SÃO LUÍS- Inspirado pela Literatura de Cordel e pela técnica de xilogravura, o artista visual ludovicense Romildo Rocha dedica sua arte à cultura e do cotidiano nordestino em ilustrações e murais, o artista busca aspectos da cultura e do cotidiano do nordestino, revelando os encantos regionais, como a quebradeira de coco, os sotaques do bumba meu boi, entre outros.

Para que essas figuras estejam em contato com suas inspirações, o artista escolheu as ruas e espaços públicos da cidade para expor murais e ilustrações. Embora não tenha contabilizado, deve ter em média cerca de 50 murais pela cidade, como na Casa do Tambor de Crioula, mas a grande maioria é no bairro onde mora, na Vila Embratel. “Eu desenho muito dentro do meu bairro, moro na Vila Embratel, aqui é um bairro pouco assistido pelo poder publico, e tem um esteriótipo de bairro violento. A ideia das pinturas é que a população consiga se relacionar mais com o bairro, as crianças consigam se identificar e se inspirar pra também começarem a produzir no tempo livre. Levar arte pra onde o acesso é quase zero”, conta.

No bairro, ele criou o projeto social Cores da Vila, realizado anualmente com o intuito de levar arte e assistência social, mas a proposta vai além da estética. “A comunidade já abraçou de uma forma que não desagarra mais. É uma marca na história do bairro e esse projeto só vai crescer! Os murais foram desenvolvidos por mim e artistas amigos que vem aqui contribuir. A missão não é só estética, mas criar a sensação de pertencimento dos moradores e criar uma memória afetiva bonita nas crianças ”, define o artista que reafirma a relação muito forte com a arte retratada nas ruas.

“A relação com a rua é mais forte, lá que moram as historias vivas... mas quando eu pintei lá nas palafitas da Vila Formosa (Favelart). Passou um pai com duas crianças e ele se arrepiou com o desenho que tinha feito. Ele mostrou o braço [ kkkkk ] achei massa demais, porque a gente sente que o que fazemos não é só estético, vai além”, relembra.

São Luís
Rocha tem a cidade como uma inspiração para sua arte. “São Luís sempre foi inspiração para os artistas, é fácil ser daqui e ter assunto pra abordar nas artes (músicas, poesias, desenhos…). Aqui a riqueza visual é enorme, não precisa inventar muita coisa não, só basta olhar pela janela que tem história pra contar”, observa.

Além da cidade, ele se inspira em outros artistas “Aqui no Maranhão tem muito artista fantástico, que não necessariamente nasceu em São Luís mas hoje reside... Mas na xilogravura tem o Airton Marinho que não canso de falar esse é o melhor gravurista nordestino que conheço (Meu mestre!). A Dila também me inspira. Passo horas viajando no trabalho dela. Outra coisa que me influencia muito é a música, estava ouvindo a música do Glad Azevedo ‘Ponteira’ e já peguei um papel pra riscar, (linda canção), eu costumo pensar que, ‘gostaria de desenhar como esses caras escrevem essas poesias musicais’.Enfim... tem tanto artista bom nessa cidade que se fosse escrever aqui tudo num acabava mais”, encerra.

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