Para 133 países

OMS vai disponibilizar 120 milhões de testes rápidos de Covid-19

Teste utilizado vai detectar antígenos - as proteínas do novo coronavírus (Sars-CoV-2) - e deverá mostrar resultados em 15 a 30 minutos, segundo a entidade, que também pontuou 4 situações para o uso dos exames

Atualizada em 11/10/2022 às 12h18
Amostras de sangue de pacientes são vistas em um teste de vacinas
Amostras de sangue de pacientes são vistas em um teste de vacinas (Amostras de sangue)

GENEBRA - A Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou, ontem, 28, que vai disponibilizar 120 milhões de testes de Covid-19 para 133 países de baixa e média renda em um período de seis meses. A OMS não informou se eles serão oferecidos no Brasil, mas disse que os testes ficarão disponíveis em "muitos países" na América Latina.

Os testes usados serão os de antígenos, aqueles capazes de identificar as proteínas da superfície do novo coronavírus (Sars-CoV-2). Eles deverão mostrar resultados em 15 a 30 minutos, segundo a OMS. A entidade pontuou 4 situações em que o uso dos exames pode ser particularmente útil:

Segundo a líder técnica para a Covid-19 da OMS, Maria van Kerkhove, os testes de antígenos funcionam melhor quando o paciente tem uma alta quantidade de vírus (carga viral) no corpo – 2 dias antes do início dos sintomas até 5 a 7 dias depois da apresentação deles.

Van Kerkhove explicou que os testes podem ser usados de forma conjunta com os do tipo PCR, que detectam o material genético do vírus em uma amostra.

Assim como os testes PCR, os testes de antígenos identificam o vírus diretamente, porque detectam proteínas específicas que ele produz e que aparecem na superfície dele.

Os testes PCR, entretanto, podem levar tempo até apresentarem os resultados – porque precisam ser levados a um laboratório e analisados, o que pode demorar dias, lembrou a líder técnica. Já os testes de antígenos não precisam de um laboratório.

"Muitos países não têm acesso a um resultado rápido de amostras de PCR", disse van Kerkhove. "As amostras precisam ser levadas a um laboratório, e pode levar horas ou dias para chegarem. Os testes de antígeno podem ser muito úteis, e são feitos ao lado do indivíduo", esclareceu a técnica.

Ela também pontuou que, apesar de os testes não serem "perfeitos", muitos estão funcionando bem em questão de sensibilidade (capacidade de identificar os pacientes infectados com o vírus) e especificidade (capacidade de identificar os pacientes que não estão infectados com aquele vírus).

Os mecanismos dos testes de antígenos e dos testes PCR são diferentes dos testes de anticorpos – que identificam, como o nome diz, os anticorpos que o corpo produziu contra o Sars-CoV-2. Esses tipos de teste também são considerados "testes rápidos", e têm sido usados amplamente no Brasil.

No entanto, como os anticorpos demoram um tempo até serem criados pelo corpo, os testes que os detectam não são ideais para fazer o diagnóstico da doença – porque uma pessoa pode estar infectada e, no entanto, receber um resultado negativo (porque, apesar de ter o vírus no corpo, ainda não criou os anticorpos).

Os testes de anticorpos são úteis, entretanto, para estudos epidemiológicos – que estimam, por exemplo, quantas pessoas em um determinado local já tiveram contato com o vírus e já desenvolveram anticorpos para ele. No Brasil, isso vem sendo feito pela EpiCovid, análise nacional que é liderada pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), no Rio Grande do Sul.

Distribuição

Os testes serão fabricados pelas empresas SD Biosensor e Abbot, e o volume será garantido por meio da Fundação Bill e Melinda Gates. Cada teste custará US$ 5, cerca de R$ 28.

O Fundo Global, uma parceria internacional de financiamento em saúde, irá contribuir, inicialmente, com US$ 50 milhões para a iniciativa (cerca de R$ 283 milhões), retirados do mecanismo de apoio à Covid-19.

Segundo Catharina Bohme, diretora da Fundação para Novos Diagnósticos Inovadores (FIND, na sigla em inglês), da OMS, a verba permitirá aos países comprar, pelo menos, 10 milhões de testes. As primeiras compras serão feitas nesta semana.

De acordo com Bohme, a Unitaid, uma iniciativa de saúde global, e o Centro de Controle de Doenças da África (CDC, na sigla em inglês) vão ajudar a lançar os testes em até 20 países africanos a partir de outubro.

O diretor executivo do Fundo Global, Peter Sands, afirmou que o anúncio dos testes é "um grande passo em direção à alocação mais justa de diagnósticos".

"Neste momento, países de alta renda estão conduzindo 292 testes por dia a cada 100 mil habitantes. Os países de renda média alta, 77 a cada 100 mil; os de média baixa, 61; e os de baixa renda, 14", comparou.

"Eles [os testes de antígenos] não são uma bala de prata", alertou o diretor do fundo, "mas extremamente valiosos como um complemento aos testes PCR, pois, embora sejam um pouco menos precisos, são muito mais rápidos, baratos e não requerem um laboratório", ponderou

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