mato Grosso do Sul (Centro-Oeste), há ao menos uma macrorregião estadual com tendência de curto e/ou longo prazo com sinal moderado ou forte de crescimento.

Segundo o infectologista Fabrício Silva Pessoa, do Hospital Universitário Presidente Dutra, inclusive boa parte da população que já contraiu a doença e adquiriu anticorpos está suscetível a uma recaída. “Isto porque é provável que não tenham mais anticorpos. Além disso, há a parcela da população que ainda não foi acometida. Acredita-se que apenas 40% da população tenha pego o novo coronavírus, segundo alguns testes, que também, não são totalmente confiáveis, ou seja, esse percentual pode ser menor ou maior”, explica o infectologista, acrescentando que o fato de as pessoas não terem uma imunidade prolongada assusta um pouco.

Fabrício alertou para o fato de que os casos em algumas capitais brasileiras podem voltar a subir no mês de dezembro e em outras cidades, mais para frente. “Há que se levar em conta, ainda, a mutação genética do vírus, algo que já se constatou em países da Europa. No Brasil, neste período, há fatores como as eleições municipais, o retorno das aulas presenciais nas escolas, o relaxamento das medidas sanitárias e as aglomerações”, frisou.

Inquérito sorológico

Em entrevista coletiva concedida na última sexta-feira, 30, o governador Flávio Dino anunciou os resultados preliminares da segunda etapa do inquérito sorológico, realizado pela Secretaria de Estado da Saúde (SES). Nesta edição, 5.100 pessoas foram testadas.

“Nós temos a presença de anticorpos em 38% das pessoas analisadas, portando confirmando até aqui a primeira fase do inquérito sorológico, que identificou anticorpos em 40% da população”, afirma o governador.

Ainda de acordo com Flávio Dino, os dados são relevantes para que confirme se o primeiro inquérito sorológico e para que se permita o componente a mais para análise, o que leva em conta o fator R, o índice de transmissão, a taxa de óbito, taxa de ocupação hospitalar e o planejamento de ações.

O governador ressaltou sobre a segunda onda da Covid-19 na Europa e informou que o Maranhão está há 133 dias com taxa de contágio abaixo de 1 em relação ao novo coronavírus. “Há elementos de preocupação e isto demanda uma atitude prática, porque nós temos, talvez um sinal de que aquilo que está acontecendo na Europa pode vir acontecer no Brasil, começando na Amazônia, onde grande parte do Maranhão se insere’’, conta governador.

Segundo Dino, ainda não há razões para medidas sanitárias, pois, de acordo com ele, existe uma queda de número de pessoas internadas na rede estadual em decorrência da Covid-19.

Teste em doentes crônicos

Desde a última terça-feira, 3, pessoas com doenças crônicas podem fazer o agendamento para realização do teste rápido de detecção da Covid-19 no Centro de Testagem, (CT) da Beira-Mar. O atendimento precisa ser agendado pelo aplicativo ‘Procon MA’, site do Procon (www.procon.ma.gov.br) ou pelo Disque Saúde (3190-9091).

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), são consideradas doenças crônicas as seguintes enfermidades: doenças cardiovasculares, respiratórias, diversos tipos de câncer, entre outras.

Serão agendados 100 atendimentos por dia, das 8h às 16h, de segunda a sexta-feira, exceto feriados. É obrigatório apresentar um documento que comprove a doença crônica, como por exemplo, laudo médico, receituário, passe livre e declaração, além de um documento oficial com foto e cartão do SUS.

Campanha leva testes ao Coroadinho

Amanhã (6) e sábado (7), serão realizados os testes de Covid-19 da Campanha Bora Testar no bairro Coroadinho, em São Luís. O projeto, que tem como objetivo levar teste de diagnósticos às 10 maiores favelas do país, já percorreu as comunidades de Paraisópolis (SP), Heliópolis (SP), Cidade Tiradentes (SP) e Rocinha (RJ). Além da aplicação dos testes rápidos (IgM/IgG) para identificar a presença do novo coronavírus, a campanha desenvolve uma pesquisa para mapear os impactos da pandemia nas comunidades.

Como aconteceu nas outras comunidades, o Coroadinho foi dividido por setores censitários demarcados pelo IBGE para que o alcance da campanha seja proporcional e a pesquisa seja um retrato preciso do impacto do coronavírus na favela. Serão 400 casas visitadas, de porta em porta, dentro de quatro quadrantes e 55 setores, para triagem e encaminhamento para teste. A campanha tem patrocínio da empresa de mídia Outdoor Social, com parceria da agência de comunicação LatAm Intersect PR.

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