Paralisação

Greve dos Correios já tem agenda definida de mobilização no Maranhão

Categoria, que protesta contra falta de proteção à Covid-19, quebra de acordo coletivo e possível privatização, fará campanha de doação de sangue

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19
Trabalhadores também cruzaram os braços no Maranhão em 2019 e doaram sangue à Hemomar
Trabalhadores também cruzaram os braços no Maranhão em 2019 e doaram sangue à Hemomar (correios hemomar)

SÃO LUÍS - Em greve desde a manhã de ontem (18), em adesão ao movimento nacional contra o que classificam como retirada de direitos da categoria, os trabalhadores Correios do Maranhão já definiram a primeira atividade da agenda de mobilização para os dias de paralisação. O ato inicial será a participação, na próxima sexta-feira (21), de uma campanha de doação de sangue em benefício da Centro de Hematologia e Hemoterapia do Maranhão (Hemomar).

Os funcionários dos Correios no Maranhão decidiram aderir à greve nacional da categoria em assembleia geral remota realizada na última segunda (17), por meio da plataforma meet. Cerca de 100 mil servidores da empresa participam do movimento, liderado pela Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas dos Correios e Similares (FENTECT).

Segundo dados do sindicato, são cerca de 1.500 trabalhadores dos Correios no Maranhão. A categoria resolveu cruzar os braços em protesto alegando falta de equipamentos para se protegerem do Covid-19 e outras medidas de prevenção, e quebra de cláusulas de um acordo coletivo com vigência até 2021, como pagamento de adicional de risco e de vale-alimentação. A paralisação também foi motivada pela possível paralisação da empresa, já cogitada pelo Governo Federal.

“Diante dos ataques sofridos, os trabalhadores revoltados com a postura da empresa e do governo, deram seu grito de não à retirada de direitos”, diz um trecho da nota publicada no site do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas dos Correios e Similares no Maranhão (SINTECT-MA). “Esse é um momento decisivo na luta dos trabalhadores pelos seus direitos, pela manutenção do acordo coletivo de trabalho da categoria da forma que está, sem retiradas ou perdas de direitos já conquistados em outros momentos e deixando claro que os direitos dos trabalhadores são inegociáveis”, diz outro trecho da nota.

Doação de sangue

A agenda de mobilização da greve dos Correios no estado teve sua primeira atividade definida. Os trabalhadores se unirão em uma campanha de doação de sangue, na próxima sexta-feira (21). “É uma causa nobre. Sabemos que há muitas pessoas nos hospitais da cidade que precisam, além da importância de o banco de sangue estar sempre com o seu estoque abastecido para as demandas que surgirem”, destacou a direção do sindicato.

A intenção da entidade é tornar a greve da categoria também um instrumento que leve os trabalhadores a reforçar a necessidade de se unirem, enquanto membros da sociedade, em um ato de bem maior, a fim de prestar solidariedade às necessidades dos outros, sobretudo neste momento de pandemia do novo coronavírus.
As doações de sangue acontecerão na manhã desta sexta-feira (21/08) das 10H às 11h, no Hemomar, situado no bairro Jordoa.
O SINTECT-MA solicitam aos trabalhadores que compareçam ao Hemomar utilizando algo que os identifique como servidores dos Correios (boné, camiseta, etc), façam fotos e enviem nos grupos do SINTECT-MA para divulgação da ação.

É o segundo ano consecutivo emque, durante a greve, o sindicato organiza essa ação junto aos trabalhadores. A entidade ressalta que é importante que os trabalhadores compareçam ao local de doações dentro do intervalo de tempo agendado, para evitar aglomerações e quaisquer outros transtornos.

Nota dos Correios

Por meio de nota, os Correios afirmaram que paralisação dos empregados dos Correios, iniciada no último dia 17 pelas representações sindicais da categoria, é parcial e não afeta os serviços de atendimento da estatal.

Levantamento parcial, realizado na manhã de ontem (18), mostrou que 83% do efetivo total dos Correios no Brasil está trabalhando regularmente. A empresa informou que já colocou em prática seu Plano de Continuidade de Negócios para minimizar os impactos à população.

Medidas como o deslocamento de empregados administrativos para auxiliar na operação, remanejamento de veículos e a realização de mutirões estão sendo adotadas.

Funcionamento – A rede de atendimento dos Correios está aberta em todo o país e os serviços, inclusive SEDEX e PAC, continuam sendo postados e entregues em todos os municípios.

Para mais informações, os clientes podem entrar em contato pelo telefone 0800 725 0100 ou pelo endereço https://apps2.correios.com.br/faleconosco/app/index.php

Negociação

Desde o início das negociações com as entidades sindicais, os Correios tiveram um objetivo primordial: cuidar da sustentabilidade financeira da empresa, a fim de retomar seu poder de investimento e sua estabilidade, para se proteger da crise financeira ocasionada pela pandemia.

Conforme amplamente divulgado, a diminuição de despesas prevista com as medidas de contenção em pauta é da ordem de R$ 600 milhões anuais. As reivindicações da Fentect, por sua vez, custariam aos cofres dos Correios quase R$ 1 bilhão no mesmo período - dez vezes o lucro obtido em 2019. Trata-se de uma proposta impossível de ser atendida.

Diversas comunicações inverídicas e descontextualizadas foram veiculadas, com o intuito apenas de provocar confusão nos empregados acerca dos termos da proposta. À empresa, coube trazer as reais informações ao seu efetivo: nenhum direito foi retirado, apenas foram adequados os benefícios que extrapolavam a CLT e outras legislações, de modo a alinhar a estatal ao que é praticado no mercado.

Os trabalhadores continuam tendo acesso ao benefício do Auxílio-creche, para dependentes com até 5 anos de idade. Os tíquetes refeição e alimentação também continuam sendo pagos, conforme previsto na legislação que rege o tema, sendo as quantidades adequadas aos dias úteis no mês, de acordo com a jornada de cada empregado: 22 tíquetes para quem trabalha de segunda a sexta-feira e 26 tíquetes para os empregados que trabalham inclusive aos sábados ou domingos.

Estão mantidos ainda - aos empregados das áreas de Distribuição/Coleta, Tratamento e Atendimento -, os respectivos adicionais.

Vale ressaltar que, dentre as medidas adotadas para proteger o efetivo durante a pandemia, a empresa redirecionou empregados classificados como grupo de risco para o trabalho remoto - bem como aqueles que coabitam com pessoas nessas condições –, sem qualquer perda salarial.

Respaldados por orientação da Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (SEST), bem como por diretrizes do Ministério da Economia, os Correios se veem obrigados a zelar pelo reequilíbrio do caixa financeiro da empresa. Em parte, isso significa repensar a concessão de benefícios que extrapolem a prática de mercado e a legislação vigente. Assim, a estatal persegue dois grandes objetivos: a sustentabilidade da empresa e a manutenção dos empregos de todos.

É importante lembrar que um movimento paredista agrava ainda mais a debilitada situação econômica da estatal. Diante deste cenário, a instituição confia no compromisso e responsabilidade de seus empregados com a sociedade e com o país, para trazer o mínimo de prejuízo possível para a população, especialmente neste momento de pandemia, em que a atuação dos Correios é ainda mais essencial para o Brasil.

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