Legado

Poeta Carlos Cunha será homenageado em recital nesta sexta-feira (23)

Professor e jornalista Carlos Cunha faleceu há três décadas e para homenagear seu legado, será realizado um recital na Praça dos Poeta, com transmissão pela internet

Atualizada em 11/10/2022 às 12h18
Carlos Cunha durante um dos recitais do qual participou
Carlos Cunha durante um dos recitais do qual participou (Carlos Cunha)

São Luís - Há 30 anos, morria o poeta, jornalista, escritor, historiador e educador Carlos Cunha, um dos membros da Academia Maranhense de Letras (AML). Ele faleceu aos 57 anos, no dia 22 de outubro de 1990. Para homenageá-lo, haverá um recital, hoje, às 20h, com transmissão pelo canal do projeto Inspire e Comunique, no Youtube. O cenário não poderia ser mais inspirador, a Praça dos Poetas, no Centro de São Luís.
O recital foi idealizado pelas jornalistas Wanda Cunha (escritora e poetisa), Franci Monteles e Yndara Vasques e o produtor cultural Paulinho Dimaré. O evento conta com o apoio da Secretaria de Estado da Cultura e terá presença de atores, declamadores e da família do poeta homenageado.
Carlos Cunha empresta seu nome a uma das vias mais movimentadas de São Luís, a Avenida professor Carlos Cunha, no bairro Jaracati, que liga a cidade antiga à parte nova, na confluência com outros dois imortais das letras: a ponte Bandeira Tribuzzi e Avenida Ferreira Gullar.
Muito além de obras físicas estruturantes, sua ligação com Bandeira Tribuzzi em vida atravessou décadas. Foi por ocasião da amizade com Tribuzzi que Carlos Cunha colaborou por anos no jornal O Estado do Maranhão onde escreveu sobre a história da política maranhense. Neste jornal, lançou artistas como Jesus Santos, na pintura; e Luís Carlos, na escultura. Também, em parceria com Bandeira Tribuzzi, lançou o poeta Luís Augusto Cassas.
Carlos Cunha atuou de forma direta na cultura do Maranhão e coexistiu como se fosse muitos. Poeta romântico, simbolista e moderno; jornalista independente; professor autêntico; historiador aguçado; trovador revolucionário e um declamador sem mestre; crítico literário e um estudioso que transpôs as fronteiras acadêmicas comportadas.
Além do jornalismo e literatura, também deu grande contribuição à educação, chegando a fundar o Colégio Nina Rodrigues. “Carlos Cunha não fora penas um ótimo literato de São Luís e um ativista cultural. Uma das grandes coisas que temos ainda que resgatar da memória de Carlos Cunha é a sua condição de educador. Foi um excelente educador e ajudou muitos alunos no Maranhão. Tinha o colégio Nina Rodrigues, na Rua do Sol, próximo ao teatro Arthur Azevedo. Muitos garotos que não tinham condições de estudar acabavam por procurá-lo e ele os recebia no colégio. Era um historiador extraordinário, um trovador maravilhoso, sonetista excelente e um declamador maravilhoso”, observa o jornalista e poeta João Batista do Lago.
Era considerado um jornalista polêmico, pois combatia, por meio de suas crônicas, o sistema e os malversadores do dinheiro público; e, por meio de suplementos literários e prefácios, divulgou e incentivou jovens escritores anônimos e defendeu os direitos da sociedade em que vivia.
Ingressou no jornalismo aos 17 anos, no Jornal Pequeno. Escreveu também para o Jornal O Imparcial e Jornal do Dia. Redigiu editoriais para a Radio Timbira, Emissora Oficial do Estado e fundou o seu próprio jornal na década de 80 com o nome Jornal Posição, com o seguinte slogan: “o jornal que não suja as mãos nem a consciência”.
Por suas faces de jornalista polêmico e combativo e de poeta romântico-simbolista, Carlos Cunha recebeu dois cognomes: boca do inferno, numa analogia ao Gregório de Matos, e O Caçador da Estrela Verde, em ressonância ao seu livro de memórias publicado ainda em vida, em 1986. De um lado, inspirou inimizades; de outro, angariou amigos e admiradores.
A obra de Carlos Cunha é vasta, sendo ele um dos representantes máximos da literatura maranhense contemporânea, contribuindo para a autenticidade da cultura regional. Chegou a publicar mais de 26 livros, alguns dos quais foram reeditados; e, em outros, ele lançou diversos autores nas Edições Mirantes, selo editorial que ele criou para divulgar autores maranhenses.

Formação
Formado em História e Geografia pela Faculdade de Filosofia do Maranhão, foi membro da Academia Maranhense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão e pertenceu à Academia Brasileira de Trovas, à União Brasileira de Escritores e à Associação Brasileira de Imprensa.
Fundou a Academia Maranhense de Trovas, na qual fora empossado presidente no dia 3 de maio de 1969, na sede da Academia Maranhense de Letras, em sessão solene presidida pelo então governador do Estado, José Sarney. Também vitalizou a Associação Maranhense dos Novos, divulgando os seus contemporâneos em suas Edições Mirante, que serviram de subsídios para a sua antologia, Poesia Maranhense Hoje ou Cinquenta anos de Poesia, comparável a Novos Atenienses, de Antônio Lobo.
Primogênito do casal Carlos José da Cunha e Edith Campos Cunha, Luiz Carlos da Cunha nasceu no dia 18 de maio de 1933, em São Luís. Passou a infância até a fase adulta, casado e pai de família no Monte Castelo, no antigo Areal ou Rominha, bairro ao qual dedicou alguns de seus versos, entre eles, Punhal de Aurora. Casou-se com Plácida Jacimira Cabral com quem teve oito filhos.
De origem humilde, o menino frequentou a escola pela primeira vez aos sete anos de idade, no Instituto Zoe Cerveira e de lá, ingressou no Colégio Marista, atual Colégio Maranhense, onde iniciou antigo primário e concluindo-o no Grupo Escolar Raimundo Correia. Estudou na Academia de Comércio, onde cursou Técnico em Contabilidade, à noite, porque trabalhava durante o dia. Antes de ingressar no mundo das letras, trabalhou como ajudante de pedreiro, vendedor de café na rinha do galo de Dudu Bessa, lavador de carro e servente de loja. l

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