Primeira infância

Baixo peso de bebês e mortalidade infantil preocupam na capital

Pesquisa mostra que cerca de 9% dos bebês que nascem na capital tem menos de 2,5 quilos e taxa de mortalidade infantil até um ano de idade é um dos mais altos entre as capitais do país, em 69%

Bárbara Lauria / Equipe O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h18
Baixo peso de bebês é um dos indicadores desfavoráveis em São Luís
Baixo peso de bebês é um dos indicadores desfavoráveis em São Luís (peso baixo bebê)

São Luís – Dados divulgados pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal mostram que São Luís é uma das capitais com maior taxa de mortalidade infantil de crianças com até um ano de idade (69%), e está acima da média nacional em relação a casos de crianças com peso abaixo do ideal (8,95%). A média nacional de mortalidade é de 66,65%, já a média brasileira de baixo peso é de 8,50%. A pesquisa faz parte do projeto Primeira Infância Primeiro que permite conferir dados sobre cuidados, serviços e o desenvolvimento de crianças de 0 a 6 anos de cada um dos 5.570 municípios do país.

“A ciência prova que não há investimento na saúde, na educação, na economia e no âmbito da segurança pública tão eficaz quanto aquele feito para cuidar da primeira infância, a fase que vai do nascimento aos 6 anos de vida. Uma criança protegida e bem cuidada nessa fase se torna um adulto com hábitos de vida mais saudáveis, com melhor desempenho na escola, maiores chances de empregos melhores na vida adulta bem como menores chances de se envolver em situações de risco ou com qualquer tipo de crime”, destacou a fundação.

De acordo com a pediatra e neonatologista, Samille Nogueira, as principais causas de óbito nos primeiros anos de vida é a ausência do pré-natal, desnutrição, síndromes genéticas e acidentes domésticos, como engasgamento, afogamento e choques. “A maior causa de óbito neonatal é a ausência de pré-natal, esse fato desencadeia prematuridade, infecções neonatais, bebês com crescimento intrauterino inadequado, infecções por doenças sexualmente transmissíveis e malformações congênitas em geral. As síndromes genéticas são outros fatores que estão associados ao óbito. Temos que lembrar também dos acidentes domésticos, como engasgos, choques, afogamentos. Essas também são causas de óbito no primeiro ano de vida, em menores proporções”, explicou a médica.

De acordo com dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2018, 85,5% das mortes que acontecem na primeira infância são no primeiro ano de vida, devido à sensibilidade desta faixa etária. “Atualmente estamos defendendo a importância da intervenção do pediatra nos primeiros mil dias de vida do bebê, que compreendem o período desde a concepção até o final do segundo ano de vida”, destacou Samille Nogueira.

A Secretaria Municipal de Saúde (Semus) informou que, visando o bem-estar das gestantes, aplica várias práticas de ajuda e acompanhamento do público infantil após o nascimento e durante o período gestacional, objetivando impedir o baixo peso, fortalecendo o seu sistema imunológico e minimizando os riscos de mortalidade infantil. Um dos programas que segue estas condutas é a Rede Cegonha, que garante às gestantes exames, medicamentos, ultrassom e apoio psicológico às famílias. Além de focar na criança, p serviço também realiza ações que combatem o tabagismo nas mães (fator diretamente ligado ao índice de peso fetal). O objetivo do trabalho de assistência às crianças e às mães é facilitar o acesso aos atendimentos específicos recomendados durante o pré-natal, que devem ser realizados após a confirmação da gravidez. Além do amparo prático às mulheres grávidas, a Rede também apresenta um serviço voltado para impedir a gravidez indesejada.

Desnutrição

Uma das principais causas da morte na infância, a baixa do peso pode causar, inclusive, alterações psicológicas. Segundo a Fundação, Cerca de 9% dos bebês nascem com menos de 2,5 quilos, o que indica sinal de problemas nutricionais durante a gestação. De acordo com a pediatra, os bebês a termo, acima de 38 semanas de idade gestacional, precisam pesar pelo menos 2,5 kg para serem adequados, contudo, cada idade gestacional possui um peso adequado para o nascimento. De acordo, ainda, com os dados, para as crianças de até 5 anos, mais de 4% estão abaixo do peso recomendado, 7% estão acima.

A Médica ainda destaca que o recém-nascido desnutrido pode apresentar os seguintes sintomas:

- Baixo peso para a idade;

- Geralmente é pequeno/ baixa estatura para a idade, devido a perda de massa óssea ou alterações ósseas, especialmente por descalcificação e déficit de vitaminas;

- Perda de massa muscular;

- Déficit cognitivo e imunológico (está mais propício a adoecer);

- Pode apresentar anemias graves carenciais.

“É um grande desafio manter uma criança desnutrida viva especialmente no primeiro ano de vida pois ela leva a um consumo intenso do organismo como um todo. A nutrição inadequada da mãe, impossibilidade de aleitamento materno adequado, inadequação de introdução da alimentação complementar após os 6 meses de vida são uma das causas que podem levar ao baixo peso”, contou a pediatra. Segundo ela, a melhor forma de prevenção a desnutrição é a realização do pré-natal.

Pré-Natal

O pré-natal é o acompanhamento durante a gestação. De acordo com o Ministério da Saúde, A realização do pré-natal representa papel fundamental na prevenção e/ou detecção precoce de patologias tanto maternas como fetais, permitindo um desenvolvimento saudável do bebê e reduzindo os riscos da gestante. A pediatra ainda destaca:

“como forma de prevenir o baixo peso ao nascimento, entre outras medidas, devemos lembrar da importância do pré-natal adequado e támbém da nutrição pré-natal adequada. É importante informar e auxiliar a gestante de forma que ela entenda e garanta ao bebê recém-nascido o aleitamento materno exclusivo especialmente nos primeiros seis meses, assim como garantir a adição de alimentos complementares adequados e continuação da amamentação até os dois anos conforme orientação da sociedade brasileira de pediatria. É também fundamental que tenha um ambiente propício e acolhedor em casa para o desenvolvimento da afetividade. O bebê que cresce em um lar aconchegante, certamente alcançará a vida adulta com maior saúde física e mental”.

Saiba mais

Gravidez na adolescência

Os dados apresentados pela Fundação também mostram uma taxa de 14,48% de gravidez na adolescência. Apesar da taxa ser abaixo da média nacional, Samille Nogueira explica que essa gravidez pode trazer riscos:

“No caso da adolescência o risco se relaciona a imaturidade do organismo materno, muitas vezes ao fato da gestação ser indesejada fato que leva a mãe a não buscar atendimento de pré-natal precoce e adequado. Muitas vezes adolescentes tendem a ‘esconder’ a gestação, impossibilitando o seguimento adequado do feto em formação.

As adolescentes também possuem maior possibilidade de apresentarem problemas relacionados ao aumento da pressão arterial durante a gestação, além de trabalho de parto prematuro e anemias graves”.

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