Artigo

A quase morte mais para morte do que para quase

José Linhares Jr/Jornalista

Atualizada em 11/10/2022 às 12h18

No dia 14 de julho fui submetido às pressas a uma cirurgia cardíaca. Tive uma espécie de ruptura da principal via cardíaca. Risco de morte absurdo e aumentando a cada hora sem a intervenção cirúrgica. Sentia medo de morrer, tinha orgulho da vida breve que vivi e lamentava muito pelo meu filho que iria crescer sem mim. Chorei, sorri, refleti.

No último dia 14 de setembro voltei ao trabalho. Neste fim de semana, mais especificamente no dia 19 de setembro, é datado o Dia Mundial de Conscientização da Dissecção de Aorta (o problema que tive). Acredito que passados dois meses de muita dor e angústia e em meio ao simbolismo do calendário, este é o momento mais pertinente para escrever sobre o assunto.

Pois bem, desde o nascimento do meu filho eu costumava me gabar de uma sensação que, literalmente, fazia sentir o sangue dentro do meu coração quando ao lado dele em algumas ocasiões. “Eu sinto o sangue no meu coração quando estou com o meu filho”, escrevia nos stories completamente ignorante da situação.

Não se tratava apenas de amor de pai para filho, mas de uma mistura de um problema genético chamado Síndrome de Marfam e proteção divina. E, por favor, não me peçam para conter ou limitar as palavras. O fato é que eu quase morri. E não foi aquela quase morte mais para quase do que para morte. Definitivamente foi mais para morte do que para quase.

Bem, entre meus momentos de reflexão tive mais certezas do que dúvidas. Arrogância? Não, não creio. A valorização de valores como amor, integridade, honestidade e gratidão deveriam ser certezas absolutas no mundo em que vivemos. Sabemos que não são. Da mesma forma que tenho, faz tempo, a certeza de que não sou um santo e que, caso me fosse dada uma outra chance (sim, já tive outras), deveria pegar essas certezas e fazê-las mais presentes no meu comportamento.

Então, agora é hora de exercitar minha gratidão. A Deus eu agradeço todos os dias. Aqui eu gostaria mesmo de agradecer aos homens, mulheres e as coisas que me ajudaram a superar a morte.

Primeiramente ao Hospital UDI, rebatizado para Rede D’or São Luís, e ao Plano de Saúde Bradesco. A velocidade do plano em autorizar o procedimento foi fundamental, bem como o empenho da diretoria da Rede D’or. Eles possibilitaram as ferramentas que outros usaram para salvar minha vida. Na pessoa do diretor Augusto César Passanezi, obrigado.

Agradeço aos médicos que me atenderam nas pessoas dos cirurgiões Vinicius Nina e Marco Aurélio. Aos enfermeiros, técnicas, zeladoras, fisioterapeutas, camareiras, copeiras e todos os que trabalham naquela UTI eu gostaria de agradecer nas pessoas dos enfermeiros Fábio e Marcos Fortes. Depois de Deus, eu devo a vocês a minha vida. Muito obrigado, pessoal.

Também sou muitíssimo grato aos que mandaram mensagens de apoio, visitaram, ligavam todos os dias, faziam videochamadas e colocaram-se à disposição e agiram de forma direta ou indireta pela minha recuperação. Todos os que sem saber, e os que sabendo, acabaram garantindo um pouco mais de vontade de viver ao meu corpo combalido e meu espírito arredio. Fernando, valeu muito mesmo!

Não morri, estou vivo. Estou vivo, filho. Te amo muito. Mais que tudo. Estou aqui por você.

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