Impasse

Covid-19: Medo de contágio ainda ronda a volta às aulas na Grande São Luís

Após reabertura de algumas escolas, colaboradores de duas instituições testaram positivo para a doença; MPMA pede pronunciamento da SES sobre volta às aulas

Kethlen Mata/ O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19
Aulas presenciais de escolas privadas tiveram de ser suspensas por causa da Covid-19
Aulas presenciais de escolas privadas tiveram de ser suspensas por causa da Covid-19 (sem aulas)

São Luís – A volta às aulas para escolas da rede privada foi anunciada para o último dia 3 de agosto, no entanto, algumas nem chegaram a retomá-las nesse dia. Neste domingo, 9, uma escola particular, localizada no bairro Renascença, suspendeu o retorno das aulas presenciais, pois, uma colaboradora da instituição testou positivo para o novo coronavírus. Segundo a escola, a funcionária é assintomática e já está em isolamento domiciliar. Por enquanto, aulas seguirão no modelo remoto.

De acordo com a Secretaria de Estado da Educação (Seduc), o Decreto Nº 35.897, de 30 de junho de 2020, determina que para o retorno às atividades presenciais, todas as unidades escolares, sejam elas das redes estadual, municipais ou privadas, precisam formar uma Comissão de Saúde que deverá contar com a participação de todos os segmentos da comunidade educacional e que, no caso das redes municipais e particulares, cada uma é responsável pela elaboração de seus protocolos, sejam pedagógicos, sanitários e de biossegurança.

A escola localizada no bairro Renascença, esclareceu para O Estado, que sua posição foi ética. “Responsabilidade e total transparência para com pais, alunos e corpo docente. Tão logo soubemos do caso, seguimos o protocolo de biossegurança que foi elaborado por uma médica infectologista e alinhado com as orientações da OMS e Governo do Estado. A colaboradora e pessoas próximas foram isoladas, e as aulas do segmento suspensas”, afirmou a instituição, em nota.

A escola afirmou ainda, que já havia planejado de forma ampla o cenário geral e, em seu protocolo, que foi desenvolvido sob consultoria de uma médica infectologista, tendo seguido os procedimentos previamente estabelecidos, com total transparência. “Esse é um processo de monitoramento contínuo, sempre priorizando a segurança, saúde e bem-estar de todos. O novo cronograma de retorno presencial do segmento suspenso será oficialmente comunicado às famílias. A escola está preparada para gerenciar essa questão”.

Hora certa?
O professor Antônio Augusto de Moura da Silva, do Departamento de Saúde Pública da UFMA, explica que os critérios técnicos para o retorno das aulas são: 1) transmissão comunitária baixa; 2) capacidade de identificar e bloquear surtos e 3) adaptação do ambiente escolar para o novo normal.

Segundo ele, aulas foram retomadas antes que essas três condições estivessem presentes. “Corremos risco de surtos nas escolas que possam reacelerar a transmissão da Covid-19”, ressalta.

“A transmissão comunitária na ilha e no continente ainda não está baixa: a taxa de transmissão permanece em torno de 1 e ela precisa ficar abaixo de 1 por pelo menos um mês. Não há disponibilidade de exame molecular PCR para casos leves na rede pública. Apenas o critério 3 está cumprido pelas escolas particulares. Os outros dois pontos não dependem das escolas”, finaliza o professor.

Alunos
A pedagoga, Catarina Sobral, disse que não achou a medida precipitada. Suas duas filhas estudam na escola particular que anunciou a suspensão nesse domingo, 9. “No momento, tudo será por tentativa, pois ninguém conhece e nem sabe ao certo tudo sobre o vírus. Nós vamos nos adaptando e aguardando a vacina, precisamos sobreviver e aprender a conviver com essa realidade, precisamos trabalhar e estudar”, frisa Catarina. Ela diz ainda, que se sente insegura com toda a situação, mas trabalha o seu psicológico para não ter crises de ansiedade.

Outra escola privada, localizada no bairro João Paulo, suspendeu a retomada presencial na semana passada, após um colaborador testar positivo para coronavírus, porém, segundo informação extraoficial, a instituição já retornou normalmente, e segue adotando as medidas de segurança.

Um aluno que não quis se identificar, acredita que o pior já passou, e que está na hora das aulas retornarem presencialmente. “Na minha sala não tem muita gente que não apoia a volta às aulas, porque realmente, online é muito ruim, não tem nem comparação. E a escola vai seguir as normas. A cada dois horários a gente vai sair da sala, passar álcool em gel, trocar a máscara de proteção”, comenta.

