Artigo

Caminhos da vida

Aldy Mello, Ex-reitor da UFMA e do CEUMA, fundador da ALL e membro efetivo do IHGM

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19

Como prodígio, a vida não é tão curta como se diz através dos tempos. Para alguns ela é sempre um encargo repleto de dores e angústias - um pesadelo. A vida se torna longa, viver é um drama cercado de problemas. Para outros, ela é um dom, uma alegria perene que merece ser vivida plenamente. Ela é tão curta e se tem muito pouco tempo para viver. Ninguém tem vida sem ser antes concebido e depois nascido. Tudo começa com o nascimento que é o primeiro encontro com o mundo real. É quando se concretiza o direito fundamental de nascer.

Sendo o nascimento a origem da vida no mundo, o ser humano como ser biológico, nasce, cresce e morre, acompanhando a evolução das espécies. Na trajetória da vida, seguimos as etapas de mudanças como criança, adolescente, adulto, alcançando a velhice. A infância que vai até o início da pré-adolescência é a fase em que ocorrem fenômenos como a mudança de comportamento e a formação da personalidade. Não é à toa que se diz que a infância é o melhor capital da sociedade humana porque a criança é sempre uma fonte de novo conhecimento. A adolescência é quando o ser humano se encontra com o processo de socialização. É quando o jovem faz suas escolhas e descobre o mundo em que vive. Começa nessa fase da vida a compreensão humana sobre o homem e as coisas do seu mundo. Com a puberdade ocorrem as mudanças físicas, a capacidade reflexiva se inicia, dando início à maturidade. Surgem as ideias de independência cujo gosto descoberto perdura por toda a juventude.

É durante o período de nossa vida que fazemos as nossas escolhas, buscamos os nossos sonhos e alcançamos a maternidade ou paternidade. Finalmente alcançamos a velhice, cujo processo traz consequências preocupantes. Para muitos a velhice é uma aproximação com o fim da existência. Esta não é uma verdade absoluta. O fim da existência humana é a morte que pode ocorrer em qualquer fase da vida. Para morrer não precisamos estar velhos. Os jovens também morrem.

Nos dias atuais somos beneficiados pelos avanços científicos que levam à longevidade. Mudou-se a terminologia e passou-se a chamar idoso em vez de velho. Surgiu a filosofia da terceira idade, uma forma de valorizar mais o processo de envelhecimento. Com todos os exageros e suas fórmulas estabelecidas a terceira idade tem contribuído muito para a renovação dos papéis sociais, das perspectivas e sentimentos sobre o processo de envelhecimento. Como um apêndice posto na categoria identitária chamada velhice tem muito valorizado o processo com o apoio da publicidade comercial. Dela se soube muito bem tirar proveito, com a promessa de uma qualidade de vida melhor que a simples vida. É preferido ser idoso a ser velho e foram os idosos que mais aplaudiram a terceira idade que passou a ser um orgulho dos que atualmente vivem mais o passado do que o presente. Foi a partir daí que surgiu o termo melhor idade.

A vida tem seus caminhos. Nascemos, crescemos, amadurecemos e envelhecemos sem dispensar as circunstâncias que nos cercam e o papel que exercemos perante a sociedade e perante nós mesmos. Se na infância ainda não tínhamos o verdadeiro sentido da vida, na adolescência tínhamos a certeza de atingirmos a maturidade. Não obstante os conflitos da adolescência e o ardente desejo de nos vermos como adultos é nessa fase de vida que descobrimos quem somos, o que queremos e para onde vamos.

A vida é um dom. Vivê-la com sabedoria é uma arte de quem a tem. Cada período da vida tem seu perfil e exige de nós uma forma diferente de enfrentamento, maneiras de viver, sem a ilusão dos milagres e os apegos à magia. Para se viver a vida plenamente não é preciso truque.

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