Expansão

Ponte Bandeira Tribuzi abriu caminho para nova expansão e para o progresso de São Luís

Inaugurada no início da década de 80, a estrutura possibilitou acesso a outras áreas de São Luís, que foram desbravadas para moradia e por empreendedores de segmentos econômicos diversificados

Thiago Bastos / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h18
Ponte Bandeira Tribuzi foi mais um vetor de expansão e desenvolvimento da cidade
Ponte Bandeira Tribuzi foi mais um vetor de expansão e desenvolvimento da cidade (bandeira tribuzi)

Nas décadas de 1950 e 1960, o Maranhão passava por transformações. Além do projeto de inclusão de importante polo siderúrgico e portuário para desafogar a produção, a cidade sofria intervenções na infraestrutura. Eram várias as obras cujos impactos positivos seriam revertidos anos mais tarde.

Além de estruturais, como a Barragem do Bacanga, uma obra marcante e registrada em 1970 – e cuja história fora contada nas páginas de O Estado no início deste ano – foi a Ponte José Sarney (ou Ponte São Francisco). Capitaneada por homens, como Vicente Fialho, o ex-governador José Sarney e tantos outros então jovens abnegados e que vislumbravam um futuro melhor para a cidade, a ponte serviu de acesso para uma parte da Região Metropolitana.

Bairros como o Renascença e São Francisco passaram a emergir a partir da consolidação da obra. Meia década depois, durante a gestão do então governador do Maranhão, Pedro Neiva de Santana, projetistas consolidaram a ideia de construção de um novo acesso auxiliar a estrutura do São Francisco.

Com a elevação nos índices populacionais, a cidade carecia de novos projetos de expansão e, portanto, começou a ser executada outro acesso que levava da região Central, passava pela Camboa e seguia para bairros como o Bequimão.

Era o início da construção da ponte que, à época, era denominada de “Ponte Nova” e que, anos mais tarde, recebeu o nome do ensaísta, jornalista, poeta e um dos fundadores de O Estado, Bandeira Tribuzi.

As histórias e os bastidores que marcam a construção desta importante via serão contados nas próximas linhas. A cronologia vai desde a interrupção dos serviços, passando pela retomada do projeto durante a gestão do então governador do Maranhão, João Castelo e consolidação da via como uma das que indicam expansão da cidade.

A primeira parte das obras: o pensamento de expansão

Durante a gestão do então governador maranhense, Pedro Neiva de Santana, que governou o Estado entre os anos de 1971 e 1975, a fase inaugural de concepção da Ponte Bandeira Tribuzi começou a emergir. Com a fixação no início da década de 1970 da Ponte São Francisco e consolidação do crescimento demográfico para o “outro lado da cidade”, engenheiros e outros técnicos ligados à gestão estadual elaboraram uma proposta para o erguimento de uma nova ponte, paralela à mais antiga.

A concepção, em geral, sempre foi a mesma – ou seja, fazer uma ponte cujo nível seria acima do braço do Rio Anil. Além da Ponte do São Francisco, a capital já apresentava à população a ponte do Caratatiua, que atualmente liga bairros como Maranhão Novo e adjacências ao restante da cidade.

Aliás, esta foi a primeira das três pontes (Caratatiua, São Francisco e Bandeira Tribuzi) erguidas em sequência cronológica. Construída durante o governo Sarney, a ponte do Caratatiua também foi fundamental para o início de expansão urbanística da capital.

De acordo com relatos de jornais da época em que começaram as obras na Tribuzi, coube à uma empreiteira de nome “Concisa” o pontapé das obras. Quanto à ponte Tribuzi, problemas na consolidação dos serviços surgiram no meio do caminho.

O relato de quem acompanhou o complemento das obras na Tribuzi

Em 1979, o Maranhão passa a ser administrado pelo ex-governador e já falecido, João Castelo Ribeiro Gonçalves. Ao tomar posse a partir do dia 15 de março daquele ano, o então novo gestor começa a fomentar – com sua equipe de trabalho – iniciativas para o desenvolvimento social e, principalmente, na infraestrutura do Estado. Antes da implantação de obras como a construção do Complexo Castelão e execução de projetos de habitação, Castelo recebe em seu gabinete o pedido de verificação da obra até então “inacabada” da Ponte Nova.

Anos antes, apenas dois pilares foram erguidos. O Estado conversou com Antônio José Britto, ex-secretário de Fazenda do governo Castelo e integrante da equipe que ergueu a Ponte Bandeira Tribuzi. Segundo ele, um desentendimento anterior à gestão Castelo entre a empresa executora e o poder público foi o fator responsável pela interrupção dos trabalhos. “Quando o governo Castelo assumiu, houve um novo contato com a empresa e as obras foram retomadas”, disse.

De acordo com Britto, atualmente com mais de oito décadas de idade e com uma memória que reviveu os fatos como se tivessem acabado de acontecer, a segunda e derradeira fase dos serviços durou aproximadamente um ano e meio. “Foi um desafio reunir recursos para esta importante obra para a cidade”, frisou.

Durante os trabalhos, os operários atuaram em regime máximo de concentração e mobilização. Antes disso, não havia definição para o nome da Ponte. Segundo os executores, em regra, a discussão ficou em segundo plano. Com o falecimento do “poetinha” Tribuzi, em comum acordo, chegou-se à escolha.

A definição do nome da ponte: um consenso Sarney/Castelo

Em 1979, ano da aplicação do projeto da ponte até então ainda denominada de “Nova”, por falta de opção, dois mentores dos trabalhos – o então governador maranhense João Castelo e o ex-gestor estadual José Sarney – sugeriram para que a nova via recebesse a referência de um dos nomes mais importantes da literatura e jornalismo locais. Com ascendência nos dois campos, Bandeira Tribuzi era, sem dúvida, um baluarte e referência no conhecimento e um dos “bambas” da comunicação local.

Com formação europeia, graças à estadia em Coimbra (POR), Tribuzi rapidamente surge como uma das mentes mais brilhantes de uma sociedade em que efervescia cultura e campos intelectuais. Quem confirma a indicação para o nome da ponte foi o ex-secretário Antônio Britto. “Houve esta sugestão e ela, por questões óbvias, foi acatada por todos os envolvidos”, disse.

Tribuzi falecera dois anos antes da retomada das obras na ponte, em 8 de setembro (aniversário de São Luís) de 1977, deixando uma lacuna entre fãs e admiradores. No jornal Correio Braziliense, por exemplo, de 14 de setembro de 1977, o amigo Edson Vidigal teceu algumas palavras a Tribuzi.

Ele se referiu de forma dura ao falecimento súbito de um dos fundadores de O Estado, ao dizer que “tombou o poeta Bandeira Tribuzi”. Outros autores, como Jomar Moraes, Josué Montello, Carlos Cunha e tantos outros teceram algumas linhas em prol do poeta Tribuzi que, com sua morte, passou a ser ainda mais reverenciado.

Escolhido o nome e executada a obra, o dilema a partir de então era conciliar o ato solene com fortes convicções políticas e antagônicas.

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