Outro ponto levantado pelo aluno, é que no modelo online, muitos alunos acabam se distraindo mais facilmente. “Eu vejo aula no computador, mas com o celular do lado todo o tempo, e chega mensagem eu já estou respondendo. Presencial não tem como fazer isso”, completa.

O Estado entrou em contato com o Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado do Maranhão (Sinepe-MA), para saber a posição do órgão em relação aos acontecimentos nas duas escolas, mas até o fechamento desta edição, não obteve retorno.

SAIBA MAIS

Reunião Virtual

Promotores de justiça da área da Educação, Saúde e Infância e Juventude, entidades representativas de estabelecimentos de ensino e de pais e alunos e representantes de órgãos de defesa do consumidor participaram, na manhã da última quinta-feira, 6, de uma audiência virtual para discutir questões relacionadas ao retorno presencial das aulas na rede privada de ensino.

A audiência foi solicitada pela Associação dos Pais e Alunos de Instituições de Ensino do Estado do Maranhão (Aspa), que reclamou da falta de participação dos pais de alunos nas decisões relativas à retomada das aulas presenciais.

Na ocasião, o presidente da Associação dos Pais e Alunos de Instituições de Ensino do Estado do Maranhão (Aspa), Marcello de Freitas Costa, reclamou da ausência de representatividade dos pais nas discussões relativas ao retorno das aulas nas escolas particulares. “No meio de uma pandemia, quando a gente imaginava que os pais seriam ouvidos, não tivemos participação nas deliberações, o que coloca a nossa saúde e a de nossos filhos em risco”.

Pronunciamento
No dia seguinte a audiência virtual, no dia 7, promotores de justiça das áreas de Saúde, Educação e Proteção ao Idoso e à Pessoa com Deficiência encaminharam ofício conjunto à Secretaria de Estado da Saúde do Maranhão (SES) solicitando um pronunciamento sobre a volta às aulas presenciais.

No ofício, o MPMA pede que, no prazo de cinco dias, o Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública (COE Covid 19) e a Comissão de Infectologia da SES/MA detalhem critérios sanitários que devem viabilizar a retomada segura das aulas presenciais nas instituições de ensino, públicas e privadas, em território maranhense.

Caso seja possível a retomada responsável das atividades educacionais presencialmente, deve ser formulado um protocolo sanitário uniforme único, que contemple todas as instituições de ensino do estado, públicas e privadas, e seja aplicável aos alunos da educação especial.

Estudando em casa

Sabendo que planejamento e organização são essenciais nessa nova fase de homeschooling, quando as aulas voltaram a ser remotas para aqueles que já a tinham presenciais, algumas dicas pedagógicas de como os alunos podem se organizar na rotina de estudos em casa, podem ajudar os estudantes, ressaltando que orientações como estas podem – e devem - fazer parte da rotina dos alunos o ano todo.

Abaixo, seguem algumas das dicas oferecidas pela coordenadora pedagógica Paula Lima Lotto.

  • Selecione um ambiente para os estudos. O ideal é que o local seja tranquilo, livre da interferência de ruídos ou barulhos e bem arejado;
  • Estabeleça um horário de estudo diário (revisão do que foi proposto em aula);
  • Se possível, escolha o mesmo horário para iniciar os estudos em todos os dias da semana. A ideia é agir como se estivesse indo para as aula presenciais, ou seja, na escola. Assim, logo o estudante se habituará à nova rotina;
  • Realize as tarefas e trabalhos continuamente, não deixando para o “dia seguinte” ou “para a véspera”;
  • Anote e tire as dúvidas da aula aprendida no mesmo momento com os Professores e lembre-se de que a dúvida de um aluno pode ser a dúvida de outro, o que gera, neste momento, troca e interação;
  • Aproveite ao máximo os vídeos disponíveis nas plataformas online. Utilize-os como material de apoio nos estudos e reveja cada um deles sempre que achar necessário;
  • Verifique as correções das atividades e procure entender por qual motivo os erros aconteceram. Ao fazer o “diagnóstico” e revisar a atividade, é possível assimilar o conteúdo mais facilmente;
  • Caso o estudante se sinta mais à vontade, vale recorrer a um colega para tirar determinadas dúvidas – a proximidade de linguagem e a amizade podem ajudar no entendimento de tópicos mais complicados;
  • Cada estudante deve tentar descobrir qual a forma mais simples de assimilar os temas de cada disciplina. Alguns têm mais facilidade de entender apenas lendo os conceitos, outros precisam escrever a respeito, há aqueles que precisam montar mapas mentais e daí por diante.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.