Artigo

Senador Chico Rodrigues, um caso de ''cu''rrupção

Atualizada em 11/10/2022 às 12h18

Caro leitor, peço permissão para abordar um assunto mal cheiroso, logo pela manhã, que não é invenção minha, e nem fruto do realismo fantástico, gênero literário que vez ou outra lanço mão para escrever crônicas; mas real, ou retal?, vergonhoso e degradante.

O senador da República, Chico Rodrigues, (DEM-RR), ex-governador de Roraima, 69 anos, foi pego, em casa, em ação policial, com R$ 33.100, grande parte da grana, nas nádegas. Digo nádegas para ser elegante com os senhores, leitores.

Seria cômico se não fosse trágico, o dinheiro encontrado nas entranhas do senador, segundo a Polícia Federal, é fruto de corrupção, desvio de R$ 20milhões, do dinheiro liberado no período de emergência de combate ao coronavírus. Detalhe, esse senhor fazia parte da comissão de combate à Covid-19 no Senado Federal.

A operação realizada em Roraima mirou desvio de recursos públicos para o enfrentamento à Covid-19 no estado. Rodrigues é um dos principais aliados de do presidente Jair Bolsonaro no Legislativo e membro da tropa de choque do Planalto, além de vice-líder no Senado do presidente Jair Bolsonaro, seu amigo de mais de 20 anos.

Como tudo o que é ruim pode piorar, há um histórico de dinheiro de origem criminosa encontrado em roupas íntimas: em 2005 um assessor do deputado José Guimarães (PT-CE) foi pego, no aeroporto de Congonhas, São Paulo, com cem mil dólares na cueca. Depois dessa, José Guimarães virou líder do PT na Câmera Federal.

Em 2014 a doleira Nelma Kodama foi presa pela PF, a mando da Lava Jato, com 200 mil euros, na calcinha, tentando embarcar para a Europa, no aeroporto de Guarulhos.

De acordo com informação da PF enviada ao Supremo Tribunal Federal, o parlamentar Chico Rodrigues inovou. Dos R$ 33.100 na cueca, R$ 15 mil em maços de dinheiro estavam entre as nádegas. Já tinha ouvido falar em cocaína no ânus, mas dinheiro é a primeira vez. Isso que é aplicar nos fundos, literalmente.

"Ao tentar esconder os maços de dinheiro, evitando sua localização e apreensão pelas autoridades policiais, o senador buscou frustrar a coleta de evidências imprescindíveis para a continuidade da investigação” diz relatório da PF.

Por ordem do ministro Luís Roberto Barroso, do STF, o senador foi afastado de suas funções por 90 dias, e o vídeo da PF, com o flagrante do dinheiro nas suas partes íntimas não foi liberado. Uma pena.

O presidente Bolsonaro, que alardeava que em seu governo não havia corrupção, teve que abrir mão de seu vice-lider Chico Rodrigues, com quem dizia ter “quase uma relação estável”, após prometer “voadora no pescoço” de quem for corrupto no governo. Além de se vangloriar dizendo que acabou com a Lava-Jato porque “não tem mais corrupção no governo”. Esqueceu apenas da “quase uma união estável”, com Chico Rodrigues. Como acontece nas relações duradouras, os dois já trocaram muitos favores. O senador empregou um sobrinho do presidente como aspone, com salário de R$ 23 mil.

Vergonhoso vê que em plena pandemia nossa “elite”, sempre ela, não respeitar nem a dor e número de mortos que tivemos no país, roubar até os recursos que eram para combater a Covid-19. Definitivamente não aprendemos nada com a peste do coronavírus. O que era ruim, piorou. O que era tétrico ficou escatológico, com um senador da República enfiando dinheiro em suas entranhas.

Está provado que nossa corrupção além de endêmicas, epidêmica, sistêmica, é ambidestra.

Somos motivo de chacota no mundo todo, jornais e TVs internacionais mostram o senador que foi apanhado em flagrante tentando esconder dinheiro ilegal da maneira mais baixa já registrada nos anais policiais envolvendo nossas excelências.

A que ponto de degradação moral chegamos, e o que pode ser pior ainda?

Já que o presidente Jair Bolsonaro, em seus rompantes verborrágicos, diz ter acabado com a operação Lava Jato, por não existir mais corrupção no governo, e em homenagem ao amigo Chico Rodrigues, pai da ‘cu’rrupção, sugiro a criação da “Lava Toba” ou “Lava Rabo”.

Ironia, 15 de outubro, data em que o dinheiro foi achado nos fundilhos do senador Chico Rodrigues é o “Dia Mundial de lavagem das mão”. Amigo, leitor, lave bem as mãos, tem muito dinheiro sujo em circulação no país.

Pobre Brasil, não é pra rir, mas para chorar pelo que morreram por conta de tanta canalhice, descaso, desvio de dinheiro público e nenhum respeito e empatia pelo próximo.

Luiz Thadeu Nunes e Silva

Engenheiro agrônomo, Palestrante, viajante, visitou 143 países

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