Após o Brasil ultrapassar as 100 mil mortes pela covid-19, no sábado, o governo Jair Bolsonaro enviou a parlamentares relatório em que cita governadores e prefeitos de locais com o maior número de novos óbitos e novos casos da doença. Ao tentar se eximir das críticas pela condução do enfrentamento do coronavírus, o presidente tem atribuído a responsabilidade do avanço da pandemia a gestores de Estados e municípios.
O documento enviado a congressistas por meio de um aplicativo de mensagem é assinado pela Secretaria Especial de Assuntos Federativos, subordinada ao ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, e usa dados do Ministério da Saúde. O relatório interno, ao qual o Estadão teve acesso, cita os cinco governadores de Estados com mais mortes e novos casos. A lista de prefeitos é feita com base apenas no número de diagnósticos da doença.
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), aparece no topo das listas de números de casos e de óbitos. O Estado ultrapassou 600 mil infectados e 25 mil mortes. Doria é adversário político de Bolsonaro e, durante a pandemia, os dois intensificaram a troca de ataques.
Outros quatro governadores são mencionados: Eduardo Leite (PSDB), do Rio Grande do Sul; Rui Costa (PT), da Bahia; Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, e Carlos Moisés (PSL), de Santa Catarina. Na relação de mais mortes por covid, após Doria, aparecem Zema, Leite, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), e Costa.
Na lista de municípios com mais casos são citados os prefeitos de São Paulo, Bruno Covas (PSDB); do Rio, Marcelo Crivella (PRB); de Salvador, ACM Neto (DEM); e de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT). O Distrito Federal aparece em segundo, mas o nome do governador Ibaneis Rocha (MDB) não é destacado.
Em nota, a Secretaria Especial de Assuntos Federativos disse que o documento tem "o objetivo de monitorar a disseminação da covid-19 nos entes federativos para auxiliar na articulação do governo federal". Mas não esclareceu por que foram mencionados nomes de governadores e prefeitos.
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