Artigo

Começou a campanha

Steffano Silva Nunes

Atualizada em 11/10/2022 às 12h18

Com o encerramento das convenções partidárias entramos agora, de fato, no período da campanha eleitoral para elegermos os prefeitos e vereadores do Brasil. A partir desse momento teremos a política de volta à nossa pauta de conversas com uma força um pouco maior que a habitual. As eleições provocam essa mudança de rotina, necessariamente.

A eleição de caráter municipal nos envolve com mais proximidade. O prefeito e os vereadores são os políticos mais ligados ao convívio popular, pelo menos em tese, pois a base da nossa estrutura geográfica é o município. Praticamente todo mundo conhece um candidato a vereador. Em algumas cidades pequenas a rotina é profundamente alterada no período eleitoral.

No mínimo existem dois polos de disputa em cada município. Arregimentar “cabos eleitorais” é decisivo no resultado do pleito. Chega a alterar a economia local. Ao mesmo tempo em que gera alguns postos de trabalho temporários, outras atividades produtivas sofrem recuo nessas pequenas cidades, pois a “política” acaba sendo uma ponta de esperança para uma nova colocação no mercado de trabalho, através da conquista de uma assessoria ou outra forma de cargo público obtido através de uma nomeação, e lá se vai a antiga atividade produtiva, abandonada provisoriamente por conta da busca do sonho de dias melhores no serviço público ou na política propriamente dita.

Mas considerando o nível recorde de desemprego atual no país, seria até alvissareiro que a campanha eleitoral pudesse ajudar gerando alguns postos de trabalhos, nem que fossem temporários.

Mesmo trazendo sempre algumas novidades, há uma essência nas campanhas políticas que acaba se mantendo sempre. Na nossa cidade, São Luís, costumam surgir aqueles imensos bandeiraços que ocupam os retornos nos finais de semana e que também se fazem presentes nas grandes avenidas e até mesmo nas nossas pontes, inclusive nos dias úteis. Eu trago comigo a desconfiança de que esses bandeiraços, cada vez maiores, podem se constituir em uma certa “compra de votos” camuflada, em alguns casos. Em várias ocasiões parecem desumanos. A bandeira, instrumento de divulgação do candidato e do seu número, não raro, é utilizada como um anteparo para proporcionar alguma sombra para aqueles humildes propagandistas, pois alguns bandeiraços são realizados no auge do meio-dia, com o sol a pino como é costume por aqui. O assistencialismo também é utilizado muitas vezes sem limites.

Um amigo deputado que nessa semana esteve em alguns municípios a pedido de correligionários que são candidatos e ficou impressionado com a aglomeração das pessoas, me disse que se ainda não pegou o coronavírus, dessa última viagem não escapa. Ele fez de tudo para se manter na distância aconselhável, no entanto, as aglomerações o impediam. Mas também relatou que houve um momento interessante desse périplo, que lhe deu uma esperança, passageira, de que algumas coisas poderiam mudar.

Falava para um grupo e notou que um dos ouvintes estava mais atento a tudo que proferia. O discurso era de que a política precisa ir a um patamar superior de comprometimento de todas as pessoas a começar pelos políticos. Ao terminar, o ouvinte atento caminhou em sua direção com os braços abertos no intuito de lhe tacar aquele abraço. O medo da Covid-19 foi menor que aquele gesto de carinho e o deputado aceitou o abraço motivado principalmente pela receptividade do seu discurso inovador e ouviu no mesmo instante o eleitor lhe sussurrar no ouvido: “Deputado, concordo com tudo que o senhor falou, mas o que eu estou precisando mesmo é de um milheiro de tijolos...”


Steffano Silva Nunes

Médico veterinário e estudante de Economia

E-mail: steffanonunes@gmail.com


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