Corrupção no RJ

Procurador nega "qualquer viés político" em ação contra Witzel

A denúncia atinge, além do governador e da sua esposa, ex-secretário Lucas Tristão, e o empresário Mário Peixoto, e dois supostos operadores

Agência Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19
(Witzel)

RIO DE JANEIRO - Coordenador da força-tarefa da Lava Jato no Rio, o procurador Eduardo El Hage, do Ministério Público Federal (MPF), rechaçou a alegação do governador Wilson Witzel (PSC) de que há uma motivação política por trás do seu afastamento.

"A peça está muito robusta, não tem qualquer viés político, como tenta desviar o governador Wilson Witzel. Foram encontrados inclusive e-mails que ele enviou com contratos do escritório da primeira-dama com pessoas citadas pelo colaborador", apontou o procurador.
El Hage alegou que, por haver a contemporaneidade dos fatos, a medida de afastar o governador, mesmo que por uma decisão monocrática, se tornou inevitável.

O procurador disse ainda que este foi um dia triste para o Rio, mas, "em face das provas encontradas", o MPF não poderia deixar de pedir o afastamento. "Depois de um governador quatro anos preso (Sérgio Cabral), outro governador também preso no curso do mandato (Luiz Fernando Pezão), esse governador (Witzel) praticar atos de corrupção e de lavagem de dinheiro é inadmissível. Por isso o MPF pediu sua preventiva, que foi negada pelo STJ."

Ao falar de Cabral, principal preso até hoje pela Lava Jato fluminense, El Hage disse ainda que se sentiu num "túnel do tempo", já que haveria indícios de práticas criminosas parecidas com a do ex-governador.

"Escritório de advocacia para desvio de recursos, utilização de transportadoras de valores. Também a existência de doleiros no Uruguai. Então, a operação de hoje nós nos vimos como num túnel do tempo, vendo velhos fatos, mas com outros personagens", comentou.

Centro - O escritório de advocacia de Helena Witzel, que não tem grande experiência no exercício da profissão, está no centro das investigações. Entre os contratos analisados, há três empresas controladas por Mário Peixoto, na Operação Favorito, em maio. Os serviços seriam, na verdade, fachada para lavar dinheiro.

O governador afastado Wilson Witzel e mais oito pessoas foram denunciadas pela PGR em razão de pagamentos feitos por empresas ligadas a Mário Peixoto, e pela empresa da família de Gothardo Lopes Netto ao escritório de advocacia da primeira-dama Helena Witzel.

O MPF informou que as contratações "foram um artifício para permitir a transferência indireta de valores" e apontou que a acusação foi apresentada uma vez que os "fatos já suficientemente comprovados".

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