Editorial

A vacina russa "Sputnik V"

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19

A Rússia pode ter “queimado a largada” na corrida mundial para a descoberta da vacina contra a Covid-19 ao anunciar ontem, 11, que o imunizante vai estar disponível para a sua população em outubro, mesmo sob a desconfiança de renomados especialistas internacionais sobre sua eficácia, já que o país possa tê-la desenvolvido de forma apressada. Portanto, resta esperar e torcer para que a vacina russa ‘seja eficiente.

O anúncio do presidente russo Vladimir Putin foi um dos assuntos mais comentados nesta terça-feira em todo o mundo e, principalmente, pela comunidade científica. É o primeiro país do mundo a homologar um imunizante contra o novo coronavírus. A eficácia da fórmula foi desenvolvida pelo Instituto Nikolai Gamaleia em parceria com o Ministério da Defesa russo.

O governo garante que a vacina não traz riscos e que, embora os testes não tenham sido concluídos, já é possível garantir sua eficácia e segurança de acordo com o ministro da Saúde da Rússia, Mikhail Murashko. No momento, há mais de 120 vacinas propostas por cientistas do mundo todo, das quais seis estão em fase 3, a última etapa de testes em humanos antes da aprovação.

O comunicado russo ao mundo fez lembrar a corrida espacial entre os Estados Unidos e a União Soviética, iniciada em 1957, pela conquista da órbita terrestre. O objetivo era desenvolver tecnologia que permitisse a construção da primeira aeronave espacial tripulada em órbita e a chegada do homem à Lua. E não foi à toa que a vacina foi batizada de "Sputnik V", em referência ao satélite soviético.

Analistas dizem que o presidente Putin viu a busca pela vacina - um motivo de orgulho nacional e competição em escala global, com laboratórios nos Estados Unidos, Europa e China, e outros lugares também em busca de uma vacina em potencial. De acordo com Kirill Dmitriev, CEO do Fundo Russo de Investimentos Diretos, Moscou vê o sucesso da Rússia em se tornar o primeiro país do mundo a aprovar uma vacina. Ele informou ainda que o país já recebeu pedidos de mais de 20 países para a produção de 1 bilhão de doses do seu imunizante recém-registrado.

Ao liderar a corrida das vacinas contra a Covid a Rússia quer mostrar ao mundo uma maior influência geopolítica, ou seja, evitar parecer dependente das potências ocidentais, com as quais as relações são historicamente ruins.

Em julho, autoridades de segurança dos Estados Unidos, Reino Unido, Canadá acusaram hackers ligados a um serviço de inteligência russo de tentar roubar informações de pesquisas que trabalhavam para produzir vacinas contra o coronavírus nesses países. Autoridades russas negaram isso e consideraram a acusação internacional como um fato político.

No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa, autorizou a aplicação de uma dose de reforço para os voluntários dos testes da vacina da Universidade de Oxford, além da ampliação da faixa etária dos voluntários - que agora vai de 18 a 69 anos. A segunda dose será ministrada nas pessoas que já haviam sido vacinadas e também às que ainda vão entrar para o estudo. O imunizante está na fase 3 de testes, como possível proteção contra a Covid-19. O intervalo para a segunda dose dos participantes voluntários deve ser de quatro semanas. Para os voluntários que já passaram pelo estudo, o reforço deve ser aplicado no prazo de quatro a seis semanas.


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