Entrevista/Márcia Marques

Literatura para conectar gerações

São Luís da década de 1980 é o gancho da Série Chocrível, da escritora maranhense Márcia Marques para atrair leitores de todas as gerações

Atualizada em 11/10/2022 às 12h18
Márcia Marques usou referências da cidade para o seu livro
Márcia Marques usou referências da cidade para o seu livro (chocrível)

SÃO LUÍS- São Luís como contexto para uma narrativa de uma adolescente. Trata-se da Série Chocrível, da autora maranhense Márcia Marques, que conecta a geração dos anos 1980 com a do novo milênio. São livros para toda as idades (desde os pequeninhos até adolescentes) e um aplicado à realidade virtual. Já os adultos se encantam por todas as produções, já que a nostalgia é um elemento presente em todo o projeto A série surgiu a partir de um pedido da filha da autora, que queria entender e conhecer como foi a infância da mãe por meio dos diários da adolescência. O Estado conversou com Márcia Marques, para saber mais detalhes dessa iniciativa.

O livro tem São Luís como pano de fundo? Quais referências da cidade dos anos 1980 é possível perceber na obra?

Sim, a cidade de São Luís é o cenário da história da Garota Chocrível. O livro é uma série que irá sempre falar dos pontos turísticos da nossa cidade, entre outros lugares marcantes nos anos 80 e 90. No primeiro livro da série EU, Diário de uma Garota Chocrível, os lugares de São Luís falados nitidamente são a Rua Grande, Edifício Caiçara, o Colégio Marista, o Ginásio Costa Rodrigues e sobre as quadrilhas e Bumba meu boi. Outros ambientes frequentados pela personagem principal, Maia de Oliver, foram: Boates, Arraiais, outras escolas, praias, avenidas, sorveteria, igreja, Escola de Ballet, Clubes recreativos, Biblioteca, JEM’S, Palácio dos Leões, Shopping Center e um hotel da cidade, todos estes lugares não foram citados, claramente, os nomes, mas quem é ludovicense se sente parte da história por conhecer cada lugar comentado nessa obra maranhense.

O que da obra é inspirada em sua própria experiência de ser uma adolescente nos anos 1980?

Tudo, pois o livro é uma autobiografia onde a personagem retrata com muita emoção cada experiência vivida por mim na geração dos anos 80 e 90. É dado muita ênfase na relação com os pais e os avós, onde o respeito era muito valorizado. Por outro lado, as formas de punição severa aos jovens deixaram de ser praticadas e o diálogo aberto passou a fazer parte do convívio familiar. Minha maior experiência foi poder viver o tempo saboreando cada momento, pois hoje com a velocidade das informações o ritmo das coisas ficou tão acelerado que a sensação que tenho é que se deixa de viver as coisas mais simples como antigamente.

O que levou a inspiração da obra?

Foi um pedido da minha filha que sempre se encantou com as histórias contadas por mim de uma geração que viveu sem internet e sem a diversidade das plataformas de TV, mas que se divertiu muito com as brincadeiras de rua, quadrilhas, jogos escolares e carnavais inesquecíveis nos clubes da cidade.

O livro traz um dicionário maranhês, como surgiu a ideia? Demorou muito para elaborar?

A ideia do Dicionário Maranhês surgiu quando a Editora de São Paulo foi realizar as correções do livro e se deparou com uma quantidade enorme de palavras desconhecidas a eles. Na verdade, nem eu mesma sabia que falava tanto maranhês. Senti como se perdesse minha identidade se todas as palavras do nosso regionalismo fossem retiradas da obra, assim decidimos criar um dicionário para facilitar o entendimento dos leitores, já que o planejamento é divulgar para todo o Brasil. Por fim, todas as palavras destacadas pelo editor para correção passaram, automaticamente, a fazer parte do dicionário que agregou muito valor para nossa obra maranhense encantando os leitores. Tive apenas que traduzir cada palavra e me senti a vontade para acrescentar mais regionalismo à obra. A palavra que mais chamou atenção durante a correção do livro foi “banhar”. Descobri que é um verbo apenas conjugado pelos maranhenses.

Os anos 1980 são bem diferentes dos tempos de hoje, como foi contar a história para os adolescentes de hoje?

Muito legal! A curiosidade deles é saber como era um mundo sem celular e como as pessoas se curtiam através de cadernos de recordação que não permitiam dar “likes”. Uma conexão de amizade compartilhada que ultrapassou décadas e hoje fazem parte das redes sociais. Uma diferença interessante das épocas é que as paqueras antes eram presenciais e agora são digitais.

Você aproveitou a pandemia para escrever outra obra?

Na verdade, já estava escrevendo o terceiro livro da série e pretendo concluir até o fim do ano. Estou aproveitando para dar os últimos retoques no segundo livro que será lançado em 2021, e também me dedicando à divulgação nacional de toda a coleção CHOCRÍVEL, através da LC Agência de Assessoria de Imprensa. Os livros Chocrível Kids e Diário Chocrível foram lançados em 2019 com o apoio do SEBRAE MA e todo o projeto desenvolvido por empresas maranhenses com uma inovação tecnológica pioneira no Brasil. Um aplicativo de Realidade Aumentada foi criado para incentivar à leitura, atraindo as novas gerações a brincar e se divertir colecionando figurinhas virtuais e se conectando ao hábito inesquecível da geração dos anos 80 como nos álbuns autocolantes. Em breve uma HQ (História em Quadrinhos) desenhada por quadrinista maranhense dará cor à história Chocrível com imagens que retratam a nossa cidade. Os livros estão disponíveis para venda nas livrarias dos shoppings da cidade, na Amazon, e também estão como paradidáticos em cinco escolas de São Luís. A Coleção Chocrível é maranhense... é diferente... é chocrível. Essa gíria usada nos anos 80 e agora compartilhada com as novas gerações traz muita coisa legal que deixou saudades. Brinquedos como a mola maluca, o cubo mágico, ioiô, pião, peteca, entre outros. Uma geração que tinha mania de empinar “papagaio” na rua e que rebobinou muitas fitas cassetes, para ouvir no walkman as melhores bandas de rock e pop dos anos 80, isso tudo quando ainda nem sonhávamos com o Spotify.



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