Artigo

TV Brasileira, no ar há 70 anos

Luiz Thadeu Nunes e Silva

Atualizada em 11/10/2022 às 12h18

Deve-se à ousadia e pioneirismo do paraibano Francisco de Assis Chateaubriand, dono dos Diários Associados, à inauguração há exatos 70 anos da extinta TV Tupi de São Paulo. Naquele 18 de setembro de 1950, 22 aparelhos de televisão foram instalados em pontos de São Paulo e no saguão dos Diários Associados. À noite, o ator Walter Forster fez o anúncio definitivo: "Está no ar a PRF-3, TV Tupi de São Paulo, a primeira estação de televisão da América Latina". Como narra o jornalista Fernando Morais na biografia Chatô: O Rei do Brasil, a transmissão inaugural foi feita de modo improvisado, apesar dos vários ensaios.

O programa de estreia, “Show na Taba”, era de variedades e protagonizado por artistas como Wilma Bentivegna, Walter Foster, Lia de Aguiar, Lima Duarte, Romeu Feres, Lolita Rodrigues, entre outros. Lima Duarte, aos 90 anos, é o único vivo.

Nasci oito anos após a chegada da TV no Brasil, mas ainda peguei-a em preto-e-branco, assistindo em uma modalidade não mais existente, o televizinho, aquele que assistia TV na casa dos outros. Só Fomos ter um aparelho de TV Admiral, em casa, em 1971.

Menino, em férias em Rosário, era na praça da matriz, sentado na calçada, que acompanhei a maior atração da época: Redenção, da extinta TV Excelsior, transmitida pela Difusora, a mais longa novela brasileira, exibida em dois anos, 596 capítulos.

Minha infância foi marcada pelos desenhos animados da dupla Hanna Barbera:

Os Flintstones, Zé Colmeia, Os Jetsons, Corrida Maluca, Scooby-Doo e Smurfs., além de Tom & Jerry, imperdíveis. Os seriados Perdidos no Espaço,(1965), Jeannie é um Gênio (1965), Os Waltons (1972), Swat(1975), Dallas (1978).

O padrão de programação uniforme para todas as afiliadas foi criado pela TV Globo, na gestão de Boni e Walter Clark. A estreia do Jornal Nacional, em 1969, foi um passo importante nesse sentido, com o Brasil todo assistindo ao mesmo programa. Só foi possível graças à Embratel, empresa estatal, inaugurara um sistema de micro-ondas que possibilitava a exibição simultânea. A emissora de Roberto Marinho alcançou a liderança em audiência a partir daí, com uma linha sólida de jornalismo, futebol, teledramaturgia e programas de auditório. Assim a Globo virou a Hollywood brasileira, a Vênus Platinada, a emissora do PLIM PLIM.

Nossas telenovelas, de tão boas, viraram produto de exportação. A Escrava Esaura, estrelada por Lucélia Santos e Rubens de Falcon, foi vista em quase todo o mundo, e campeã de audiência em Cuba, China e Portugal. Na terra de Camões, nossas gírias influenciaram o modo de falar lusitano.

Foi pela TV que assisti o homem pisar na Lua, a queda do Muro de Berlim, e o atentado do 11 de setembro nos Estados Unidos. As emocionantes e nunca superadas corridas de Airton Senna, nas manhãs de domingo. Acompanhamos as Copas do Mundo de Futebol, e o maior show da terra, o desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro.

Aos 70 anos, a TV brasileira está em um ponto de renovação, tanto pela multiplicidade de mídias quanto por fatores econômicos e até mesmo sociais, como a pandemia.

Em meio a smartphones, lives, plataformas de streaming e segundas telas, parece difícil dimensionar qual foi o impacto da chegada da televisão ao Brasil. Enquanto qualquer pessoa pode transmitir de casa o próprio canal nos dias de hoje e até criar uma programação, uma geração de diretores, técnicos e atores precisou aprender a fazer televisão e inventar uma linguagem, iniciando uma aventura que mudaria os rumos e a cultura do país.

Viciado em notícias que sou, para quem começou assistindo TV em praça pública, a tecnologia evoluiu tanto, que hoje tenho um canal de TV no YouTube, onde compartilho vídeos de minhas andanças pelo mundo.


Luiz Thadeu Nunes e Silva

Engenheiro-agrônomo e viajante, já visitou 143 países em todos os continentes

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