Comportamento

Briga entre irmãos: é normal ou é preciso intervir?

Controlar os sentimentos é parte do processo de aprendizado das crianças e família tem um papel importante durante esse período

Atualizada em 11/10/2022 às 12h18
Othon Júnior, psicólogo do Hapvida Saúde, diz que isso faz parte do processo de aprendizagem
Othon Júnior, psicólogo do Hapvida Saúde, diz que isso faz parte do processo de aprendizagem

SÃO LUÍS- Recentemente, um vídeo de duas crianças brigando por que uma apagou a velinha do bolo da outra, viralizou na internet. As meninas são irmãs e era o aniversário da mais nova.

Conforme o vídeo foi viralizando, muitas pessoas riram, muitos tomaram partido de uma das irmãs e outros criticaram as atitudes das crianças como se estivessem julgando um adulto.

Para o Psicólogo do Hapvida Saúde, Othon Júnior, o vídeo é um misto de emoções vivido pelas meninas e ele viu na internet muita gente exigindo comportamento de adulto de duas crianças.

“Na verdade isso é um equívoco, falaram que uma era mal educada, orgulhosa e que a outra sentia raiva. São cobranças de uma regulação emocional de duas crianças que ainda não tem capacidade cognitiva psicológica para conseguir administrar suas próprias emoções. As meninas do vídeo estão na segunda infância e é justamente nesse período que elas começam a aprender a regular suas emoções. Então exigir de uma criança um comportamento de adulto é no mínimo uma ignorância”, afirma o psicólogo.

As crianças são muito instintivas, elas expressam o que sentem e sempre reagem de maneira sincera e espontânea, mas o comportamento das meninas no vídeo faz parte do processo de aprendizagem que todos nós passamos.

“O que a gente pode aprender com a situação é que sim, esse tipo de comportamento pode acontecer. Ele é errado? Não. Ele faz parto do processo de desenvolvimento humano. Quem nunca, quando era criança não teve vontade de apagar uma velinha, ou sentiu inveja do brinquedo de uma outra criança? Então, o egocentrismo e o narcisismo fazem parte do processo de desenvolvimento nessa fase, esse tipo de situação vai fazer parte do aprendizado da criança. Após essa experiência, os pais ou responsáveis precisam orientar, conversar com as crianças, fazer um processo educacional, para elas entenderem o que elas sentiram, fazer elas entender que as irmãs não podem usar de violência e agressividade”, explica Othon Júnior.

E é pela conversa que a Camila Queiroz, nutricionista, mãe de quatro crianças, orienta os filhos. Samuel de 6 anos, Esther de 4, Eloah de 2 e José de 1 ano, ela faz um trabalho preventivo, sempre conversando e explicando que eles são irmãos e precisam aprender a dividir e conviver juntos.

“Eu converso muito com eles, para eles entenderem que precisam dividir as coisas, que eles precisam compartilhar por que eles são irmãos, mas que cada um tem sua individualidade. Por exemplo, se um quiser o brinquedo do outro, ele precisa pedir antes e o outro precisa deixar. Então eu trabalho muito isso com eles” diz a mãe.

Os filhos da Camila também ficam nervosos e se alteram, mas a mãe está sempre perto e intervém quando necessário.

“Eu estou sempre atenta, olhando as brincadeiras, monitorando as reações deles. Quando eu vejo que os ânimos estão mais aflorados, que eles estão falando mais alto, aí eu faço a minha intervenção, peço para falar mais baixo, para conversar e resolver o problema juntos. As vezes preciso tirar o brinquedo, desligar a televisão até que eles se acalmem e se resolvam” relata.

Camila orienta e sempre é vigilante com os quatro filhos
Camila orienta e sempre é vigilante com os quatro filhos

Orientação
Qual análise que deve ser feita diante de um momento agressivo como esse do vídeo? É o que questiona a pedagoga do Centro Universitário Estácio São Luís, Thalyta Fróes. Para ela, sentir raiva é normal, externar esse sentimento de forma violenta é o problema.

“Os pais ou responsáveis devem mostrar às crianças que diante de uma situação que não lhe agrade, ela precisa reagir com calma. Outra questão é verificar a raiz desse comportamento, se foi por um trauma, uma impulsividade ou foi uma frustração. Às vezes a criança recorre à violência por auto defesa, mas também devemos lembrar que esse comportamento pode ser aprendido em casa, pode ser um momento em que a criança está mostrando que ela aprendeu no seio familiar” destaca a pedagoga.

Saiba mais

Não responda a agressividade da criança sendo agressivo também.

Baixe o tom de voz, pedir que a criança se acalme.

Mostrar para a criança que aquela explosão de raiva afeta outras pessoas, que isso pode magoar ou machucar alguém.

Em contrapartida essa criança que agride pode se sentir mal, sozinha, triste. É importante fazer a correção do ato para que a criança tenha segurança para se corrigir.

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