Monitoramento

10% das queimadas registradas no estado ocorreram em Mirador

Dados do INPE apontam que o município é o mais atingido por queimadas em 2020, no Maranhão; 951 focos já foram registrados contabilizados até setembro

Kethlen Mata/ O Estado MA

Atualizada em 11/10/2022 às 12h18
Área de mata que foi devastada por queimada registrada no povoado Santana, no município de Mirador
Área de mata que foi devastada por queimada registrada no povoado Santana, no município de Mirador (queimada em Mirador)

MIRADOR - O município maranhense de Mirador, o 4° maior em extensão territorial, localizado a 485 Km da capital, possui até o dia 22 de setembro, 951 focos de queimadas registrados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), sendo assim, a cidade do Maranhão com maior número de queimadas em 2020, em segundo lugar vem Balsas, com 583 focos. Mirador também ocupa a 19° posição no ranking nacional de municípios com maiores números de registros, sendo uma lista de 30 cidades. De acordo o chefe do Laboratório de Meteorologia do Núcleo Geoambiental (NuGeo), Gunter de Azevedo Reschke, as queimadas têm ligação direta com o clima do estado.

Na última semana, o povoado de Santana, que fica a 25 Km de Mirador, passou por uma triste situação envolvendo as queimadas que assolam a região, algumas pessoas chegaram a perder suas casas. Alciane Galvão mora na sede, porém, seus pais residem no povoado atingido, segundo ela, o fogo não chegou até a residência do casal, mas consumiu tudo que tinha ao redor. “Eles chegaram a ver animais correndo do fogo”, ressaltou ela. Os moradores da região tentaram sozinhos controlar as chamas, mas não conseguiram, ao todo, o incêndio durou uma semana. Alciane comenta que as queimadas acontecem todos os anos no povoado de Santana, no entanto, este ano parece ser castigado em maior intensidade em comparação com anos anteriores. Em 2019, Mirador registrou 1190 focos, apenas 239 casos a mais que o já contabilizado até setembro de 2020.

O Estado entrou em contato com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais (SEMA), para questionar sobre a origem dessas queimadas, em nota a secretaria disse, que trabalha com o monitoramento e fiscalização de áreas onde ocorram queimadas e incêndios florestais, entretanto, não há registro de todas as queimadas realizadas de forma criminosa no Maranhão, tendo em vista utilizar também como base para o monitoramento, informações disponibilizadas no Portal do INPE, para as quais inexiste detalhamento quanto à criminalidade ou não dos focos de calor detectados pelos satélites.

A SEMA informou ainda, que o procedimento inicial quanto às queimadas ilegais e incêndios florestais, deve-se entrar em contato com o Corpo de Bombeiros Militar do Maranhão, através do número 193, e denunciar SEMA através dos fones (98) 3194-8900, (98) 3194-8909, para que possam ser realizados monitoramento e fiscalização.

Clima

O chefe do NuGeo explicou a O Estado que o clima do Maranhão tem influência direta na quantidade de queimadas registradas anualmente.“Nós temos praticamente duas estações aqui no Maranhão, estação seca e estação chuvosa. Então, a partir de maio, por exemplo, já se inicia a estação seca, pelo sul do estado do Maranhão, e a partir de julho já começa em praticamento todo o estado, mas especificamente em agosto”

Ele afirma que a falta de chuva nessa época do ano é um agravante da situação. Analisando os dados do INPE, é verificável que a incidência de focos de incêndios começam a se intensificar a partir do mês de julho, indo até novembro em um ritmo crescente.“Praticamente as chuvas extintas, quase sem nenhuma ocorrência, muita incidência de radiação solar, consequentemente a umidade relativa do ar é reduzida em determinada região, aumentando a temperatura, além disso, ainda tem outro fator, o aumento da velocidade dos ventos, então qualquer fagulha, ou até um vidro que esteja em uma área seca, pode gerar uma combustão, ocasionando uma queimada”

Áreas de Proteção Ambiental

No banco de dados do INPE também há registros de focos de queimadas em áreas de proteção ambiental (Apas), conforme a SEMA, o Maranhão guarda 15 áreas de reserva ambiental, dessas, três já sofreram com focos de incêndios em 2020, um total de 206, representando 2,3% do total.

Com 132 (64,1%) focos, a Apa da Baixada maranhense, está em primeiro lugar com mais registros, essa Apa compreende os municípios de Conceição do lago-açu, Porto rico do Maranhão, Turilândia, Altamira do maranhão, Olho d’água das cunhãs, Bacurituba, Cajapió, Cajari, Viana, Bacabal, Lago verde, Alcântara, Matinha, Presidente Sarney, Peri Mirim, São Luís, Matões do Norte, São Vicente Ferrer, Pio XII, Santa Inês, Mirinzal, Pedro do rosário, Pinheiro, Santa Helena, Monção, Turiaçu, Bela Vista do Maranhão, Guimarães, São Bento, Central do Maranhão, Bom jardim, Pindaré-Mirim, Vitória do Mearim, Palmeirândia, São João Batista, Bacabeira, Serrano do Maranhão, Penalva, Arari, Bequimão, São Mateus do Maranhão, Igarapé do Meio, Olinda Nova do Maranhão, Anajatuba, Santa Rita, Cedral, e Satubinha.

Em segundo, aparece a Apa da Foz do Rio das Preguiças com 50 focos (24,3%), que possui aproximadamente 269.684 hectares, e está inserida em uma zona de transição entre os biomas Cerrado e Caatinga, Costeiro e Marinho, abrangendo os municípios de água doce do Maranhão, Araioses, Barreirinhas, Paulino Neves e Tutóia, além das 3 (três) milhas náuticas ou 5,5 km além da linha de costa. A Apa dos Morros Garapenses, que está em uma zona de transição entre os biomas Cerrado e Caatinga, abrangendo os municípios de Buriti, Duque Bacelar, Coelho Neto e Afonso Cunha, contabiliza 24 focos de queimadas (11,7%).

SAIBA MAIS

Territórios Indígenas

Outro dado importante é sobre focos de queimadas em territórios indígenas do Maranhão, que até o momento contam 1018 focos, sendo 218 no território Porquinhos dos Canela-Apãnjekra, o território Kanela também apresenta um número grande de registros, com 174 focos, o terceiro com mais focos é o território Krikati, contando 135 queimadas.

Biomas

No maranhão, o bioma mais afetado é o Cerrado, com 7737 focos, ou seja, 87,9% do total, o bioma Amazônia em segundo lugar com 1006 (11,4%) queimadas, e a Caatinga com 63 (0,7%).

Números

8806 focos no Maranhão

951 focos em Mirador

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