Epicovid-19

Imperatriz tem taxa de infecção 11 vezes maior do que a registrada em São Luís  

Capital registrou o menor índice de transmissão dentre as 5 cidades do Maranhão incluídas no estudo da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), com financiamento da Fapema de São Paulo e da iniciativa privada

Kethlen Mata/ O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h18
Pesquisador coleta amostra de sangue de participante do estudo em Imperatriz
Pesquisador coleta amostra de sangue de participante do estudo em Imperatriz (amostra de sangue)

SÃO LUÍS - A quarta fase do Estudo de Evolução da Prevalência de Infecção por Covid-19 no Brasil (Epicovid-19-BR), coordenado pela Universidade Federal de Pelotas, foi divulgada na última quinta-feira, 17, a pesquisa foi realizada entre os dias 27 e 30 de agosto, pouco depois da conclusão da terceira fase. Segundo os números divulgados, o percentual de infecção da Covid-19 em Imperatriz é de 4,4%, enquanto na capital São Luís, esse número é de 0,4%, 11 vezes menor, o que também indica desaceleração na taxa de transmissão da doença na capital.

O Epicovid-19-BR é o maior estudo sorológico sobre coronavírus no país. Na última coleta de dados, o IBOPE Inteligência realizou 33.250 entrevistas e testes rápidos, em 133 cidades do Brasil, cinco delas no Maranhão: São Luís, Caxias, Bacabal, Presidente Dutra e Imperatriz. Em cada município, 250 pessoas foram selecionadas de forma aleatória, com base nos critérios do IBGE. As quatro etapas do estudo já testaram mais de 120 mil pessoas.

O principal dado encontrado no mapeamento é que a pandemia realmente apresentou desaceleração no país. Nesta etapa, a pesquisa estima que a proporção de pessoas com anticorpos para o coronavírus na população diminuiu de 3,8% (margem de erro de 3,5 a 4,1%) ao final de junho, para 1,4% (margem de erro de 1,2 a 1,6%) ao final do mês de agosto. Das 133 cidades mapeadas, cinco dessas foram do Maranhão.

Resultados para o Maranhão

Das cinco cidades maranhenses incluídas no estudo, São Luís apresentou a menor taxa de infecção: 0,4%. Na outra ponta está Imperatriz, com 4,4%, índice 11 vezes maior do que a capital. Presidente Dutra registrou taxa de 2%, Bacabal teve 1,6% e Caxias em a taxa de infectados foi de 1,2%.

Como é possível ver nos números, Imperatriz é, disparada, o município maranhense com maior percentual de infecção, levando em consideração os municípios pesquisados. Já São Luís, que até o fechamento desta edição apresentava 20.107 casos de Covid-19, de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (SES), foi a que mostrou menor índice.

Mensagens principais

A pesquisa também destacou outros quatro pontos importantes. A interiorização da pandemia; a mudança do padrão etário dos infectados, com predominância entre crianças e idosos; maior vulnerabilidade de pretos e pardos; e a infecção duas vezes maior entre os mais pobres.

A maior taxa de infecção apresentada por Imperatriz pode ser a constatação da interiorização da pandemia. Levando em conta, ainda, os boletins da SES, que também informam o número de casos confirmados em outras cidades, além da Grande Ilha e Imperatriz, verifica-se uma maior quantidade de registros, pelo menos nos últimos meses.

Também no inquérito sorológico, foi detectado que a maior parte dos casos positivos registrados foram de pessoas pretas e pardas. O mesmo em relação à renda dos infectados. De acordo com a pesquisa da SES, 40,8% dos entrevistados têm renda inferior a R$ 1.000,00, a mesma conclusão do Epicovid-19-BR.

Divergência

Os dados apresentados pelo Epicovid-19-BR divergem dos números divulgados pelo inquérito sorológico realizado pela SES em parceria com a Universidade Federal do Maranhão (UFMA). A taxa de prevalência da Covid-19 na grande ilha, segundo o inquérito, é de 39%. O professor e infectologista Antônio Augusto de Moura da Silva, que também é coordenador do inquérito sorológico, explica que essa divergência se deve ao método de testagem utilizado pelo Epicovid-19-BR.

“Essa taxa de prevalência do Epicovid-19 está bem abaixo da prevalência real. O teste rápido com sangue de ponta de dedo está com baixa taxa de detecção. No inquérito sorológico estadual usamos sangue venoso e um método mais sensível. A prevalência foi de 40% no estado e 39% na ilha. Não estimamos o valor em Imperatriz. Na segunda fase do inquérito vamos estimar prevalência na Ilha e em Imperatriz”, comentou.

Ele disse ainda, que a segunda fase do inquérito vai privilegiar a cidade de Imperatriz, já que o município apresentou um aumento no número de internações recentemente. A segunda fase do estudo realizado pela SES em parceria com a UFMA será veiculado no final do mês de outubro.

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