Teatro

As muitas faces das mulheres artistas

Atriz e pesquisador Gisele Vasconcelos prepara espetáculo solo sobre enfrentamentos femininos na vida e na arte

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19
Cena do espetáculo
Cena do espetáculo (a vagabunda)

SÃO LUÍS- O grupo maranhense Xama Teatro está com um novo projeto. Trata-se da peça “A Vagabunda - Revista de uma mulher só”, que tem concepção e atuação da atriz, professora e pesquisadora Gisele Vasconcelos que propôs a encenação a partir do seu estágio de pós-doutorado na Unirio no qual analisa processos investigativos de criação teatral. A produção está em financiamento coletivo no site Catarse até o dia 28 de setembro (https://www.catarse.me/revista_de_uma_mulher_so). A meta é alcançar R$ 30 mil que serão usados para a montagem do espetáculo e podem ser feitas doações de qualquer valor.

Gisele Vasconcelos explica que a peça, na qual ela está sozinha no palco mas com uma equipe plural como suporte, é uma homenagem às mulheres artistas do passado. “Sou uma artista, professora de teatro e pesquisadora, mas para que eu conseguisse trilhar essa trajetória muitas mulheres vieram antes de mim, mulheres artistas que possibilitaram que eu pudesse me dedicar a tudo o que faço. Tudo porque muitas vieram antes e lutaram muito, isso que queremos levantar nesse espetáculo”, diz a atriz que pela primeira vez faz um espetáculo solo.

O tema surgiu a partir do romance homônimo, da escritora, jornalista, ativista e atriz francesa de music hall, Gabrielle Colette. Ela conta que a leitura da obra foi o impulso inicial para definir o tema central: os enfrentamentos da mulher artista na vida e na arte. “A manifestação da vedete no teatro aponta ações de enfrentamento e significações do corpo em cena, na primeira metade do século XX e contribui para a discussão de temas atuais como o engajamento político, problemas sociais, de gênero, marginalização das artes, feminismo e a liberdade de expressão”, destaca Gisele Vasconcelos que é professora da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e pesquisadora integrante do grupo Xama Teatro.

A peça em como inspiração o teatro de revista, musicais burlesco, com dramaturgia híbrida e encenação contemporânea que mescla realidade e ficção. Gisele Vasconcelos explica que o texto, a princípio, foi uma colagem das histórias das artistas das quais a equipe queria falar, mas que no fim, todas foram condensadas em uma personagem só, a Gigi. “Em cena, as passagens são sutis e o público não vai ter essa noção muito clara de quando será a personagem, quando serei eu mesma, quando será uma bruxa, uma artista, por exemplo”, adianta Gisele Vasconcelos.

Ela explica que “A Vagabunda” foi proposta para seu para o seu estágio de pós-doutorado, iniciado em 2019 e com término para setembro de 2020. O projeto analisa processos investigativos de criação teatral a partir de três eixos: investigação documental em espaços de pesquisa e informação no Rio de Janeiro; discussão teórica acerca do teor político próprio do teatro do presente; participação e análise do processo criativo do grupo Xama Teatro, na montagem e apresentação de “A Vagabunda”.

A montagem estava em processo de ensaio quando a pandemia da Covid-19 chegou e interrompeu os trabalhos iniciados na primeira semana de março com a atriz e a encenadora Nicolle Machado. “Foi preciso rapidamente reorganizar um novo modo de criação. O medo de perder o que já tínhamos conquistado em salas de ensaio era grande, mas rápido o medo se transformou em coragem, a criação dramatúrgica foi iniciada de forma remota em processo de isolamento, por meio das redes sociais e aplicativos de reuniões”, relembra a dramaturga Nicolle Machado.

Neste sentido, a quarentena permitiu levar mais pessoas para o processo e, assim, elas se conectaram com o dramaturgo maranhense Igor Nascimento e a dramaturga argentina Nádia Ethel que, juntos, encontraram um novo espetáculo. “O mais importante, é que a equipe descobriu como essa sala virtual de criação orientada por um procedimento e como a sala de ensaio transformada em estúdio de gravação com tomadas ao vivo, pode proporcionar a continuidade do processo de montagem e chamar ainda mais profissionais para somar conosco, priorizando a formação de uma equipe técnica com mais de 70% de artistas mulheres em suas diversas funções artísticas”, festeja a atriz ressaltando que as composições do espetáculo são obra autoral da maranhense Didã.

A expectativa é de estrear presencialmente, se for seguro, no dia 10 de outubro. Ela explica que o momento atual é de montar as cenas pois já estão definidos o textos, a música e proposta de atuação e, agora, o momento de confecção cenário, figurino, produção musical; “Por isso a abertura do financiamento coletivo neste momento”, frisa Gisele Vasconcelos.

Saiba Mais

O grupo Xama Teatro tem tradição de espetáculos de repertório. Contemplado em premiações locais e nacionais, obteve aprovação em projetos de circulação e em leis de incentivo estadual e federal que propiciaram a montagem e circulação de seus espetáculos por importantes rotas de acesso à cultura teatral, com apresentações por mais de 30 municípios maranhenses, 26 estados brasileiros e Distrito Federal. “A Carroça é Nossa”, por exemplo, completa, em 2020, 15 anos de ativa participação na cena local e nacional, em importantes projetos como Palco Giratório e Petrobrás Cultural.

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