Causa Animal

Projeto fará castração de animais abandonados de forma gratuita

Ação é iniciativa da Vara de Interesses Difusos e Coletivos de São Luís, em parceria com o Hospital Universitário da Uema; serão castrados 12 animais em situação de abandono por dia, sendo nove machos e três fêmeas

Kethlen Mata/ O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h18
Animais que perambulam pelas vias da Ilha, em geral, não são castrados
Animais que perambulam pelas vias da Ilha, em geral, não são castrados (animais de rua)

São Luís – Estima-se que cerca de 30 milhões de cães e gatos estejam vivendo na rua em todo o Brasil, de acordo com os dados mais recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS). Não existe uma estimativa para o Maranhão, mas em uma simples caminhada pelas cidades, é possível ver grande quantidade de animais perambulando. A maioria desses bichinhos não é castrado, o que aumenta o número de nascimentos de novos filhotes, e consequentemente, a superpopulação de animais sem casa. A Vara de Interesses Difusos e Coletivos de São Luís, por meio do juiz Douglas de Melo Martins, deu início, nesta segunda-feira, 19, a um projeto que vai promover a castração gratuita para animais em situação de abandono. Serão 12 animais atendidos por dia, e quem vai realizar os procedimentos é o Hospital Veterinário da Universidade Estadual do Maranhão (Uema).

O objetivo principal do projeto é controlar a natalidade dos animais, pois sem esse controle, se torna quase impossível arranjar um lar para tantos cães e gatos em situação de rua. “Não existe uma campanha de esterilização, então todos os dias mais animais estão reproduzindo, e mais protetores precisam adotar”, ressaltou o juiz Douglas de Melo, em publicação nas redes sociais. Essa iniciativa vai servir, também, como uma espécie de teste. “Posteriormente, se essa parceria da Vara de Interesses Difusos e Uema for exitosa, seguiremos com outros projetos em parceria com a Uema, que também ajudem no bem-estar animal em municípios de jurisdição da Vara”, completou.

Como vai funcionar?
Organizações não governamentais (ONGs), e protetores independentes, vão ser os responsáveis por encaminhar os animais até o Hospital Veterinário. Como já citado, serão 12 por dia, em um esquema de rodízio. O projeto vai funcionar de segunda a sábado, e exclusivamente nas segundas, quartas e sextas-feiras, machos serão castrados. De 12, nove machos serão atendidos, além de três fêmeas, nos demais dias da semana a castração será apenas para fêmeas. “A cirurgia da fêmea é mais invasiva, e se a gente conseguir castrar todos os machos obviamente não há reprodução. O macho sofre menos, além de tudo, requer internação e o custo é bem mais alto”, frisou o juiz.

Será uma ONG, ou protetor independente por dia, escolhidos previamente. Somente entidades cadastradas na Vara serão atendidas pelo projeto. O juiz Douglas de Melo explicou que as cadastradas são aquelas que já participaram de audiência como amicus curiae (amigo da corte, ou amigo do tribunal). “Além disso, é preciso ter um controle e agendamento previamente definido para não ocorrer nenhum transtorno”, afirmou o magistrado.

O investimento para o projeto é da Vara de Interesses Difusos e Coletivos da Ilha, o Hospital Veterinário também terá gastos, mas apenas com insumos para o procedimento.

SAIBA MAIS

AJUDA BEM VINDA

As entidades beneficiadas estão muito animadas com o projeto, pois a maioria pagava as castrações com dinheiro do próprio bolso, agora esses investimentos poderão ser feitos em outras melhorias para os animais. Karina Leda Borjas, fundadora e presidente da ONG “Dindas Formiguinhas”, conversou com a equipe de O Estado, e contou como aderiu ao projeto. “Nós já participamos de várias audiências na Vara de Interesses Difusos e Coletivos da Ilha de São Luís. Nestas audiências sempre demos nossa opinião sobre o bem-estar animal. Quando ele fez o convite desta vez, atendemos e também levaremos animais abandonados para castração”. Com a castração fica mais fácil conseguir que os bichinhos sejam adotados posteriormente. “Estamos felizes com o projeto. Esperamos que seja ampliado para outras necessidades dos animais. Tem muita carência nesta área de bem-estar animal. Vamos dar nossa contribuição levando os animais nos dias agendados. É um grande marco para os animais e principalmente para todos os envolvidos”, disse Karina Borjas.

PENA MAIOR

Recentemente a causa animal teve mais um ajuda, quem cometer crime de maus-tratos contra animais pode ser punido com reclusão de dois a cinco anos, além de multa e proibição de guarda. A Lei 14.064, que aumenta a pena para quem maltratar cães e gatos, foi sancionada pela Presidência da República e publicada, no último dia 30 de setembro, no Diário Oficial da União.

A Lei 14064 de 2020, foi batizada de “Lei Sansão”, em homenagem ao cão pit bull que teve as patas traseiras decepadas. A Lei é originária do projeto de Lei 1095 de 2019 de autoria do Deputado Federal Fred Costa. Segundo a advogada Renata Reis, a lei traz inovações na proteção de animais domésticos.

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